Governadora eleita de Pernambuco, Raquel Lyra promete gestão eficiente e com olhar voltado para os vulneráveis

Pela primeira vez na história do País uma chapa composta por duas mulheres foi eleita para comandar um Estado. Em Pernambuco, também pela primeira vez, um enfraquecido PSDB chega no mais alto cargo do Executivo
Lucas Moraes
Renata Monteiro
Publicado em 30/10/2022 às 23:54
Raquel Lyra e Priscila Krause vão assumir o Governo de Pernambuco a partir de janeiro de 2023 Foto: BRUNO CAMPOS/ JC IMAGEM


Na Zona Sul do Recife, ao lado de familiares, apoiadores e aliados políticos, Raquel Lyra (PSDB) e Priscila Krause (Cidadania) fizeram, na noite deste domingo (30), seu primeiro pronunciamento público como governadora e vice-governadora eleitas em Pernambuco. O momento foi fortemente marcado pela emoção da vitória, mas também pela homenagem que a tucana fez ao seu esposo, Fernando Lucena, que faleceu no dia da votação do primeiro turno, vítima de um infarto. Antes de iniciar o seu discurso, Raquel pediu um minuto de silêncio em memória do companheiro, para logo em seguida ressaltar a força da ligação que possuía com ele.

“Fernando sonhou comigo todos os meus sonhos, sempre disse que não existiu Fernando sem Raquel e nem Raquel sem Fernando. Ele sonhou, a gente sonhou junto fazer Caruaru, mudar a vida de gente, sonhou estar aqui hoje. Meu amor, nego, eu vou fazer tudo aquilo que a gente sonhou junto - cuidar de gente, ir aonde não chegaram; ir nos invisíveis. Foi para isso que Deus nos deu nossa missão”, disse a ex-prefeita de Caruaru.

Raquel também agradeceu o apoio que recebeu da sua equipe de campanha e aliados durante o período eleitoral, e ressaltou a importância de Priscila Krause para o sucesso da dupla na corrida pelo Palácio do Campo das Princesas. “Priscila nunca duvidou que fazer política do jeito certo vale a pena. Fomos para as ruas, para o chão, conversar com as pessoas, olhar olho no olho para o povo que vive em cada região desse Estado e com ele nos comprometemos”, afirmou.

Segundo a próxima chefe do Executivo estadual, sua principal meta a partir de agora será “construir pontes”, inclusive com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para “fazer com que Pernambuco possa voltar a ser um Estado unido, buscando trazer projetos e investimento”. Durante o segundo turno do pleito deste ano, Raquel decidiu não revelar em quem votaria para presidente. Após o anúncio da vitória do petista, ela voltou a ser questionada pela imprensa sobre a votação, mas preferiu manter sigilo sobre a escolha.

Pela primeira vez na história do País uma chapa composta por duas mulheres foi eleita para comandar um Estado. Em Pernambuco, também pela primeira vez, um enfraquecido PSDB - que este ano elegeu apenas três deputados estaduais (Débora Almeida, Álvaro Porto e Izaías Régis) e nenhum federal - chega no mais alto cargo do Executivo. Na visão de Priscila Krause, o quadro mostra que a população do Estado anseia por um novo modelo de gestão pública.

“O povo pernambucano deseja mudança de verdade e essa mudança tem nome, sobrenome e apresentará um futuro muito melhor para o nosso Estado. A gente chegou aqui com muita garra, passando por todos os desafios e sem perder a fé um minuto sequer. Em momento algum a gente duvidou e conseguiu levar essa mensagem para o coração da população. O nosso trabalho é grande, vamos unir Pernambuco e cuidar da nossa gente”, destacou Priscila.

Entre os apoiadores da dupla o sentimento é semelhante. Ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (União Brasil) declarou que Raquel tem não somente a responsabilidade de ser a primeira governadora do Estado, mas também “encerrar um ciclo de 16 anos do PSB” à frente da administração estadual. Miguel afirmou, contudo, que confia na habilidade da aliada de “articular uma grande equipe e bons projetos” , e disse estar à disposição para auxiliá-la no processo, caso a tucana julgue necessário.

Ex-governador e deputado federal eleito, Mendonça Filho (União Brasil) disse que o Estado agora vai viver “outra dinâmica, outra forma de governar, respeitando as instituições de forma ampla e democrática”.

“Agora, sob o comando de Raquel, evidentemente a gente espera que Pernambuco possa trilhar um novo horizonte em relação ao futuro. Todo pernambucano espera que ela possa fazer um governo ousado, revolucionário, sintonizado com a população, principalmente aqueles que mais precisam de emprego, renda, educação de qualidade, investimento em saúde e infraestrutura”, pontuou Mendonça.

Para Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB, o resultado dos pleitos estaduais, inclusive de Pernambuco, aponta para uma tendência de arrefecimento da polarização que dominou o País nos últimos anos, uma mudança de paradigmas, segundo ele.

“Como pernambucano eu acredito que estamos vivendo um novo momento, de esperança, uma vida de ciclo geracional e não é só mudar e ter um novo governador. Nós vamos ver nesse momento no Brasil governadores como Eduardo Leite (PSDB), no Rio Grande do Sul, Raquel aqui, emprestando um novo momento de se comunicar com a população, onde o Brasil começa a abandonar os extremismos e cuidar do que interessa à vida das pessoas, de baixo para cima”, declarou o tucano.

Após o fim do pronunciamento, Raquel seguiu para um dos seus comitês de campanha no Recife, para cumprimentar aliados. Devido ao luto que está vivenciando, a governadora eleita optou por não realizar comemorações públicas pela vitória.

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