Com informações do Estadão Conteúdo
O entorno do presidente Jair Bolsonaro (PL) descarta que a saída do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) da corrida presidencial terá impacto político significativo na disputa.
Com a fraqueza do tucano nas pesquisas de intenção de voto, interlocutores do Palácio do Planalto veem dificuldade da senadora Simone Tebet (MDB) assimilar totalmente o eleitorado de Doria e apostam na cristalização da polarização entre Bolsonaro e o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Doria retirou sua pré-candidatura à Presidência da República nesta tarde em meio à resistência do comando do PSDB em indicá-lo. A cúpula do partido aposta no apoio a Simone Tebet (MDB) para aumentar a viabilidade da terceira via.
Na avaliação do vice-presidente do PL, deputado Capitão Augusto (SP), o segundo turno "já está definido" - e com Bolsonaro e Lula na disputa. "Não muda nada. Todo mundo já sabia que Doria iria desistir", afirmou ao Broadcast Político.
O filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro disse que a rejeição ao nome de Doria se deu por conta de medidas de proteção à covid que o ex-governador implantou em São Paulo.
"Ao desistir da pré-candidatura, Doria mostra que a conta do autoritarismo é a impopularidade. Só lamento dele não ter desistido, na época, de mandar soldar e fechar portas de comércios e de prender pessoas que estavam na rua buscando seu sustento e de suas famílias", disse Flávio.
O empresário bolsonarista Luciano Hang também ironizou a desistência de Doria. "Caro ex político João Doria, chegou o momento que você tão esperava: fique em casa".
O deputado Eduardo Bolsonaro também ironizou a saída de Doria do páreo. "Sempre soubemos, mas eu torcia para que ele fosse candidato. Não que 1% fosse fazer diferença, mas politicamente afundaria o PSDB", disse.
Desistência
Ao Estadão, um ministro de Estado que integra o QG da campanha à reeleição resumiu à reportagem o efeito da desistência de Doria na disputa pela Presidência, na sua leitura política, em uma palavra: nenhum. Sob a condição de anonimato, a mesma fonte lembra que o ex-governador paulista nunca chegou perto dos dois dígitos em pesquisas eleitorais.
Um outro dirigente da legenda de Bolsonaro diz acreditar que a intenção de voto de Doria deve ser diluída entre os demais candidatos, sem um impacto positivo direto como a desistência do ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) representou para a campanha do chefe do Executivo.
"A saída de Doria traz a incerteza e a desesperança da terceira via. Já está no inconsciente coletivo que neste ano só há duas opções, Bolsonaro e Lula", afirma o dirigente, que participa das articulações do PL.