André de Paula (PSD) é um animal político, que respira política. Assim se apresentou o candidato ao Senado da chapa de Marília Arraes (SD), líder nas pesquisas de intenção de voto para o Governo de Pernambuco. Ele participou da sabatina promovida pela Rádio Jornal nesta segunda-feira (29).
O candidato apresentou seu currículo, recordando já ter cumprindo todos os passos no legislativo, com exceção do Senado: foi vereador do Recife, deputado estadual e seis vezes eleito deputado federal. Aos 61 anos e tendo dedicado mais de três décadas à vida política, se diz pronto para ocupar uma cadeira no que define como 'casa da maturidade' ou 'casa da experiência'.
"É um desafio diferente, que me estimula muito. O legislativo é um poder compartido, depende da capacidade politica de formar maioria. Sem capacidade politica de discutir e formar maioria, não se faz nada. Estou estimulado pelo meu melhor momento da vida publica", comentou o deputado federal, presidente estadual do PSD.
André de Paula, nesse sentido, reforçou o poder do seu partido e as portas que lhe podem ser abertas no Senado, caso eleito. Recordou que o PSD tem 14 senadores e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Pelos menos nove continuam com mandato e a legenda trabalha com a perspectiva de eleger mais seis nomes.
"Isso faz uma diferença absurda, é do maior partido de onde sai o líder do governo, comissão de Justiça e também a Presidência da Casa, além de pesar para relatorias de projetos. Isso é algo que vai ajudar a fazer a diferença", comentou o candidato.
André afirmou que tanto ele quanto Marília Arraes e Sebastião Oliveira (Avante) poderiam ter eleições 'mais confortáveis' para a Câmara dos Deputados. "Mas estava na hora de responder Pernambuco de forma mais efetiva. Posso e quero fazer a diferença. Sou louco por política, sou um animal político, faço política todos os dias da minha vida. Mas na majoritária, o risco é sempre maior", diz.
André de Paula e a aliança com Marília Arraes
Para reforçar sua capacidade de articulação, ele destaca a aliança com Marília, neta de Miguel Arraes. Isso porque André de Paula tem formação política pelo PFL, que posteriormente formou o DEM, que se uniu com o PSL e hoje forma o União Brasil.
"Quero ser o senador que não vai deixar faltar a Marília o apoio político pra transformar a vida dos pernambucanos. Vou cumprir missões, muito vinculadas a traduzir a força policia no que considero necessária para o estado", comenta.
Sua aproximação com Marília Arraes desagradou a parte mais fiel ao PSB, além dos saudosistas dos tempos de Marco Maciel. O candidato afirma não ter mudado ou abrir mão das suas convicções em nome da aliança.
"Não mudei, tenho orgulho da minha trajetória, nunca tive deslize apontado, matéria negativa de comprometimento e conduta política. Acredito na boa política, de construir consensos. O avô de Marília foi buscar um usineiro e colocou como Senador. Causou estresse, mas ele não deixou de ser o político identificado com o trabalhador rural", recorda, se referindo a Antonio Farias.
Do PFL ao PSD
André de Paula ainda recorda que Marco Maciel tinha Jarbas como adversário a ser batido, mas houve entendimento e formaram o União por Pernambuco. "Lula colocou José de Alencar como vice, achou pouco. Se fez politicamente em São Paulo, onde Geraldo Alckmin liderava o PSDB. Lula foi buscá-lo para estar ao seu lado", adiciona.
Nesse sentido, ele afirma que Marília 'encarna' os sentimentos de mudança, esperança e oportunidade. "Sei que, quando fiz essa opção, perderia votos, mas também ganhei. Ela me coloca num ambiente que eu não entrava, pararam com o preconceito e foram pesquisar sobre mim, não sou político de esquerda ou do PT", comentou.
Ele completa: "A política é juntar as pessoas. Em torno do principal a gente se junta. Quando eu imaginaria, na juventude do PFL, disputar a primeira eleição com chances com a neta de Arraes? É o que eu acredito, estar do lado de gente competente e competitiva, e estar ao lado de Marília é ainda melhor".
Atuação da campanha e no Senado
O candidato foi colocado diante dos dados do agregador de pesquisas do Jornal do Commercio e foi questionado sobre o alto número de brancos, nulos e indecisos, que chega a quase 30%. André de Paula lidera a corrida, com quase 12%.
Ele considerou ser natural o eleitor se envolver mais com a eleição para cargos do executivo e, pela sua experiência, enxerga que o voto ao Senado começa a ser formado nos últimos 15 dias da eleição. André considera que, quando se define um voto para governador, seu senador tende ir junto, desde que não desagrade.
"O senador tem desafio de representar todos e de aproximar o dia a dia do Senado de quem precisa de representação", disse. Nesse sentido, exemplificou suas conversas com interlocutores do brega funk, com quem aprendeu sobrea a importância econômica desse nicho musical.
"Eles gostariam de serem olhados como profissionais", diz. Dessa forma, defende um projeto que transforme a ocupação numa profissão. O candidato ainda defendeu o diálogo com o setor para 'evitar envelhecer' e dar voz às futuras gerações.
Ainda sobre a atuação no Senado, afirmou que, se eleito, 'périplo' nas entidades representantes da sociedade civil para saber o que pode fazer. Defendeu também maior proximidade com os vereadores, chamados por André de 'interlocutores do dia a dia'.
"Quero abrir as portas do municipalismo, conversar abertamente com os prefeitos. Quero raciocinar, com o erro não tenho compromisso, a gente nunca sabe te tudo e aprende todo dia, normalmente com o povo", comentou.
Campanhas adversárias ligadas à esquerda, como a de Teresa Leitão (PSD), reforçam o discurso de que André de Paula atua contra a classe trabalhadora. Ele foi questionado sobre como colocaria os interesses fiscais do Governo e os interesses das diferentes classes na balança. O deputado citou, então, o exemplo o projeto do piso para a enfermagem.
"Não há político que possa votar contra o piso dos enfermeiros. O mérito é deles. Mas entender como pagar deveria um dever de casa, um papel importante do Senado. Me surpreendeu muito ver o Senado se comportar como a Câmara se comportou, de fazer concessão à urna ou à demagogia. Serei o senador que não pensa na próxima eleição, mas na próxima geração", afirmou.
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