O senador Renan Calheiro afirmou, na manhã desta quinta-feira (14), que seu partido, o MDB, deveria desistir da pré-candidatura da senadora Simone Tebet à Presidência da República para apoiar o ex-presidente Lula (PT).
De acordo com Renan, as pesquisas não mostram crescimento de nenhum candidato de terceira via e insistir nisso seria um tiro no pé.
Simone Tebet tenta se viabilizar como uma alternativa às duas candidaturas que lideram as pesquisas de intenção de voto - Lula e Jair Bolsonaro. Mas, até o momento, a senadora não registra bom desempenho nos levantamentos dos principais institutos.
"Dos nome postos na terceira via, o de Simone Tebet é o melhor, pelo grande trabalho que ela desenvolve no Senado. Mas não se trata disso, da verificação do valor pessoal dela. É preciso avaliar se vai repetir a experiência da eleição passada, quando a candidatura de Henrique Meirelles levou o MDB a uma tragédia, para a diminuição das bancadas, no Senado e na Câmara, à metade", disse Renan Calheiros em entrevista ao UOL.
Considero insano que um partido como o MDB, que ainda é o maior do Brasil, tenha uma candidatura com a perspectiva de 1% dos votos e sem projeção de crescimento.Renan Calheiros sobre pré-candidatura de Simone Tebet
O ex-presidente do Senado justificou o apoio a Lula afirmando que o petista é o único com condições de vencer Bolsonaro nas eleições de 2022.
"Acho que essa eleição é emblemática. Vivemos um esfarelamento em todos os campos, na política, no meio ambiente, na política internacional, o país está na mão do último dono. E a eleição será um plebiscito. Democracia ou autocracia, por tudo que o governo Bolsonaro faz ou deixa de fazer, não é porque o Lula é favorito, apoio o Lula porque é a única candidatura que pode derrotar Bolsonaro e reafirmar valores civilizatórios", afirmou o senador.
Jantar
Lula participou na segunda-feira (11) de um jantar com senadores de centro e esquerda na casa do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), em Brasília. Renan Calheiros estava no encontro ao lado de outros senadores do MDB como Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), Marcelo Castro (MDB-PI) e Rose de Freitas (MDB-ES).
Após o encontro de segunda, Eunício Oliveira não declarou apoio à eleição de Lula, mas afirmou que "há uma tendência natural" de o MDB não ir "mais uma vez para um suicídio político".
"Nós fomos de [Henrique] Meirelles [em 2018] quando nós sabíamos que ele não tinha a menor condição eleitoral. Não tinha condição de capacidade, como a Simone tem toda condição de capacidade. Eu, como incentivador das mulheres na política, gostaria muito que ela tivesse viabilidade política-eleitoral", disse Eunício.
Rena disse que o partido nem deveria chegar na convenção, de agosto, para decidir isso. Ela quer uma posição antes disso. Mas, caso a convenção aconteça, ele defenderá o apoio a Lula.
"Vemos a inviabilização de qualquer um da chamada terceira. A única possibilidade de crescimento seria a queda nas pesquisas Lula ou Bolsonaro, mas isso não está ocorrendo, não há espaço para o crescimento de nenhum dos outros. As eleições estão engessadas desde julho de 2021, temos gráficos que mostram apenas uma linha reta e as candidaturas de terceira via não chegam ao segundo lugar. Precisamos apoiar uma candidatura que alavanque os palanques estaduais e colabore para a sobrevivência do partido em cada região", concluiu Calheiros.