Da Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta segunda-feira, 17, de uma celebração católica, em Brasília, que contou com a presença de Padre Kelmon, ex-candidato ao Palácio do Planalto pelo PTB. No primeiro turno, os dois fizeram uma espécie de "dobradinha" no debate da TV Globo, e Kelmon protagonizou um embate na ocasião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No ato de hoje, padres rezaram por Bolsonaro, pregaram contra o comunismo e falaram em "combate espiritual", numa referência ao segundo turno da eleição, em que o presidente disputa o comando do País com Lula. "Afastai para longe de nós a peste do comunismo e toda ideologia nefasta", dizia um trecho da oração. O presidente não discursou.
Bolsonaro tem tentado ampliar sua votação entre os católicos, público que o rejeita mais do que os evangélicos. Segundo pesquisa Ipec divulgada hoje, o chefe do Executivo tem 38% dos votos nesse segmento da população, uma alta de quatro pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior, divulgado em 10 de outubro. Lula segue na liderança nesse grupo com 56%, mas perdeu quatro pontos na comparação com a pesquisa anterior.
Na última quarta-feira, 12, Bolsonaro foi a Aparecida (SP) para participar das homenagens a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Um dia antes, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou o que chamou de "exploração eleitoral da fé" no segundo turno das eleições.
No dia 9, o chefe do Executivo participou do Círio de Nazaré, em Belém (PA), uma celebração católica em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré. Na ocasião, a Arquidiocese de Belém, responsável pela organização do evento, informou que não houve convite a qualquer autoridade.
Kelmon
No celebração de hoje, chamada de "Noite de clamor pelo Brasil, Terra de Santa Cruz", além de Padre Kelmon, Bolsonaro estava acompanhado da primeira-dama Michelle, de seu candidato a vice, Walter Braga Netto (PL), da senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), dos deputados Bia Kicis (PL-DF), Celina Leão (PP-DF) e Joaquim Passarinho (PL-PA) e do senador Wellington Fagundes (PL-MT).
Um dia após o debate da Globo no primeiro turno da eleição, Bolsonaro elogiou a atuação de Kelmon e a campanha avaliou que o candidato do PTB "funcionou muito bem" ao conseguir "tirar Lula do sério".
Um interlocutor do presidente observou ao Broadcast Político, na ocasião, que em debates eleitorais quem "bate muito" no adversário pode acabar sendo mal visto pela audiência. Por isso, a estratégia foi usar o candidato do PTB para atacar Lula. Durante o debate, o apresentador William Bonner precisou intervir durante uma discussão entre o petista e Padre Kelmon.
"O Padre Kelmon acabou funcionando muito bem. Quando você mede o sentimento nas redes sociais, ele ficou muito atrelado ao bolsonarismo. O embate do Lula com ele foi, na verdade, do Lula com o bolsonarismo", afirmou a fonte. Além disso, o episódio gerou material para as redes sociais de apoiadores do presidente
A CNBB, por sua vez, divulgou uma nota após o debate na qual afirmou que Kelmon não é sacerdote da Igreja Católica Apostólica Romana. "Oportuno ressaltar que, conforme vigência na Lei Canônica, os padres da Igreja Católica, em pleno exercício do ministério sacerdotal, não disputam cargos políticos, nem se vinculam a partidos", dizia a nota da CNBB.