Anderson Ferreira diz que oposição em Pernambuco terá palanque amplo e descarta nacionalização das eleições
Prefeito de Jaboatão garante que a sua maior preocupação é com Pernambuco e que o seu grupo, diversificado, pode administrar as diferenças internas
Um dia após o PL anunciar que deu liberdade para que o presidente nacional, Valdemar Costa Neto, conduza a filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à sigla, o presidente do PL-PE e prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, afastou a possibilidade do arranjo influenciar a formação da chapa do movimento Levanta Pernambuco, do qual é um dos líderes, ao lado da prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB).
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O prefeito garante que a sua maior preocupação é com Pernambuco e que o seu grupo, diversificado, pode administrar as diferenças internas. "O que eu quero deixar claro e isso sempre foi dito desde o início, foi que esse movimento leva um palanque amplo onde compõem pensamentos diversos, tanto meu como de Raquel como de outros atores e isso que o movimento demonstra, a unidade", afirmou o prefeito em entrevista à Rádio Verdade, de Bonito, agreste pernambucano.
Além do PL de Anderson e o PSDB de Raquel Lyra, o Levanta Pernambuco também integra o Cidadania, presidido no estado pelo deputado federal Daniel Coelho. Tanto o PSDB como o Cidadania fazem oposição ao governo Bolsonaro em Brasília e também têm pré-candidatos à Presidência da República.
Anderson diz que seria contraditório pregar a união no estado e não praticá-la dentro do seu próprio grupo. "A gente prega a união de todos os pernambucanos independente das suas divergências. Hoje a gente percebe muito extremismo de um lado do outro, e hoje Pernambuco busca isso para que possamos estar unidos em prol de um novo projeto para Pernambuco e isso passa por pensamentos diversos a nível de cenário nacional", disse.
A busca por não nacionalizar o debate tem sido comum entre os oposicionistas, em um cenário onde o grupo da situação, liderado pelo governador Paulo Câmara (PSB), pode apoiar o ex-presidente Lula nas eleições de 2022.
"A eleição de Pernambuco que vai ser liderada por esse movimento vai ter uma responsabilidade muito grande de fazer com que se debata Pernambuco. Em outras eleições sempre foi questionado e colocado rótulos de determinados candidatos a determinadas lideranças nacionais. Mas hoje é diferente, Pernambuco vai ter um palanque amplo mas que pensa junto em prol de um único projeto para Pernambuco. É simples assim, está tudo muito bem, céu de brigadeiro, Raquel e Anderson Anderson e Raquel", completou o prefeito.
Em 2018, o então candidato Armando Monteiro (PSDB; na época no PTB), foi associado durante à campanha à figura do então presidente Michel Temer (MDB), por ter apoiado a Reforma Trabalhista aprovada em seu governo. Naquele ano, Paulo Câmara (PSB) foi reeleito.
Sobre o impacto da filiação de Bolsonaro para o Levanta Pernambuco, Daniel Coelho reafirmou ao JC que, como dirigente partidário, não poderia fazer uma avaliação de algo não oficializado ainda. "Se houver uma filiação, o Cidadania vai fazer a análise, considerando os aspectos, mas o Cidadania como partido não vai apoiar Bolsonaro", garantiu.
Bolsonaro
A decisão de sinalizar apoio à filiação de Bolsonaro ao PL veio nesta quarta-feira (17) em um reunião de Valdemar Costa Neto com lideranças dos diretórios estaduais. O presidente estava com data marcada para assinar a ida ao PL para o dia 22, mas recuou por conta de divergências sobre o comando do partido nos estados.
O principal é São Paulo, mas em Pernambuco existiu algum atrito, segundo o jornal o Globo, pois o presidente tem intenção de lançar o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, como candidato a governador ou senador, o que teria desagradado Anderson Ferreira.
O deputado federal André Ferreira (PSC), irmão de Andeson, também esteve presente na reunião. Vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, ele deve se filiar ao PL na janela partidária. A jornalista, André afirmou o apoio a Bolsonaro está "pacificado" nos estados.
O prefeito já havia viajado até Brasília na semana passada e saiu de lá com uma nota oficial do PL garantindo a sua autonomia para a formação das chapas majoritária e proporcional. "Nós temos hoje uma identidade muito firmada dentro do nosso partido uma historia politica que teve êxito, elevou o nome do partido para Pernambuco", salientou Anderson.
Priscila na vice
Raquel Lyra (PSDB) também participou da entrevista e foi questionada sobre ter a deputada estadual Priscila Krause (DEM) como sua candidata a vice-governadora. Ela limitou-se a afirmar que Priscila estava "no time", mas fez questão de salientar que a parlamentar estava a caminho da agenda que eles promoverão nesta quinta-feira (18) em Bonito, dentro das viagens do Levanta Pernambuco.
Priscila chegou a admitir que um dos fatores - para além da fusão do DEM e PSL - que a levou a tomar a decisão de sair do seu partido foi a possibilidade de andar ao lado de Raquel na pré-campanha sem "amarras partidárias". O DEM tem como pré-candidato o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho.
A prefeita de Caruaru teceu elogios à atuação de Priscila na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), onde foram companheiras de bancada, principalmente no que diz respeito ao seu papel de fiscalização do governo Paulo Câmara. "Eu fui deputada junto com ela, ela é uma deputada que tem feito um trabalho extraordinário para a democracia em Pernambuco, as denúncias dos desmandos em Pernambuco", finalizou Raquel.