O posto de bastião do bolsonarismo na música foi assumido por Amado Batista após o avanço das investigações contra Sergio Reis. O cantor de 70 anos fez vídeo convocando a população a se manifestar a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), alimentando a onda de ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O vídeo segue a já conhecida estética kitsch, comum aos vídeos em apoio ao presidente: Amado Batista apareceu usando boné, com a imagem embaçada, um hino nacional tocando ao fundo e cores verde e amarela supersaturadas como base para um texto que convocava apoiadores do presidente para um protesto no dia 7 de setembro.
“Brasil, acorda! (...) Estaremos juntos nas ruas em favor do Brasil, em favor da nossa liberdade, em favor do nosso capitão, presidente. Aliás, nós o elegemos para isso, para que ele pudesse dar um rumo novo a esse país, virasse um primeiro mundo, que é o que todos nós sonhamos", diz o cantor em trecho do vídeo.
A gravação foi divulgada no final da noite dessa quinta-feira (19) por Graciela Nienov, vice-presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Ela se identifica como "Leoa petebista" e, vez ou outra, compartilha uma montagem do seu rosto mesclado ao da predadora felina.
Internautas fizeram piadas com a declaração de Amado Batista, mas os trend topics do Twitter foram dominados por termos favoráveis ao presidente em sua cruzada contra as demais instituições. O vídeo do cantor foi compartilhado por bolsonaristas que pediam liberdade, "democracia" e o fim da suposta "censura" contra figuras Roberto Jefferson (presidente do PTB) e o deputado Daniel Silveira (PSL).
Neste ponto as coisas se confundem. O cantor, torturado durante a ditadura militar, comentou em 2017 que prefere a volta do regime, responsável justamente por calar opositores e censurar críticas. Em 2013, o músico comparou a tortura praticada pelo Estado ao castigo imposto por uma mãe às crianças.