TUBARÃO EM PERNAMBUCO: Equipamento que afastava animal não é mais utilizado pelos Bombeiros

O presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (CEMIT), o coronel Robson Robert, afirmou nessa terça-feira (7) que o equipamento de segurança que era utilizado pelos salva-vidas para afastar os animais durante os salvamentos deixou de ser utilizado em Pernambuco.

O "shark shield", como é chamado o dispositivo, era preso na perna dos bombeiros, criando um campo magnético que afugentava e impedia a aproximação dos tubarões. Contudo, parou de ser comprado por ter um alto custo e, segundo o coronel, não ter correspondido à eficiência esperada.

"Tivemos problemas por eles darem choques nos guarda-vidas. Era de difícil manutenção, muitas vezes não tinham peças de reposição, então não utilizamos mais essa peça hoje", explicou ele, durante entrevista à TV Jornal, sem revelar quando o objeto entrou em desuso.

Pela internet, o JC encontrou o equipamento sendo vendido por mais de 500 dólares, o que daria em torno de R$ 3 mil pela cotação atual.

Nesta quarta-feira (8), o blog de Jamildo mostrou que os bombeiros guarda-vidas enviaram um ofício para a Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) relatando que os guarda-vidas se sentem inseguros para realizar um salvamento simples.

Isso pela incerteza que irão "voltar sem sofrer um ataque de tubarão, conforme situação apresentada não há condições de segurança para realizar salvamento citado".

Em outro relato, um bombeiro ao entrar no mar para ajeitar uma boia, viu vários tubarões circulando, mesmo com a água apenas na altura da cintura.

Na última segunda-feira (7), viralizou um vídeo que mostrava os salva-vidas retirando um homem do mar à força cerca de dez minutos após ter acontecido um incidente com tubarão na Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, pelo segundo dia consecutivo.

Atrás deles, surgia, em um dos momentos, o que parecia ser um animal marinho - mostrando o risco que tanto o homem, que foi detido, quanto os salvadores corriam. 

Na entrevista, o coronel Robson afirmou que o Cemit vai atrás, agora, "de algumas pesquisas voltadas não só para o monitoramento animal, como para proteção dos guarda vidas. Se esse [shark shield] for um subterfúgio que possa utilizar e consigamos trazer segurança para nosso efetivo, com certeza voltará a ser estudado", pontuou.

Além disso, o presidente do órgão pediu que pela conscientização da população quanto aos riscos. "Precisamos que a sociedade esteja cada vez mais conscientizada e não adentre em locais onde não possa, que respeite o espaço do animal."

TUBARÃO EM PERNAMBUCO

Os três incidentes em menos de um mês no Estado entraram para as estatísticas do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (CEMIT), que contabiliza 77 ocorrências desde 1992, sendo 67 no continente e outras 10 no arquipélago de Fernando de Noronha.

O Estado está sem realizar o monitoramento da costa pernambucana para acompanhar o comportamento dos tubarões desde 2014. O governo estadual tinha uma parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), mas foi encerrada.

VOLTA DE MONITORAMENTO DE TUBARÕES

Então, nessa terça-feira (8), a governadora Raquel Lyra (PSDB) anunciou que a primeira reunião de recomposição do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) será realizada na próxima quinta-feira (9), às 14h, no Palácio do Campo das Princesas.

Além da cooperação técnica e científica firmada com as universidades Federal de Pernambuco (UFPE), Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade de Pernambuco (UPE), na manhã desta terça-feira, através da assinatura de um protocolo de intenções, também fará parte do comitê os representantes ministérios da Pesca e de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo federal.

A governadora de Pernambuco também reconheceu a necessidade de realizar um concurso público para aumentar o efetivo do Corpo de Bombeiros e dar condições de intensificar o trabalho de fiscalização das áreas de riscos envolvendo os tubarões.