A pré-candidata a governadora de Pernambuco, a deputada federal Marília Arraes (SD), resgatou um debate recorrente das eleições estaduais, que é a questão tarifária do transporte público. De acordo com a parlamentar, uma de suas propostas cruciais, considerada “totalmente factível”, é a implementação do bilhete único para todo o Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife.
Apesar de não detalhar em que termos isso se daria na prática, já que atualmente Pernambuco possui uma versão de bilhetagem única com o Vale Eletrônico Metropolitano (VEM), Marília cita como exemplo o modelo implantado em São Paulo.
Na capital paulista, cujo subsídio do governo municipal injeta
R$ 6 bilhões por ano para investir em transporte coletivo, o bilhete único é aplicado no sistema totalmente temporal. Ou seja, é possível pagar uma
única passagem para utilizar modais diferentes no intervalo de até duas horas, sem depender de um terminal integrado para fazer essa baldeação, como ocorre em Pernambuco - cujo subsídio no Estado é de
R$ 300 mil por ano.
“Hoje, os trabalhadores da Região Metropolitana do Recife vivem uma verdadeira
tortura nos terminais integrados, que lá atrás foram uma ideia inicial de Miguel Arraes. O Consórcio Metropolitano é gerido pelo Governo do Estado e essa ideia de Arraes há mais de 20 anos veio para beneficiar o trabalhador. O que a gente vê hoje é que o benefício está somente para as
empresas de ônibus”, disparou Marília Arraes, em entrevista a Band News, nesta quarta-feira (27).
“Então é necessário que haja o bilhete único, seja ele diário, semanal, mensal ou anual, mas que o trabalhador pague menos e possa circular a RMR inteira pagando uma
passagem só. Isso vai ter um impacto imenso na empregabilidade, porque diminui o custo para o empregador, mas vai dar qualidade de vida daquele que precisa sair cedo de casa e voltar mais tarde para trabalhar”, completou.
Promessa de campanha do
governador Paulo Câmara (PSB), em sua primeira disputa pelo Palácio do Campo das Princesas, em 2014, e na sua reeleição em 2018, a
unificação das tarifas nunca ocorreu. Pelo contrário,
apesar de ter determinado o fim da tarifa D, as demais continuaram com sucessivos aumentos. Em fevereiro deste ano foi aprovado o reajuste de
9,8%. Com isso, a tarifa do anel A - utilizada por 80% dos passageiros - passou de R$ 3,75 para R$ 4,10, enquanto o anel B, subiu de R$ 5,10 para R$ 5,60. Muito diferente do que o chefe do Executivo prometeu há quase, cujo valor do bilhete único seria de R$ 2,15.
Ainda assim alguns poucos avanços precisam ser considerados,
como a integração temporal - modelo semelhante ao que ocorre em São Paulo. Dos 26 terminais integrados, 19 já funcionam no modelo temporal que permite a integração entre modais, com um valor menor, dentro de um período de duas horas. Isso significa que quem sai do metrô e precisa pegar um ônibus, tem até duas horas para fazer a troca
sem a cobrança de uma nova tarifa.
Há também a
“tarifa social” que dá desconto de R$ 1 no Vem Comum nos anéis A e B nos horários considerados fora de pico: das 9h às 11h e das 13h30 às 15h30, sendo R$ 3,10 e R$ 4,60, respectivamente.
PACTO PELA ÁGUA
A pré-candidata ao Governo do Estado, Marília Arraes, também criticou a proposta apresentada pelo pré-candidato a governador, o deputado federal Danilo Cabral (PSB), intitulada de “Pacto Pela Água” - alvo de inúmeras críticas pelos postulantes da oposição. Na proposta, o socialista assume o compromisso de monitorar pessoalmente a crise hídrica no estado, estipulando metas para redução de perdas, qualidade da água e dias de abastecimento.
Ainda segundo Marília, essa trata-se, na verdade, de um “pacto pelo voto". "Pernambuco é um estado em que falta água da capital até o Sertão. Inclusive, a gente vê barragens, vê rios, vê possibilidade de se obter água em certas regiões e que essa água não chega até a torneira das pessoas", criticou a parlamentar.
"E agora o candidato de Paulo Câmara, o candidato do governador, está propondo o Pacto pela Água, que foi na verdade um apurado de promessas não cumpridas ao longo desses anos todos e que agora ele deu um nome marqueteiro. Um nome para ganhar voto, é quase um ‘pacto pelo voto’. E que a população não tem mais acreditado”, declarou Marília, durante entrevista a Band News.