O deputado federal Luciano Bivar disse em entrevista à Rádio Jornal, nesta segunda-feira (16), que o seu partido, o União Brasil (UB), abandonou o grupo de que tenta formar uma "terceira via" por não levar a lugar nenhum.
O bloco político busca viabilidade para tentar derrotar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que, de acordo com as pesquisas recentes, lideram a corrida pela Presidência da República.
Com a saída do União Brasil de Bivar, restaram a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), que disputam a cabeça da chapa.
''Saímos até tarde. O MDB não tinha nenhuma condição de nesse momento definir quem é seu candidato. No PSDB, você vê a carta do Doria nos jornais, está implodido. Então, daqueles partidos não iria sair nenhum candidato, entendemos que ficaríamos atrelados a partidos divididos e não poderíamos estar dando esteira a algo que não chega a lugar nenhum", disse Bivar, que é presidente do União Brasil.
O deputado federal alegou, ainda, que o União Brasil era o único partido no grupo que não estava dividido.
"Esse sentimento fez o partido sair das conversas. Era o único com unidade da bancada e da Executiva. Não foi intenção nossa implodir (o grupo), queríamos sim que tivesse força, mas não podemos ficar só na retórica. O momento é crucial. Andamos sozinhos, pois temos luz própria e não temos que ficar ancorados a uma bola de ferro que não leva a lugar nenhum", comentou.
Na visão de Luciano Bivar, o União Brasil tem recursos e tempo de televisão suficientes para lançar uma candidatura independente. Após o desembarque do grupo, o partido lançou o próprio Bivar como pré-candidato a presidente da República.[
Mesmo atrás nas pesquisas, Bivar aposta num crescimento com a chegada da campanha. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a realização de comícios, distribuição de material gráfico, caminhadas ou propagandas na internet passa a ser permitida a partir do dia 16 de agosto. Porém, os postulantes já estão nas ruas em atos de pré-campanha.
"Nas pesquisas espontâneas, Lula aparece com 22% e Bolsonaro com 20%. Isso é recorrente. Quando você estimula, é natural u crescimento nesse percentual, pois um está todo dia na TV, está no poder e o outro esteve no poder por dois mandatos. Mas se cada um tiver 25%, há um universo de 50% de indecisos. Se um candidato tiver 26%, vai ao segundo turno e pode vencer."
Ele defendeu que é necessário ver o conteúdo, as propostas dos pré-candidatos antes da tomada de decisão. "Me recuso a aceitar o quadro aí posto, o União Brasil, com o tamanho que tem, não pode ficar indiferente desse, é covardia em relação ao povo brasileiro. Vamos ter alternativa".
Depois de o pré-candidato a presidente do PSDB, o ex-governador João Doria, enviar uma carta ao presidente do partido, Bruno Araújo, afirmando que não vai desistir de concorrer ao Palácio do Planalto e indicando que pode judicializar a questão se for impedido pela agremiação, o pernambucano disse crer que o caso será resolvido politicamente. Bruno esteve em Pernambuco nesta segunda-feira (16) para uma reunião com pré-candidatos tucanos e do Cidadania do Estado.
"Quem está na vida pública e faz política é normal e até comum assistir à judicialização de um partido contra outro partido, de um candidato contra outro candidato. É pouco comum alguém judicializar contra o seu próprio partido, isso não é da natureza da política. E eu continuo acreditando que a política é a solução dos caminhos e ela vai levar a bom termo", observou o cacique partidário, durante coletiva de imprensa.
Após a divulgação da carta de Doria no último fim de semana, Bruno convocou uma reunião da Comissão Executiva Nacional do partido para discutir o que foi exposto pelo pré-candidato no documento. Hoje, o presidente tucano disse que o grupo vai decidir a abordagem que será adotada diante desta situação.
No texto do ex-governador de São Paulo, ele pede que Bruno respeite o resultado das prévias que o escolheram como pré-candidato à presidência e acusa "parte da cúpula do PSDB" de, antes mesmo do processo interno, arquitetar "tentativas de golpes".
"Qual foi a nossa surpresa ao saber que, apesar de termos vencido legitimamente as prévias, as tentativas de golpe continuaram acontecendo. As desculpas para isso são as mais estapafúrdias, como, por exemplo, a de que estaríamos mal colocados nas pesquisas de opinião pública e com altos índices de rejeição, cinco meses antes do pleito", disse Doria, na carta.
Especificamente sobre os gestos de Bruno, o pré-candidato declarou que as movimentações do pernambucano mudam "a cada semana" e que isso "cria insegurança jurídica para os filiados". Ele argumenta, ainda, que uma decisão da Executiva não pode se sobrepor às prévias e que pode recorrer à Justiça caso isso ocorra.
Mesmo tendo realizado prévias, o PSDB tem conversado com outras legendas de centro, como o MDB e o Cidadania, para construir uma candidatura única ao Planalto. Com o desembarque do União Brasil do grupo, os demais partidos encomendaram pesquisas para descobrir qual dos pré-candidatos teria melhores condições de entrar na disputa, se Doria ou a senadora Simone Tebet, do MDB.
Segundo Bruno Araújo, na reunião da Executiva será analisado justamente se o partido vai abraçar o resultado das prévias internas ou se o cenário apresentado pelas pesquisas será determinante para a escolha do candidato que será apoiado pela sigla em outubro. "Eu vou apresentar as opções, a Executiva é que vai decidir o caminho", disse.