Eleições 2022

Bancada do PSB quer federação com PT. O que João Campos pensa disso?

O Diretório Nacional do PSB se reunirá na próxima quarta-feira (8), na sede do partido em Brasília, para discutir as estratégias para as eleições de 2022

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Mirella Araújo

Publicado em 03/12/2021 às 16:06 | Atualizado em 03/12/2021 às 16:12
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O Diretório Nacional do PSB se reunirá na próxima quarta-feira (8), na sede do partido em Brasília, para discutir as estratégias para as eleições de 2022. Entre as ações a serem debatidas, está a continuidade das discussões sobre a formação da federação partidária com o PT, PCdoB, PSOL e Rede - que já recebeu um indicativo favorável da bancada federal da Câmara. Para o vice-presidente nacional de Relações Federativas do PSB e prefeito do Recife, João Campos,  ainda seria muito cedo para ter clareza a respeito do debate partidário-eleitoral.

“Ela (a federação) não existia, e foi criada agora através dessa nova alteração da legislação eleitoral. A gente precisa poder ver como isso vai ser regulamentado pelo TSE para tomar as decisões com muita tranquilidade. O partido vai fazer um processo de escuta dos filiados, da Executiva, do diretório, da bancada, mas ainda é muito cedo para saber o caminho que o partido vai seguir”, afirmou Campos. 

Essa postura cautelosa do prefeito, faz referência ao fato dele ser uma das lideranças dentro do PSB que mais apontou resistências para que o partido se reaproximasse do PT - resultado da disputa acirrada nas eleições de 2020, onde enfrentou a deputada federal Marília Arraes. No entanto, no encontro que teve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em outubro, João Campos teria dito que não seria empecilho para aliança entre os partidos a nível nacional. 

O presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, que estará presente na reunião da próxima semana, também faz ponderações com relação a esse novo modelo de unidade entre os partidos para a disputa proporcional. “Em Pernambuco, nós traçamos como meta eleger a nossa atual bancada federal - formada por cinco deputados federais - e poder ampliá-la, garantindo a nossa unidade partidária, então esse é o nosso foco. Agora, a gente trabalha com diversos partidos que têm uma presença importante na condução desse projeto no Estado”, declara o dirigente.

“É importante para o PSB a reeleição da nossa bancada, mas também acho importante a reeleição e recondução dos deputados federais que compõem a Frente Popular. Mas, não adianta só um estado achar bom, mas em outro lugar, como o Rio Grande do Sul, não achar que a federação seja conveniente. Ela precisa atender o partido como um todo”, complementa Guedes.

A regra da federação partidária, que permite que dois ou mais partidos com as mesmas afinidades programáticas, possam atuar juntos pelos quatros anos do mandato, deverá ser registrada até abril de 2022, segundo normativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nessa corrida contra o tempo, a presidente nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos , vê com bons olhos a movimentação de partidos como o PSB e PT, mas reforça que é preciso ter paciência na construção dessa ampla frente do campo da esquerda.

“A federação é uma ferramenta inovadora da política brasileira. Ela permite um tipo de frente, de aliança, que não é circunstancial pela questão oportuna. Ela necessariamente impõe uma aliança programática, de afinidade, porque ela é uma espécie de união estável. Ela permite autonomia e identidade do partido, e exercita a unidade até porque em momentos tão complexos como o que nós vivemos, a gente precisa de unidade dos partidos que têm afinidades de pensamentos”, afirmou a governadora, ao JC.

Ela enxerga como sinal de “saúde política” que os partidos do mesmo campo estejam conversando internamente sobre a possibilidade de a federação sair do papel, mas ainda não tem precisão de quando o PCdoB irá a mesa formalmente com o PT e PSB para discutirem juntos esse modelo. “Acho que a gente deve considerar todos os partidos do mesmo campo. Isso é uma construção política, que tem muitas variáveis e tem que ter entendimentos regionais porque a dinâmica política brasileira é muito impulsionada pela realidade regional. Tem que ter paciência, embora o tempo político seja curto”, destaca Luciana Santos.

Quem também está analisando essa possibilidade de federação partidária é o Partido Democrático Trabalhista (PDT) - desde que seja para fortalecer o projeto presidencial do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes. “Nós temos conversado com o DEM, que tem aliança conosco em algumas cidades, como em Salvador, onde ACM Neto se dá bem com Ciro”, declarou.

Por terem candidato a presidente da República, seria inviável o PDT ingressar em uma federação que o PT esteja participando, porque os petistas devem priorizar alianças que fortaleçam a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Neste caso, os pedetistas estão atentos à movimentação do PSB a nível nacional para decidirem o futuro político nas instâncias municipais.

“Todos os partidos estão procurando se viabilizar, através de federações, na busca de quadros que possam representar o partido na disputa majoritária. O PDT tem seu candidato e vai aguardar os desdobramentos. Acho que é legítimo que os partidos possam buscar as federações, o PDT também está conversando para buscar apoios para Ciro, ninguém pode ser candidato sozinho”, pontua.

 

 

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