No debate promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) nesta terça-feira, Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB) responderam questionamentos sobre o desenvolvimento econômico do estado, infraestrutura, geração de emprego e segurança pública. Em cada resposta, porém, as candidatas ao Governo encontraram oportunidade para associar à adversária uma "âncora" eleitoral.
No caso de Marília Arraes, a candidata focou suas críticas na associação de Raquel Lyra ao bolsonarismo e ao governador Paulo Câmara, lembrando da aliança do ex-governador João Lyra com o atual gestor. Já a tucana tentou associar o PSB à adversária, lembrando do apoio dado pelo atual governador pernambucano e seu partido à candidata do Solidariedade.
Em Pernambuco, Bolsonaro teve 29,91% dos votos no primeiro turno e tem reprovação de 62,9% no estado, segundo pesquisa Simplex divulgada em agosto. Paulo Câmara, segundo o mesmo levantamento, tem desaprovação de 68,2% dos pernambucanos. A disputa para livrar-se da rejeição do governador rendeu um embate à parte.
"Venho alertando que, na situação na qual o Brasil se encontra, é uma irresponsabilidade histórica não se posicionar. Bolsonaro fez falas praticamente se declarando pedófilo. Você é mãe, é mulher. (...) Você não se pronunciou. Por que você não assume que é a candidata de Bolsonaro em Pernambuco?", questionou Marília Arraes, fazendo referência ao vídeo do presidente sobre adolescentes venezuelanas, num dos momentos mais tensos sobre o tema.
Raquel respondeu. Mais que posicionamento, ela disse que suas ações enquanto secretária, no sentido de combate à exploração infantil, de trabalho e sexual, demonstram sua posição sobre o tema. "Investimos na assistência social. Política Pública de verdade se faz com orçamento e prática. É inadmissível qualquer fala que trate de exploração infantil, jamais serei conivente, mas não vou declarar meu voto ou fazer campanha para Presidente", disse.
A disputa nacional também foi tema quando Raquel Lyra questionou o Plano de Governo de Marília Arraes. A candidata tucana apontou que o documento da deputada federal tem 'apenas' doze páginas e levantou questionamentos sobre o que classificou como sinal de falta de propostas para resolver problemas de Pernambuco.
Marília se defendeu levantando suas alianças recentes com partidos de esquerda. "Temos uma ampla aliança com PT e PSOL, estamos analisando suas propostas. O plano de governo é construído nas ruas. E não faço isso de um ano pra cá, como você fez com Anderson Ferreira (PL), o candidato de Bolsonaro. Seu plano de governo foi construído assim. Meu plano de governo foi construído em cinco anos andando Pernambuco com projeto de mudança alinhada a Lula, você está alinhada à turma de bolsonaro", respondeu.
A candidata do Solidariedade, ainda se defendendo sobre o ponto levantado por Raquel, disse que a adversária não 'tem coragem' de assumir Bolsonaro porque quer ganhar voto de todos os lados. Arraes ainda chamou Lyra de 'Diana do pastoril' para ganhar voto de Lula e Bolsonaro. "Numa situação séria a gente tem que se posicionar, Pernambuco sabe que sou oposição ao PSB e você fala mais de Paulo Câmara que Danilo Cabral".
Acusações sobre Fake News
Ao rebater as acusações sobre associação a Bolsonaro, Raquel Lyra acusou Marília Arraes de ser a "candidata das fake news". A tucana chegou a citar a eleição de 2020 pela Prefeitura do Recife, quando a então filiada ao PT foi alvo de campanhas de desinformação envolvendo religião e pautas sobre comportamento.
Marília Arraes afirmou que continua sendo alvo de desinformação, desta vez propagada pela campanha do PSDB. A candidata do Solidariedade poupou Raquel Lyra de críticas diretas, afirmando que sua equipe disseminou fake news enquanto a adversária estava recolhida durante o luto pela perda do marido.
As acusações de desinformação foram o mote do debate no penúltimo bloco de perguntas. Raquel Lyra chegou a citar as vitórias judiciais da sua campanha contra publicações com fake news espalhadas por marilistas nas redes sociais.
"Raquel, candidata fake news é você, seu presidente é o presidente das fakes news, disparadas diariamente. Meu jurídico não para de trabalhar contra as fakes disparadas pela sua campanha", disse Marília, antes de questionar: "qual é a sua verdade, qual seu candidato a presidente?".
A ex-prefeita de Caruaru rebateu: "ganhamos dez ações por conta de fake news, Marília não ganhou nenhuma. O José Matheus é coordenador da militância, pago com fundo eleitoral. Foi ele alvo de liminar pra tirar fake news, todas as ações contra nós foram julgadas improcedentes. A gente trabalha com transparência. Fomos premiados por trabalhar com transparência e eficiência".
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