Em inserções na TV, Danilo Cabral ressalta relação com Eduardo Campos e Lula; Paulo Câmara não é mencionado

Deputado federal é o pré-candidato do PSB ao Governo de Pernambuco
Renata Monteiro
Publicado em 02/06/2022 às 11:59
PREPARADO Danilo diz estar pronto para chefiar o Executivo e convoca a população a aderir ao seu projeto Foto: Marcus Mendes/PSB


Em inserções partidárias que vêm sendo veiculadas desde a noite da última quarta-feira (1º), o PSB apresentou o deputado federal Danilo Cabral, pré-candidato a governador pelo partido, à população pernambucana. Nos vídeos, a ligação do postulante com o ex-governador Eduardo Campos, falecido em 2014, e com o ex-presidente Lula (PT), de quem afirma receber apoio exclusivo no pleito deste ano, são ressaltadas, enquanto não há sequer uma menção à relação do parlamentar com o governador Paulo Câmara (PSB) ou com João Campos (PSB), prefeito do Recife.

"Olá, eu sou Danilo. Sou servidor público; fui secretário de Estado, sou deputado federal. Tenho muito orgulho de ter ajudado Eduardo e Lula a iniciar um tempo de mudanças em Pernambuco. Foi assim na Educação, bandeira histórica do PSB. Levamos escolas em tempo integral a todas as regiões do estado. Agora, outra vez com Lula e a Frente Popular, vamos escrever uma nova história. Vamos juntos, Pernambuco", destacou o pré-candidato.

A associação ao pré-candidato a presidente da República, porém, não tem dado resultados até o momento. Segundo material publicado com exclusividade pelo Blog de Jamildo no mês de maio, ainda que tenha recebido apoio expresso de Lula, Danilo teria pouco mais da metade da intenção de voto que Marília Arraes (SD), que também tenta se colar à imagem do petista, possuía naquele momento. Os dados seriam de uma pesquisa para avaliação interna à qual o blog teve acesso.

"Danilo Cabral; apoiado por Lula e escolhido pelo PSB para liderar o programa participativo ‘Vamos juntos, Pernambuco’. Em todas as funções que ocupou, Danilo fez acontecer. Foi o secretário de Eduardo Campos que iniciou a revolução na Educação de Pernambuco', diz a segunda inserção.

A opção de não mencionar Paulo Câmara em nenhuma das peças pode ser explicada por um dado explicitado no resultado da última pesquisa eleitoral do Instituto Paraná Pesquisas, que aponta que o governo do socialista seria mais rejeitado em Pernambuco do que a gestão de Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o levantamento, Paulo seria desaprovado por 67,3% do eleitorado do Estado, enquanto Bolsonaro recebe a rejeição de 62,6% dos pernambucanos.

Nas inserções, contudo, o pré-candidato do PSB diz estar pronto para chefiar o Executivo estadual e convoca a população a aderir ao seu projeto. "Estou preparado para esse grande desafio. E já estamos trabalhando, ouvindo pessoas e unindo forças para liderar um novo ciclo de crescimento no nosso estado. Contamos com você. Vamos juntos, Pernambuco", declara Danilo.

Paulo Câmara atende pedido e exonera secretário-executivo de Geraldo Júlio

João Guilherme de Godoy Ferraz era secretário-executivo de Geraldo Júlio e acompanhava o gestor desde a Prefeitura do Recife. Sem alarde, ele foi exonerado de cargo em comissão pelo governador Paulo Câmara (PSB).

A exoneração saiu no Diário Oficial sem a cláusula "a pedido", tradicional quando é o próprio servidor que pede para deixar o cargo. João Guilherme não foi nomeado em outro cargo, segundo a edição do Diário Oficial.

Em tempo, como apurou a coluna, Diogo Luna Viana, Secretário Executivo de Gestão, também foi exonerado, sem indicação de pedido, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Sandra Helena Amaral Moraes foi colocada no cargo.

João Guilherme, nos bastidores, era considerado "braço-direito" do ex-prefeito Geraldo Júlio (PSB), titular da pasta onde João Guilherme atuava.

João Guilherme de Godoy Ferraz foi secretário de Governo de Geraldo na Prefeitura do Recife e acompanhou o ex-prefeito quando este assumiu o cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico.

João Guilherme foi um dos investigados na Operação Apneia, da Polícia Federal, que apurava gastos da Prefeitura do Recife, em 2020, no combate à covid-19. "O inquérito da operação citada em reportagem publicada no seu blog já foi devidamente concluído, sem que houvesse qualquer responsabilização ao meu nome ou algum tipo de indiciamento ou investigação pendente", disse o ex-secretário (confira a nota completa ao final desta reportagem).

Trecho da decisão da Justiça Federal sobre a terceira fase da Operação Apneia dizia, em julho de 2020, que o então secretário de Governo e Participação Social da Prefeitura do Recife, João Guilherme de Godoy Ferraz, também estava no rol dos investigados pela compra dos 500 respiradores de uso veterinário e sem aval da Anvisa.

O MPF citou o secretário no parecer da operação. "Há evidências de que este último participou ativamente com opiniões e auxílio em momentos cruciais envolvendo o contrato da Secretaria de Saúde com a BIOEX, tendo igualmente conhecimento das ilegalidades em torno desses pactos”, disse o MPF, na época.

João Guilherme de Godoy Ferraz diz que inquérito foi concluído sem responsabilização ou indiciamento

Veja o que diz João Godoy:

O inquérito da operação citada na reportagem já foi devidamente concluído, sem que houvesse qualquer responsabilização ao meu nome ou algum tipo de indiciamento ou investigação pendente. Esclareço, ainda, que o MPF, em sua denúncia, também não faz nenhuma menção a minha pessoa. Vale ressaltar que a própria Justiça Federal admitiu ser incompetente para analisar o referido processo.

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