Para quem ocupa o cargo de vice, mas deseja disputar as eleições para outros cargos, não há risco de perder o mandato. Isso porque a legislação eleitoral não determina a desincompatibilização para os vices (vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito), desde que nos seis meses anteriores ao pleito, não tenha sucedido ou substituído o titular do cargo. Sem esses empecilhos, a vice-governadora de Pernambuco Luciana Santos (PCdoB) e a vice-prefeita do Recife Isabella de Roldão (PDT) estão cotadas para pleitearem um mandato no Senado e na Câmara Federal.
Desde que seu nome foi apresentado pelo PCdoB, como um quadro a ser considerado na formação da chapa encabeçada pelo pré-candidato a governador Danilo Cabral, Luciana tem sido vista como uma forma de solucionar o imbróglio em torno dessa discussão. Alas do PT e PCdoB não veem com bons olhos a possibilidade de indicação do deputado federal André de Paula (PSD), diante do seu histórico de votação alinhado com o as pautas do governo Bolsonaro.
Indicar Luciana seria uma forma de minimizar as resistências em torno dos nomes do deputado federal Carlos Veras e da deputada estadual Teresa Leitão, que estão sendo analisados pelo PT de Pernambuco após a recusa da deputada federal Marília Arraes, que saiu do partido para ingressar ao Solidariedade e lançar candidatura própria ao governo.
“Acho que nessa eleição já está evidente que ela será polarizada. Uma eleição que de um lado você tem uma agenda bolsonarista e do outro, um resgate do ciclo político exitoso sobre a liderança de Lula. Então a chapa ela precisa refletir essa identidade, esse é o principal vetor da disputa”, afirmou Luciana Santos, ao JC.
Essa identidade, segundo a presidente nacional do PCdoB, também passa pela retomada da relação entre o PT e o PSB, que já protagonizaram disputas recentes em Pernambuco - na última eleição municipal de 2020, os dois partidos foram para o segundo turno, e o candidato socialista João Campos acabou derrotando a candidata petista Marília Arraes.
Questionada se há previsão de quando os nomes para a chapa serão apresentados, Luciana Santos relembra que historicamente a composição completa acontece “no último minuto da convenção”. “Mas acredito que essa decisão seja tomada antes. É claro que já temos um candidato a governador, mas é preciso, em evoluindo as discussões, antecipar o cenário por uma questão de estabilidade maior na disputa eleitoral”, justificou.
Caso o Senado não prospere, nessa equação da composição da chapa, não está descartado a possibilidade de Luciana vir a ser candidata a deputada federal.
A dobradinha exitosa na formação da chapa municipal no Recife, com o prefeito João Campos e a vice-prefeita Isabella de Roldão (PDT), em 2020, era algo bastante defendido a nível estadual também pelos pedetistas para estas eleições, para cravar com mais robustez um palanque para o presidenciável Ciro Gomes no Estado.
Mas com a possibilidade cada vez mais distante de ocupar um cargo majoritário na chapa de Danilo Cabral, e com as chances cada vez mais remotas de formalizar uma federação partidária, o PDT tem centrado esforços para ampliar sua representatividade no parlamento.
Para somar a esse quadro, o presidente estadual e deputado federal Wolney Queiroz, havia convidado a vice-prefeita Isabella de Roldão para ser candidata a deputada federal. A resposta ainda não foi oficializada, já que há tempo até a convenção partidária para que ela decida se irá disputar ou não.
Procurada pela reportagem, a assessoria da vice-prefeita informou que ela não irá se pronunciar sobre esse tema. O dirigente pedetista Wolney Queiroz, também foi procurado, mas preferiu não comentar em respeito a um posicionamento que cabe a Isabella fazer.
Quem também não precisará sair do cargo para disputar as eleições é o vice-presidente da República, Hamilton Mourão. Ele deixou o PRTB para se filiar ao partido Republicanos, no início de março, e confirmou sua pré-candidatura ao Senado Federal pelo estado do Rio Grande Sul.
Na ocasião, Mourão também confirmou que seguirá apoiando a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Também em março, Bolsonaro disse em entrevista à Jovem Pan que deseja ter um vice que “demonstre atuação, não para ajudar a ganhar a eleição, mas para ajudar a governo Brasil”. Em outro momento ele disse que gostaria de ter “um vice que não tenha ambições de assumir minha cadeira”.