Da AFP
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou na noite desta quarta-feira (12) à China para uma visita oficial, com o objetivo de fortalecer os laços entre o gigante asiático e a maior economia da América Latina, assim como conversar com seu contraparte chinês, Xi Jinping, sobre o conflito na Ucrânia e investimentos.
Lula, acompanhado da primeira-dama, Janja, foi recebido em Xangai pelo vice-ministro das Relações Exteriores da China, Xie Feng, segundo imagens divulgadas pelo Planalto.
A visita oficial à China, principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, estava inicialmente marcada para os dias 25 a 31 de março, mas foi adiada devido a uma pneumonia de Lula, de 77 anos.
Antes de deixar o Brasil, Lula disse que planejava convidar o presidente Xi para uma visita, em data não especificada: "Nós vamos consolidar nossa relação com a China. Vou convidar Xi Jinping para vir ao Brasil, para uma reunião bilateral. Para conhecer o Brasil, mostrar os projetos que temos de interesse de investimento dos chineses".
Em sua quarta visita oficial à China, Lula lidera uma delegação que inclui cerca de 40 representantes políticos, entre eles ministros, governadores e deputados, além de um grande grupo de empresários.
Desde o primeiro mandato presidencial de Lula, iniciado em 2003, as relações entre a China e o Brasil experimentaram um forte impulso. Após a primeira visita do petista, em 2004, o volume de comércio entre as duas economias cresceu 21 vezes, segundo o Planalto.
Em 2022, o gigante asiático importou do Brasil R$ 89,4 bilhões, com destaque para soja e minerais, e exportou um valor de R$ 60,74 bilhões, segundo dados do Planalto.
A agenda de Lula de amanhã em Xangai inclui a posse da ex-presidente Dilma Rousseff como presidente do banco dos Brics, grupo formado pelas economias emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Em seguida, o presidente visitará um centro de desenvolvimento da Huawei e se reunirá com líderes do conglomerado automotivo e eletrônico BYD e da Companhia Chinesa de Construção e Comunicações (CCCC).
Lula tentará mediar conflito entre Ucrânia e Rússia
À noite, Lula seguirá para Pequim, onde a agenda terá um rumo mais político com o encontro na sexta-feira com Xi Jinping, com quem deverá abordar o conflito na Ucrânia.
Brasil e China têm em comum o fato de não terem imposto sanções à Rússia e esperam desempenhar um papel de mediador no conflito.
Na semana passada, o petista disse que a Ucrânia "não pode querer tudo" e sugeriu a possibilidade de Kiev ceder o território da península da Crimeia, cuja anexação de 2014 por Moscou não é reconhecida pelo governo ucraniano.
O porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, respondeu que não há razão para "abandonar um único centímetro do território ucraniano", mas agradeceu "os esforços do presidente brasileiro para encontrar uma maneira de impedir a agressão russa".
Lula propõe formar um grupo de países para trabalhar em uma solução negociada para o conflito causado pela invasão russa. Após seu retorno da China, esse grupo estará "criado", prometeu.