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Em ato de filiação ao PSB, Tabata Amaral critica Bolsonaro e afirma que este "é o pior momento da Educação nos últimos 20 anos"

O ato de filiação da deputada federal Tabata Amaral, em Brasília, contou com a presença do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e do prefeito do Recife, João Campos

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Mirella Araújo

Publicado em 21/09/2021 às 17:04 | Atualizado em 21/09/2021 às 17:10
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Na presença do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e do prefeito do Recife, João Campos, a deputada federal Tabata Amaral oficializou na manhã desta terça-feira (21), sua filiação ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Em sua fala, a parlamentar destacou sua trajetória como ativista pela Educação e fez duras críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que está em Nova York para participar da Assembleia da ONU.

“Hoje, Bolsonaro fez uma fala completamente descolada da nossa realidade, falando de uma família tradicional, que infelizmente a gente sabe que ele diz isso para negar o que é o nosso povo, que é um povo vibrante, um povo diverso e nesse sentido são os movimentos do PSB que nos ajudam a colocar na pauta principal, a pauta da diversidade”, afirmou Tabata, referindo-se ao discurso de Bolsonaro em que fiz que no Brasil há um presidente que “acredita em Deus” e que tem defendido a “família tradicional”

“Porque não existe democracia sem inclusão, sem diversidade. O nosso país jamais vai ser justo, a nossa democracia jamais vai ser forte, enquanto a gente não olhar para o Congresso Nacional e não ver ali a população brasileira, com mulheres, negros, pessoas LGBTQIA+, pessoas com deficiência, porque esse é o povo brasileiro”, discursou a recém filiada ao PSB.

Tabata afirmou ainda que o presidente é responsável por diversos retrocessos que ocorrem no país em diversos segmentos. “Esse é o pior momento da educação dos últimos 20 anos. Ele é responsável por esse descaso com o meio ambiente, pela fome e por tantas mortes que poderiam ter sido evitadas. E vamos precisar de muita coragem e muito diálogo para fazer o enfrentamento a esse governo”, complementou.


 

O governador de Pernambuco e vice-presidente nacional do PSB, Paulo Câmara, ao parabenizar Tabata Amaral por ingressar ao partido, também fez um discurso em tom crítico ao governo federal. “O que estamos vendo no Brasil hoje, é a destruição rapidamente da esperança do nosso povo e de políticas públicas que cheguem a todos. Nosso partido tem essa responsabilidade de chegar àquilo que mais precisa, sua luta em favor das mulheres, e contra qualquer tipo de descriminação. Estamos hoje muito felizes porque você representa aquilo que queremos para um futuro melhor, de resistência, unidade e respeito às instituições e lutar incansavelmente por um país mais justo”, disse o gestor.

Durante a realização do ato, que foi transmitido ao vivo nas redes sociais da parlamentar e do partido, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, destacou a importância de quadros como Tabata, o deputado federal Marcelo Freixo e o governador do Maranhão, Flávio Dino, estarem ingressando na legenda.

“O nosso partido tem amplitude de poder ter um operário ou um empresário, de ter pessoas de todas as classes sociais, de todas as religiões, de todas as orientações sexuais. Somos um partido da inclusão, que tem a alegria de receber a ilustre deputada. Esse momento nos alegra e nos deixa felizes”, disse o dirigente.

O prefeito do Recife, João Campos, namorado de Tabata, enalteceu sua trajetória de vida e política, afirmando que filiar a parlamentar é considerado um motivo de vitória para o partido. “Nada é por acaso, na semana do centenário de Paulo Freire a gente tem a oportunidade de ver o PSB focando dentro do seus quadros, fazendo uma aposta com a filiação de Tabata. Eu aqui poderia falar muito sobre Tabata, mas tenho certeza que algumas marcas dela são muito fortes. Nunca vi Tabata pensar em desistir de nada em cima do que ela acredita. A palavra desistir não faz parte do seu vocabulário”, declarou Campos.

 

BANCADA

Líder do PSB na Câmara, o deputado federal Danilo Cabral, discursou em nome da bancada socialista, fazendo menção a trajetória do educador e filósofo recifense Paulo Freire. “A população brasileira e a classe política identificam hoje, no PSB, uma alternativa e um caminho para a construção de um Brasil diferente, mais justo, mais democrático, mais fraterno. Um Brasil que respeite o cidadão e faça a entrega. Nós somos fios condutores da história, que começou lá atrás com Paulo Freire, que veio com (Miguel) Arraes, com Eduardo (Campos), como Ariano (Suassuna) e tanta gente que está aqui, que precisam mais do que nunca de pessoas como você no partido”, disse Cabral.

Com o ingresso de Tabata, a bancada federal do PSB passa a contar com 31 parlamentares. O curioso é que a parlamentar saiu do PDT após o imbróglio gerado por seu voto favorável à reforma da Previdência. Já o PSB, que havia fechado questão contra a PEC, chegou a expulsar o deputado federal Átila Lira e punir outros oito parlamentares, por também terem votado a favor da reforma.

Também estiveram presentes no ato de filiação, o presidente da Fundação João Mangabeira e pré-candidato ao governo de São Paulo, Márcio França; o governador do Maranhão, Flavio Dino; o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande; além de outras lideranças socialistas. Os deputados federais de Pernambuco, André de Paula (PSD), Raul Henry (MDB), Renildo Calheiros (PCdoB), Silvio Costa Filho (Republicanos), também prestigiaram o evento.

SAÍDA DO PDT

Depois de quase dois anos de disputa judicial, a deputada federal Tabata Amaral conquistou a autorização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para se desfiliar do PDT sem perder o mandato, em maio deste ano.

Uma resolução da corte prevê a desfiliação com a manutenção de mandato apenas se houver justa causa, como incorporação ou fusão do partido, criação de uma outra sigla, mudança substancial, desvio reiterado do programa partidário ou grave discriminação pessoal.

A corte entendeu, por 6 votos a 1, que o tratamento que o partido do presidenciável Ciro Gomes deu à deputada por ela ter votado a favor da Reforma da Previdência configurou justa causa.

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