Eleições 2022

Priscila Krause explica saída do DEM: Fusão com PSL e eleições foram fatores

Principal motivo foi a fusão do DEM com o PSL. Mas a deputada admite que liberdade para caminhar ao lado de Raquel Lyra (PSDB) na campanha para 2022 foi fator que pesou

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Luisa Farias

Publicado em 09/11/2021 às 20:47 | Atualizado em 09/11/2021 às 22:34
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No dia do anúncio oficial de que sairá do DEM após 27 anos de militância na sigla, a deputada estadual Priscila Krause elencou os fatores que a levaram a tomar a decisão. O principal, segundo ela, é a fusão do DEM com o PSL para formar o União Brasil, processo do qual não fez parte.

Mas outra questão que pesou foi a liberdade de caminhar ao lado da pré-candidata ao Governo de Pernambuco e prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), com tem maior afinidade, sem "amarras partidárias", uma vez que o DEM já tem candidato para as eleições de 2022: O prefeito de Petrolina, Miguel Coelho. 

"Tem um conjunto de variáveis que pesou, evidentemente. E é claro que essa é uma variável importante. Eu não estaria sendo verdadeira se eu dissesse que não pesou", disse Priscila sobre o fator Raquel Lyra. 

Ela evita restringir as opções à Raquel, e tem o cuidado de citar os outros postulantes no campo oposicionista do qual faz parte, Miguel e o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL). Anderson e Raquel hoje lideram o movimento "Levanta Pernambuco", formados por PSDB, PL e Cidadania, enquanto Miguel lidera outro bloco, até então formado pelo União Brasil e o Podemos. 

"Primeiro, a melhor opção para Pernambuco está dentro dos quadros da oposição e dentre esses quadros, com todo o cuidado de reconhecer a competência e a legitimidade dos que aí estão postos, eu acho que a liderança desse processo vai estar, e aí eu sei desde o início, entre esses três players: Miguel, Anderson e Raquel. Mas certamente eu vou poder me movimentar de uma maneira muito mais confortável estando sem as amarras partidárias", disse Priscila. 

Questionada se a provável ida do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o PL de Anderson poderia influenciar de alguma forma a sua decisão para qual partido se filiará, ela alegou que a etapa da escolha ainda está distante. 

Atualmente, Priscila é mais cotada para ir para as hostes do PSDB. "É tudo tão imprevisível do ponto de vista dos partidos todos, que é muito abstrato ainda. Isso é uma coisa que eu vou realmente esperar o momento que eu ache adequado para decidir. São muitas pedras no tabuleiro", argumentou. 

Caso Jair Bolsonaro oficialize a entrada no PL, um candidato do partido no estado seria automaticamente associado como o "candidato de Bolsonaro", o que poderia causar divergências no grupo, pois tanto o PSDB como o Cidadania fazem oposição ao presidente. 

A parlamentar já chegou a ser cogitada, inclusive, para compor a chapa de Raquel Lyra, como candidata a vice-governadora. Mas a filiação de Miguel Coelho ao DEM e o posterior lançamento da sua pré-candidatura tornou mais distante a possibilidade desse arranjo se concretizar. 

Pensar em concorrer à eleição majoritária não está no seu horizonte, ao menos por enquanto. "Eu hoje sequer tenho um partido para disputar. Se eu considero a questão do partido, da definição partidária, precipitada, compor uma chapa eu acho mais precipitado ainda. Por certo, eu estarei junto de Raquel e de Anderson nessa construção e trabalhando para que mais pessoas venham para esse cordão engrosse", disse. Segundo o Blog de Jamildo, o vereador Alcides Cardoso (DEM) seria um dos que acompanharia a deputada. 

Fusão

Priscila relata que a decisão de sair do DEM foi tomada com "serenidade", mas nem por isso uma decisão fácil. Ela ingressou na sigla aos 16 anos e o seu pai, o ex-governador Gustavo Krause, foi um dos seus fundadores. 

"Em um dado momento, a única coisa que eu disse publicamente sobre a fusão é que não era o que eu sonhei para o meu partido. E não era de jeito nenhum. Agora eu tenho que organizar a cabeça, ver os cenários a partir dessa minha nova realidade e ver os cenários que se colocam com a consolidação dos espaços, dos posicionamentos, como cada um vai ficar", projeta. 

Na nota em que comunicou oficialmente sua saída ao presidente do DEM-PE, Mendonça Filho, ela aponta que não fez parte do processo de fusão. Ao JC, ela acrescenta que essa limitação não ficou restrita a ela dentro diretório estadual. 

"Não foi uma opção, isso foi uma coisa decidida de cima. O que chegou foi uma comunicação, não chegou uma consulta. Quem realmente me atualizava dos fatos era Mendonça, é diferente de participar do processo. A impressão que eu tenho é que essa possibilidade não foi dada a ninguém. Aí não é uma questão local, é uma questão nacional", pontuou. 

Sobe a relação com o DEM, para a deputada, o distanciamento não será tão latente,uma vez que ela segue figurando no campo de oposição. Dirigentes de partidos oposicionistas, a exemplo do próprio Mendonça, seguem pregando a unidade entre os oposicionistas, e não descartam um afunilamento no futuro, para que todo o grupo tenha apenas um candidato.

Segundo ela, o clima da conversa com Mendonça para informar da decisão foi tranquilo. "É claro e evidente que ele ponderou, mas ele desde o início respeitou totalmente. Até porque não é uma mudança de posicionamento do ponto de vista de oposição, eu continuo no campo de oposição e assim, a relação da gente continua preservada", disse. 

Mais cedo nesta terça-feira, o presidente estadual publicou nota em resposta à de Priscila, afirmando que respeita a sua decisão. Ele ressaltou que o DEM segue com a candidatura de Miguel e "defende que é preciso união de forças em torno de um projeto para colocar Pernambuco no rumo certo e retomar a liderança do nosso estado no cenário nacional", diz trecho da nota. 

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