PSB faz apelo pela unidade de aliados após longo processo para escolha do candidato
A Frente Popular ainda vai definir a vaga ao Senado e à vice e tenta evitar novos desgastes em um processo que envolve 12 diferentes partidos, com interesses distintos
Durante o lançamento da pré-candidatura do deputado federal Danilo Cabral para o Governo do Estado, nesta segunda-feira (21), não foi difícil perceber que boa parte dos discursos buscavam pregar a unidade. Foi um claro apelo aos partidos que compõem a Frente Popular de Pernambuco em prol do projeto de continuidade do PSB à frente do Executivo estadual.
“A Frente Popular está unida mais uma vez. Quero dizer a todos os partidos aliados: muito obrigado por estar aqui hoje e por terem me legitimado para comandar esse processo. O gesto dos partidos aqui hoje ficará marcado na história, por sabermos que essa frente política que tanto bem faz a Pernambuco e que vai continuar na política. Porque tem sentimento social, que veio lá de trás, de Pelópidas, de Miguel Arraes, de Eduardo Campos”, declarou o governador Paulo Câmara.
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O prefeito do Recife, João Campos, também fez questão de ressaltar que no momento atual vivenciado no país, é fundamental a construção da unidade das forças populares. “Pernambuco está absolutamente unido em torno da candidatura do nosso amigo Danilo Cabral para governador do Estado, assim como Pernambuco está absolutamente unido para que juntos possamos ser o primeiro grande partido brasileiro a declarar oficialmente o apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E podermos sair do Nordeste brasileiro com uma ampla vitória que retornará a dignidade e o respeito ao povo brasileiro”, disparou Campos.
Por fim, o pré-candidato a governador também deixou seu recado para os partidos que vão dar sustentação a seu palanque. “Nós estamos aqui neste momento para iniciar uma nova caminhada. Uma caminhada que eu digo que é a mais dura e difícil que a Frente Popular vai enfrentar, pelo momento duro que a gente vive nesse país, e também, claro, com reflexo no nosso estado”, disse Danilo Cabral em seu discurso.
A ênfase dessa união não vem por acaso, com a formalização do cabeça da chapa, agora as discussões se voltam para as vagas do Senado e de vice. Há oito nomes sendo cotados para a única vaga do Estado: a vice-governadora Luciana Santos (PCdoB), Wolney Queiroz (PDT), Silvio Costa Filho (Republicanos), André de Paula (PSD), Eduardo da Fonte (PP), Teresa Leitão, Carlos Veras e Marílias Arraes (ambos do PT).
“Vamos dar sequência ao diálogo que já vínhamos fazendo, a condução do processo continua sendo do governador Paulo Câmara, dialogando com o conjunto dos doze partidos que compõe a Frente Popular, e vamos de forma harmônica encontrar um consenso entre eles para que a gente tenha uma chapa que de fato com a indicação do candidato a senador e a vice governador represente a Frente Popular e o desejo avançar as mudanças em Pernambuco e derrotar Bolsonaro”, declarou Cabral, em coletiva de imprensa.
O evento contou com a participação de todos os presidentes estaduais da Frente Popular de Pernambuco, com exceção do deputado federal Eduardo da Fonte (PP), que alegou ter tido compromissos em Brasília e por isso não pôde comparecer, sendo representado por seu filho, o presidente municipal do PP, Lula da Fonte.
Entre os aliados, o senador Jarbas Vasconcelos também não compareceu ao evento. De acordo com sua assessoria de imprensa, por pertencer ao grupo de risco da covid-19, por causa da idade, o senador continua seguindo os protocolos de saúde e evitando aglomeração.
Construção
Sem o seu candidato natural na disputa pela sucessão do governador Paulo Câmara, o PSB se viu em uma empreitada difícil na busca de um consenso que mantivesse o mesmo nível de unidade quanto o nome do ex-prefeito do Recife e secretário de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, provocava entre a base e os aliados.
Dentre os quadros do partido, à medida que as conversas estavam avançando, os nomes dos deputados federais Danilo Cabral, Tadeu Alencar e o secretário da Casa Civil, José Neto, eram os mais cotados para o posto. De um lado, o secretário José Neto detinha a preferência de Paulo Câmara para a disputa, entretanto, além de não ser filiado ao Partido Socialista Brasileiro, ele possui um perfil técnico, que não caberia mais nestas eleições.
Do outro lado, o deputado federal Tadeu Alencar era o nome defendido pela família do prefeito João Campos, mas também não conseguiu obter o consenso esperado para ser emplacado. Diante do impasse, houve a oficialização de Danilo Cabral, que possui 32 anos de história dentro do PSB e já teve seu nome cotado em outras eleições, como a de 2014, quando o ex-governador Eduardo Campos optou pelo nome de Paulo Câmara.
Geraldo
Presente no ato de lançamento, o ex-prefeito do Recife e secretário de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, também foi citado em alguns momentos por seus correligionários. Antes da definição por Danilo Cabral, o ex-gestor era defendido por unanimidade como o candidato natural desse processo de sucessão, porém reiterou por diversas vezes que não seria o candidato.
“Cumprimento meu querido amigo ex-prefeito do Recife que deu uma grande contribuição com um conjunto de entregas que mudou a face do Recife, Geraldo Julio, é uma alegria também estar aqui com você”, disse Danilo.
Ao falar que o PSB tem construído um projeto coletivo e não "individual como tem se visto por aí", o governador Paulo Câmara citou seu exemplo e o de Geraldo como pessoas que foram convocados para uma missão, “assim como Danilo está sendo”. O prefeito do Recife João Campos e o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, também fizeram uma saudação especial ao ex-prefeito da capital pernambucana.