Federação

Bancada do PSB é favorável à federação com o PT

"A questão não é de poder e de espaço entre partidos, mas se relaciona à concepção de um novo projeto político", defende o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira

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Mirella Araújo

Publicado em 01/12/2021 às 20:52 | Atualizado em 02/12/2021 às 20:02
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O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, se reuniu com a bancada federal do partido, nesta quarta-feira (1º) para dar andamento às discussões sobre a federação partidária - uma das estratégias colocadas à mesa para as eleições de 2022. No encontro, que contou com a participação de 25 deputados federais, não houve nenhuma deliberação, mas o indicativo de que os parlamentares são favoráveis ao modelo de federação ampla do campo da esquerda, mais precisamente com o PT. Na próxima semana, a Executiva Nacional irá se reunir para debater novamente sobre o tema.

“É preciso articular um novo arranjo hegemônico no campo das forças democráticas. A questão não é de poder e de espaço entre partidos, mas se relaciona à concepção de um novo projeto político, que supere os vícios do passado e possa fazer face aos desafios do presente”, declarou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, em uma publicação no Twitter, mas sem expressar maiores detalhes a respeito do encontro.

Segundo o líder da bancada do PSB na Câmara Federal, o deputado federal Danilo Cabral, foi feita “uma análise do quadro político atual apontando para um consenso de fortalecimento do campo da esquerda”. “Discutimos a respeito das composições majoritárias e proporcionais. Entendemos que existe um conjunto de desdobramentos que precisam ser definidos e a bancada apontou que um indicativo é a federação. Estrategicamente é preciso construir essa frente ampla contra Bolsonaro”, afirmou.

Para o deputado federal Tadeu Alencar, é importante que o PSB constitua a federação com partidos que possuam uma afinidade programática com os socialistas. “Eventualmente pode ter uma dificuldade ou outra, no plano local ou regional, mas há compreensão da sua importância como instrumento de ajudar a viabilidade eleitoral dos partidos reunidos em federação e, principalmente, como instrumento de governabilidade, na hipótese de vitória de um Presidente da República do nosso campo. Afinal, esse Presidente não deve ficar refém desse presidencialismo de coalizão e de ocasião”, explicou.

Na leitura sobre os prós e contras de formar uma federação com o PT, ponto central da discussão é a respeito da necessidade que os petistas têm de formalizarem o apoio do PSB para a eventual candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, segundo analisa uma fonte socialista em reserva. Os petistas estão reunidos virtualmente, na noite desta quarta-feira, também para discutir esse modelo.

“Existe uma possibilidade que a federação seja realizada só com o PT. Para o PSB, sob o ponto de vista mais pragmático, a federação poderá ajudar a salvar a bancada federal em alguns estados, em que não temos representantes na Câmara", afirmou o socialista. A questão da governabilidade também é colocada na balança. Nos bastidores, os socialistas acreditam que é fundamental ampliar a representação no parlamento. 

No mesmo dia da reunião, o governador Paulo Câmara (PSB) e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio (PSB), foram para Brasília. Na agenda oficial, os dois tinham uma reunião marcada com o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas, para tratar de projetos como a dragagem do Porto do Recife, a Ferrovia Transnordestina, e o contorno da BR 101.

Prazo

O Tribunal Superior Eleitoral divulgou uma minuta estabelecendo que as federações partidárias precisam ser registradas até abril de 2022. Portanto, o prazo que tem sido colocado para as legendas se acertarem é até o mês de março.

Não será uma equação de fácil resolução para o PSB, que também está em diálogo com o PCdoB, Rede e PSOL para essa composição. As negociações envolvem as alianças que estão sendo construídas nas instâncias locais, a identificação do conteúdo programático, e no caso de uma federação com o PT, a quebra da resistência nas regiões do Sul e Sudeste.

“Para nós, não é interessante uma federação. Mas acho que teremos muitas mudanças dos supostos candidatos à presidência, por causa das federações e desse quadro de não poder fazer coligações. Isso será decisivo lá na frente”, afirmou o ex-governador de São Paulo, Márcio França, em entrevista a TC Rádio.

Aprovada pelo Congresso Nacional, a federação partidária é uma alternativa à proibição das coligações no sistema proporcional. Ela é vista como um mecanismo de sobrevivência para os partidos que não atingiram o mínimo de 2% dos votos válidos e correm o risco de sumir nas eleições de 2022, como é o caso do PCdoB. Sendo formalizada, os partidos que compõe a federação terão que atuar juntos por no mínimo quatro anos.

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