Entrevista

Senador defende análise de pedidos de impeachment contra ministros do STF e contra Bolsonaro: ''limpeza geral''

Para Lasier Martins, o Senado vem sendo ''omisso'', em meio à crise política no País

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Cadastrado por

Cássio Oliveira

Publicado em 08/09/2021 às 11:10 | Atualizado em 08/09/2021 às 12:56
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O senador Lasier Martins (Podemos-RS) disse, na manhã desta quarta-feira (8), que o Senado Federal é ''omisso'' em relação à crise política pela qual o país passa. De acordo com Lasier, deveriam ser analisados pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), assim como os pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. No caso do presidente, essa análise precisa ter início na Câmara dos Deputados. 

"O Senado está omisso, as sessões de hoje e amanhã, por exemplo, foram canceladas, pois o presidente (Rodrigo Pacheco) entendeu ser arriscado, que muitos manifestantes ainda estão acampados na Esplanada e havia risco aos servidores. Ele vai esperar que se baixe a poeira e ver o que faz, mas as omissões vem de longe, a crise se acentua, se agrava entre as instituições", afirmou Lasier em entrevista à Rádio Jornal

Os manifestantes seguem em Brasília após os atos do 7 de Setembro. Em todo o país, manifestações pró e contra o governo federal foram realizadas. O presidente da República, Jair Bolsonaro, participou de atos políticos no feriado, em Brasília e em São Paulo. Em dois discursos, pela manhã na Esplanada dos Ministérios, na capital federal, e à tarde na Avenida Paulista, o presidente voltou a questionar a confiabilidade das eleições em urnas eletrônicas e afirmou que não vai obedecer determinações judiciais do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Na visão do senador Lasier Martins, a crise chega a seu ápice neste momento, mas teve início ainda em 2019, a partir de decisões do STF. "A instabilidade não ocorre pelos últimos acontecimentos. A crise vem de longe. Quando Bolsonaro assumiu, quis fazer o próprio ministério, conforme seu gosto e vontade, mas começou a enfrentar divergências com pessoas como Mandetta e Moro. A mudança de comando da Polícia Federal foi o primeiro conflito com o Supremo, que não deixou o presidente fazer a alteração que ele queria. Dali em diante, as extrapolações do Supremo se sucederam e se enfatizaram quando criaram o famoso inquérito ilegal das fake news, sem respaldo legal", comentou.

Manifestações

Sobre as manifestações dessa terça-feira, Lasier disse que Bolsonaro conseguiu o objetivo de demonstrar ter forte apoio popular e, assim, dificultar uma eventual análise de pedido de impeachment. "Bolsonaro conseguiu o que pretendia, a foto. Jamais vi multidão tão grande, ele tem muita gente apoiando ele. Mas, ele tinha nada de chamar Alexandre de Moraes de canalha, provoca seus colegas do Supremo, que se reúnem nesta tarde. Além de partidos como MDB, PSDB e PSD, que vão resolver se pedem impeachment", disse o senador.

Bolsonaro afirmou que não cumprirá decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF, a quem chamou de “canalha”. Deu a declaração em manifestação pró-governo na avenida Paulista, em São Paulo. “Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas, turve a nossa democracia e ameace nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Ou melhor acabou o tempo dele”, disse o presidente. “Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixa de censurar o seu povo”, afirmou.

Lasier disse que Bolsonaro erra ao afirmar que não cumprirá decisões do ministro. "Ele deveria ter dito que não cumpriria decisões inconstitucionais, mas lhe falta habilidade verbal". 

O senador ainda destacou que o presidente do Senado deveria ter ouvido o colegiado quando decidiu arquivar o pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes. "Abriu caminho para que o Supremo deite e role. O Senado tem sido omisso desde Davi Alcolumbre. As instituições estão mal posicionadas. O STF é, hoje, um tribunal ideológico, político, onde predominam nomeações do PT, o Supremo faz campanha para derrubar Bolsonaro, mas estará exaltando a campanha e a vitória de Lula, há inúmeras pontas sérias nessa problemática, pois há uma multidão que não abre mão do apoio a Bolsonaro. Se provocar essa multidão, esse país verá violência, agressões", salientou Lasier.

Por fim, o senador deu como solução discutir, ao mesmo tempo, o pedido de impeachment contra "dois ou três ministros" do STF, que, segundo ele, extrapolam a Constituição, e analisar o impeachment contra Bolsonaro, fazendo uma "limpeza geral". 

Líder do partido de Lasier, o senador Álvaro Dias (PR), afirmou que “Bolsonaro faz ameaça golpista a STF em ato com milhares em Brasília”. Ele disse, ainda, que Bolsonaro "em discurso na Av. Paulista avisa que não respeitará mais decisões do Supremo Tribunal Federal. E a pregação da anarquia."

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