O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) atualizou o perfil profissional dele no LinkedIn com o cargo de senador, que ocupa há cinco meses, desde o início de fevereiro deste ano. A publicação foi feita em inglês nesta segunda-feira (17). Moro se disse orgulhoso por representar a população do Paraná e afirmou que "a luta por justiça continua".
"Estou feliz em compartilhar que comecei, em fevereiro de 2023, um mandato como senador federal no Senado Federal da República do Brasil. Orgulhosamente representando o povo do Estado do Paraná. A luta por justiça continua", disse na rede de relacionamento corporativo.
Moro se apresenta como professor e consultor no LinkedIn. Assim como a publicação sobre a atualização do cargo, a biografia de apresentação do ex-juiz também é em inglês. No texto, ele destaca as atuações como diretor na empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal, em São Paulo; ministro da Justiça e Segurança Pública, de 2019 a 2020; e juiz da Operação Lava Jato.
O senador enfrenta um ambiente adverso no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), após mudanças na composição da Corte que podem pôr em risco o mandato dele. Nesta segunda, em entrevista ao Estadão, Moro atribuiu a "especulações fantasiosas" as ações que o acusam de abuso do poder econômico. "São mero estratagema do PT para calar, à moda venezuelana, à oposição democrática", disse.
Moro é investigado, principalmente, por suspeita de abuso de poder econômico na pré-campanha das eleições de 2022, com gastos eleitorais acima dos limites estabelecidos pela lei. O processo ainda está em fase de produção de provas, mas tanto adversários políticos quanto aliados apontam que mudanças recentes no Tribunal prejudicaram o clima favorável que o senador desfrutava até o mês passado.
Mudança na relatoria
A principal mudança foi a troca na relatoria do processo, que estava nas mãos de Mário Helton Jorge. Em junho, o desembargador uniu as ações do PT de Lula e do PL de Bolsonaro que pedem cassação de Moro por caixa 2 e, em uma das últimas ações no TRE, tomou decisão favorável a Moro, negando pedidos de diligências dos partidos.
Entre eles, expedição de mandado de busca e apreensão contra o ex-juiz, inclusive com o recolhimento do celular do parlamentar, e quebra dos sigilos telemático, bancário e fiscal.
Helton Jorge voltou a se manifestar em favor de Moro, negando ao PL excluir testemunha da defesa na ação. Pela postura do desembargador, a expectativa era de que ele daria um parecer contra a representação.
No entanto, Helton se afastou da relatoria depois da divulgação de um discurso dele afirmando que a cultura do Paraná é "superior" à das regiões Norte e Nordeste. O próprio Tribunal de Justiça do Paraná disse que não endossa a postura do desembargador, que encerrou o mandato no TRE em 4 de julho.
A relatoria da ação, então, foi assumida pelo desembargador D'Artagnan Serpa Sá, que não é identificado como adepto dos métodos da Lava Jato e é apontado como um magistrado com independência para barrar eventuais pressões de aliados de Moro
A posse de novos integrantes no Tribunal também aumentaram a tensão que pesa contra Moro. O advogado Julio Jacob Junior, por exemplo, é ligado ao ex-governador tucano Beto Richa, que foi alvo da Operação Lava Jato. Além disso, Jacob Junior foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em abril. O juiz Anderson Ricardo Fogaça também é visto como os que poderiam votar contra Moro em caso de provas consistentes.
Há também aliados do ex-juiz no Tribunal e a situação dele não está definida. O cenário, porém, não é favorável. Depois do TRE, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deverá se posicionar. Em junho, o TSE determinou a cassação de Deltan Dallagnol, aliado de Moro na Lava Jato.