O protagonismo do candidato a prefeito do Recife, Gilson Machado, durante a visita do ex-presidente Jair Bolsonaro a Pernambuco, expôs um problema que estava restrito aos bastidores da legenda: a disputa de poder entre o grupo dos Ferreiras e o próprio Gilson. Apesar de ser o atual presidente estadual do PL, o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, ficou fora dos principais eventos. Não foi visto nas carreatas da capital e do interior, levou falta no encontro do ex-presidente com a militância bolsonarista no Clube Português e ficou pelos cantos na ida de Bolsonaro a Olinda e a Jaboatão.
A maior expressão da ausência dos Ferreiras foi sentida na carretada deste sábado na qual, mesmo Gilson não estando presente, Anderson e seu irmão, o deputado federal André Ferreira, não apareceram ao lado do ex-presidente no veículo aberto onde se encontravam os deputados estaduais e federais do PL. “ Soube que eles foram para a padaria Boa Viagem mas o carro já veio lotado desde o hotel e tinha tanta gente na padaria que Bolsonaro não conseguiu parar para tomar um café” – disse um assessor do PL a este blog, pedindo anonimato.
Na verdade, isso não seria problema se fosse um ato isolado. Desde que se anunciou a vinda do ex-presidente a Pernambuco que Anderson foi deixado de lado por Gilson e seus assessores. Ele não sabia antecipadamente da visita e nem do roteiro que Bolsonaro iria seguir. Ex-ministro e amigo do presidente, Gilson tomou a frente de tudo. Recebeu o ex-presidente no Aeroporto e não o soltou mais, nem mesmo em Olinda onde a candidata a prefeita Isabel Urquiza foi lançada por Anderson e André. Gilson teria impedido que Anderson chegasse mais perto de Bolsonaro, que o cumprimentou sem qualquer afago.
O próprio ex-prefeito se queixou a uma pessoa próxima, argumentando: “nem em Olinda ele nos deu espaço, a própria candidata foi deixada em segundo plano”. A partir daí, Anderson, que acompanhou Bolsonaro no Recife sem direito a lugar no carro principal, decidiu não ir ao interior e nem ao Clube Português. Até onde vai essa “disputa de vaidades” como opinou a este blog um deputado estadual que não é do PLÇ mas acompanha a encrenca?
Na verdade, além de amigo de Bolsonaro e ex-ministro do turismo, Gilson foi candidato a senador há dois anos e foi o segundo mais votado no Recife, onde disputa hoje a Prefeitura. Com interesse em reavivar na memória dos eleitores da capital sua ligação ao ex-presidente, ele fez tudo e até desrespeitou as regras eleitorais e precisou desistir da última e mais importante carreata para não levar multa de R$ 100 mil por dia, como determinou o TRE. Nos bastidores, no entanto, ele é criticado por não ter comunicado aos demais protagonistas do partido a visita e nem ter fornecido o seu roteiro a tempo de Anderson se programar.
O ex- prefeito Anderson Ferreira disse que o protagonismo é dos candidatos. Como ele não é candidato, foi discreto.