Priscila Krause explica saída do DEM: Fusão com PSL e eleições foram fatores
Principal motivo foi a fusão do DEM com o PSL. Mas a deputada admite que liberdade para caminhar ao lado de Raquel Lyra (PSDB) na campanha para 2022 foi fator que pesou
No dia do anúncio oficial de que sairá do DEM após 27 anos de militância na sigla, a deputada estadual Priscila Krause elencou os fatores que a levaram a tomar a decisão. O principal, segundo ela, é a fusão do DEM com o PSL para formar o União Brasil, processo do qual não fez parte.
Mas outra questão que pesou foi a liberdade de caminhar ao lado da pré-candidata ao Governo de Pernambuco e prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), com tem maior afinidade, sem "amarras partidárias", uma vez que o DEM já tem candidato para as eleições de 2022: O prefeito de Petrolina, Miguel Coelho.
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"Tem um conjunto de variáveis que pesou, evidentemente. E é claro que essa é uma variável importante. Eu não estaria sendo verdadeira se eu dissesse que não pesou", disse Priscila sobre o fator Raquel Lyra.
Ela evita restringir as opções à Raquel, e tem o cuidado de citar os outros postulantes no campo oposicionista do qual faz parte, Miguel e o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL). Anderson e Raquel hoje lideram o movimento "Levanta Pernambuco", formados por PSDB, PL e Cidadania, enquanto Miguel lidera outro bloco, até então formado pelo União Brasil e o Podemos.
"Primeiro, a melhor opção para Pernambuco está dentro dos quadros da oposição e dentre esses quadros, com todo o cuidado de reconhecer a competência e a legitimidade dos que aí estão postos, eu acho que a liderança desse processo vai estar, e aí eu sei desde o início, entre esses três players: Miguel, Anderson e Raquel. Mas certamente eu vou poder me movimentar de uma maneira muito mais confortável estando sem as amarras partidárias", disse Priscila.
Questionada se a provável ida do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o PL de Anderson poderia influenciar de alguma forma a sua decisão para qual partido se filiará, ela alegou que a etapa da escolha ainda está distante.
Atualmente, Priscila é mais cotada para ir para as hostes do PSDB. "É tudo tão imprevisível do ponto de vista dos partidos todos, que é muito abstrato ainda. Isso é uma coisa que eu vou realmente esperar o momento que eu ache adequado para decidir. São muitas pedras no tabuleiro", argumentou.
Caso Jair Bolsonaro oficialize a entrada no PL, um candidato do partido no estado seria automaticamente associado como o "candidato de Bolsonaro", o que poderia causar divergências no grupo, pois tanto o PSDB como o Cidadania fazem oposição ao presidente.
A parlamentar já chegou a ser cogitada, inclusive, para compor a chapa de Raquel Lyra, como candidata a vice-governadora. Mas a filiação de Miguel Coelho ao DEM e o posterior lançamento da sua pré-candidatura tornou mais distante a possibilidade desse arranjo se concretizar.
Pensar em concorrer à eleição majoritária não está no seu horizonte, ao menos por enquanto. "Eu hoje sequer tenho um partido para disputar. Se eu considero a questão do partido, da definição partidária, precipitada, compor uma chapa eu acho mais precipitado ainda. Por certo, eu estarei junto de Raquel e de Anderson nessa construção e trabalhando para que mais pessoas venham para esse cordão engrosse", disse. Segundo o Blog de Jamildo, o vereador Alcides Cardoso (DEM) seria um dos que acompanharia a deputada.
Fusão
Priscila relata que a decisão de sair do DEM foi tomada com "serenidade", mas nem por isso uma decisão fácil. Ela ingressou na sigla aos 16 anos e o seu pai, o ex-governador Gustavo Krause, foi um dos seus fundadores.
"Em um dado momento, a única coisa que eu disse publicamente sobre a fusão é que não era o que eu sonhei para o meu partido. E não era de jeito nenhum. Agora eu tenho que organizar a cabeça, ver os cenários a partir dessa minha nova realidade e ver os cenários que se colocam com a consolidação dos espaços, dos posicionamentos, como cada um vai ficar", projeta.
Na nota em que comunicou oficialmente sua saída ao presidente do DEM-PE, Mendonça Filho, ela aponta que não fez parte do processo de fusão. Ao JC, ela acrescenta que essa limitação não ficou restrita a ela dentro diretório estadual.
"Não foi uma opção, isso foi uma coisa decidida de cima. O que chegou foi uma comunicação, não chegou uma consulta. Quem realmente me atualizava dos fatos era Mendonça, é diferente de participar do processo. A impressão que eu tenho é que essa possibilidade não foi dada a ninguém. Aí não é uma questão local, é uma questão nacional", pontuou.
Sobe a relação com o DEM, para a deputada, o distanciamento não será tão latente,uma vez que ela segue figurando no campo de oposição. Dirigentes de partidos oposicionistas, a exemplo do próprio Mendonça, seguem pregando a unidade entre os oposicionistas, e não descartam um afunilamento no futuro, para que todo o grupo tenha apenas um candidato.
Segundo ela, o clima da conversa com Mendonça para informar da decisão foi tranquilo. "É claro e evidente que ele ponderou, mas ele desde o início respeitou totalmente. Até porque não é uma mudança de posicionamento do ponto de vista de oposição, eu continuo no campo de oposição e assim, a relação da gente continua preservada", disse.
Mais cedo nesta terça-feira, o presidente estadual publicou nota em resposta à de Priscila, afirmando que respeita a sua decisão. Ele ressaltou que o DEM segue com a candidatura de Miguel e "defende que é preciso união de forças em torno de um projeto para colocar Pernambuco no rumo certo e retomar a liderança do nosso estado no cenário nacional", diz trecho da nota.