REFLEXÃO

Eduardo Leite assume presidência do PSDB defendendo espaço para terceira via e que partido precisa apresentar agenda para população

Novo presidente do PSDB, Eduardo Leite, afirma que partido deve conciliar pautas hoje associadas à esquerda ou à direita

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Mirella Araújo

Publicado em 02/02/2023 às 17:47 | Atualizado em 02/02/2023 às 17:53
"Não adianta a gente apresentar o partido, o PSDB, o centro, a terceira via, sendo simplesmente 'nem Lula nem Bolsonaro'", disse Eduardo Leite - Guga Matos / JC Imagem

Do Estadão Conteúdo

Ao assumir a presidência nacional do PSDB, nesta quinta-feira (2),  o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, expressou sua visão sobre o futuro do partido tucano.

Segundo o dirigente, o partido precisa apresentar à população uma agenda própria, sem ficar refém de estratégia de se apresentar como alternativa para os eleitores que não gostam nem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

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Nestas eleições, foi notório o "encolhimento" do PSDB a nível de representatividade. Para Leite, esse saldo seria uma "oportunidade" para reflexão interna que, defende ele, precisa identificar quais segmentos da sociedade estão abertos a se engajar neste projeto.

"Essa é nossa tarefa, ao longo dos próximos anos, conseguirmos gerar mobilização a favor de algo e não simplesmente contra alguém. Temos que fazer isso ao longo dos próximos anos para chegar em 2026 com consistência, força política e relevância", afirmou, em entrevista à TV Estadão.

Eduardo leite , que cogitou deixar o PSDB em 2022 para se candidatar à Presidência, repisa a confiança de que existe espaço para a terceira via no País.

"Não adianta a gente apresentar o partido, o PSDB, o centro, a terceira via, sendo simplesmente 'nem Lula nem Bolsonaro'", disse. "Precisamos dizer o que a gente é, mostrar para a população o que a gente defende. E, para isso, vamos ter que promover uma discussão interna, profunda, do conteúdo, da agenda, do programa do PSDB para o País, para que a gente possa saber comunicar."

A crise de identidade do PSDB ficou exposta nas eleições de 2022, quando integrantes históricos do partido defenderam voto em Lula no segundo turno, enquanto os representantes do partido no Congresso se aproximaram do bolsonarismo. Leite, que declarou voto em Bolsonaro em 2018, mas manteve posição crítica ao ex-presidente nos últimos anos, não declarou em quem votou no ano passado.

AGENDA DO PSDB

A primeira agenda do PSDB, na visão do novo presidente da legenda, deve ser conciliar pautas hoje associadas à esquerda ou à direita.

"Não acho que tenhamos de optar por ter ou responsabilidade fiscal, com reformas que reduzam a despesa, para que o estado seja mais enxuto, que privatize, que tenha melhor performance ou então que o Estado seja sensível e indutor de políticas sociais, promoção e inclusão social. Tem que ser as duas coisas", afirmou. Ele também defende que a sigla una, a isso, as bandeiras da sustentabilidade e do respeito à diversidade.

Nas eleições para a presidência do Senado realizadas nesta quarta-feira (1º),  parlamentares tucanos apoiaram a candidatura de Rogério Marinho (PL), candidato do bolsonarismo que saiu derrotado.

Leite lamentou que o partido não tenha discutido nacionalmente a questão como "estratégia de posicionamento" e minimizou o apoio dos tucanos a Marinho.

Os votos, segundo ele, tiveram "caráter eminentemente interno muito mais do que por qualquer tipo de terceiro turno, como estão tentando traduzir", disse Leite, que também ataques, no discurso político, ao Supremo Tribunal Federal - uma das plataformas da oposição no Senado.

ARENA POLÍTICA

O tucano faz críticas à condução da política econômica de Lula, mas comemora o fato de o debate ter "voltado para a arena da política". "Do ponto de vista da atuação política, a relação é mais saudável. A relação com Bolsonaro era na canelada, com agressão constante, ataques aos governadores, ao STF, a tudo que não pensasse como ele", afirmou.

O PSDB discute a possibilidade de fusão com o Cidadania, com quem é federado, e de ampliação da federação para incluir o Podemos.

"Vamos avançar nessas discussões para ver se isso é conveniente, não apenas do ponto de vista pragmático do número de assentos no Congresso, mas do ponto de vista programático", disse. A ideia é avançar na discussão com o Podemos nas próximas semanas. Sobre a fusão com o Cidadania, segundo ele, a discussão é de longo prazo. "A federação é uma antessala de uma fusão, é um test-drive", afirmou.

 

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