A Rádio Jornal iniciou, nesta quarta-feira (8), uma série de entrevistas com pré-candidatos ao Governo de Pernambuco para tratar de políticas públicas e propostas para a habitação popular, obras de prevenção nas áreas de risco, planejamento e ordenamento urbano nas áreas de morro.
O pré-candidato a governador de Pernambuco pelo PSOL, o advogado João Arnaldo, foi o primeiro a ser ouvido - após um sorteio - e disse ser possível retirar a população das áreas de risco de deslizamento para locais seguros em oito anos.
Com as fortes chuvas das últimas duas semanas, 129 pessoas morreram em decorrência de deslizamentos de barreira no Recife e na Região Metropolitana. Na visão de João Arnaldo, há omissão do poder público.
"Em alguns locais é possível que as famílias podem viver após uma requalificação e alguns outros não é possível e tem de ser feita uma remoção para área segura. O que é um absurdo é que o Estado de Pernambuco e as prefeituras conhecem todos os pontos, sabem as casas que as pessoas estão e simplesmente temos uma omissão completa, como se as pessoas fossem invisíveis, só aparecem quando tem uma tragédia", afirmou.
Para a melhoria da qualidade de vida da população afetada pelas chuvas, o pré-candidato defendeu o aumento nos investimentos e a necessidade de parcerias do governo estadual com municípios.
"Primeiro, precisamos aumentar os investimentos, o governo do Estado não investe nada na área. Não existe plano do governo. Vamos fazer parceria e os municípios que garantirem cumprimento integral do orçamento previsto para isso, vamos triplicar esse valor e temos cálculo que mostra que em 8 anos é possível retirar todas as famílias do Recife de área de risco", disse o pré-candidato.
"Ainda mais em parceria com o governo federal, porque o governo Bolsonaro zerou recursos para habitação. Se conseguirmos um pouco mais de recurso, teríamos, em 8 anos, moradia digna e melhor qualidade de vida na periferia de Recife, Jaboatão, Olinda, Camaragibe", completou João Arnaldo.
Durante a entrevista, João Arnaldo admitiu que há uma dificuldade em encontrar áreas disponíveis no Recife para a construção de habitacionais e disse ser normal que a população queira continuar no local de risco por medo de abandono do Estado.
"É natural o vínculo territorial, as pessoas sempre viveram lá e não há esperança de que, quando saírem, algo vai funcionar de verdade. Elas têm medo de serem abandonadas. Não se pode questionar a legitimidade dessa expectativa. O problema é: onde está a ação do governo do Estado em propor algo novo?", questionou.
Ele disse que habitacionais poderiam ser construídos em áreas de habitação precária. "O Recife não tem tem zona rural e boa parte da cidade tem habitações muito precárias. Nessas áreas, podem ser feitos habitacionais, de dois ou três andares, você consegue bom ordenamento urbano e ainda ter áreas de lazer", concluiu o pré-candidato, que ainda defendeu trabalho conjunto e transparente envolvendo os profissionais de engenharia, arquitetura e urbanismo do Estado.
Na entrevista, João Arnaldo ainda defendeu melhorias para o metrô e para a Compesa e fez críticas tanto à gestão de paulo Câmara quanto a de João Campos, ambos do PSB, alegando haver falta de planejamento estratégico.