Irmã Dulce, também conhecida como Santa Dulce dos Pobres, foi uma grande freira brasileira, que agora poderá ser a primeira santa na história do Brasil a ganhar um feriado nacional em seu nome. Isso porque a Comissão de Educação do Senado aprovou a criação do dia, mas ainda precisa passar pela validação da Câmara dos Deputados e, se aprovado, segue para sanção do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Mas, quem foi Irmã Dulce? A santa foi a segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes. Nascida no dia 26 de maio de 1914, em Salvador, Bahia, aos sete anos perdeu sua mãe. Logo no ano seguinte, a religiosa fez a primeira comunhão na Igreja de Santo Antônio Além do Carmo. Quando atingiu seus 13 anos, a freira demonstrou a sua caridade e senso de justiça, portanto, começou a abrigar mendigos e doentes em sua casa, transformando a residência da família em um núcleo de atendimento. Inclusive, o local ficou conhecido como 'A Portaria de São Francisco'.
Início de vida religiosa
Ainda na mesma idade em que iniciou as suas ações, ela foi rejeitada no convento de Santa Clara. Em 1933, Irmã Dulce se formou como professora primária e, em seguida, conseguiu entrar para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em São Cristóvão, Sergipe. Recebendo o hábito de freira, em homenagem à sua mãe, adotou o nome de Irmã Dulce.
Sua missão
Como freira, a primeira missão recebida foi o ensinamento em um colégio mantido pela sua congregação, mas o seu pensamento sempre esteve voltado aos pobres. Em 1935, começou a assistir uma das comunidades de Alagados, que viviam em palafitas. Além de ajudá-los, criou um posto médico. Em 1937, fundou a União Operária São Francisco, primeira organização operária católica do estado, que deu origem ao Círculo Operário da Bahia, criado em 1937, ao lado do Frei Hildebrando Kruthaup.
A partir disso, Irmã Dulce construiu três cinemas através de doações: Cine Roma, Cine Plataforma e Cine São Caetano. Após isso, em maio de 1939, inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos dos profissionais. Um albergue para doentes, no convento de Santo Antônio, também foi idealizado pela santa, que depois se tornou o Hospital Santo Antônio.
Reconhecimento
Seu primeiro reconhecimento aconteceu em 1980, quando visitou o Papa João Paulo II no Brasil. A freira foi chamada para subir no altar e recebeu um terço. O Papa ainda falou para Irmã Dulce: "Continue, Irmã Dulce, continue". Oito anos depois, em 1988, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz. Em 2000, recebeu o título de 'Serva de Deus' do mesmo Papa que convidou a religiosa para o altar.
Morte
Após anos dedicando sua vida para doentes, pobres e necessitados, Irmã Dulce começou a apresentar dificuldades respiratórias, mesmo assim, continuou a sua missão. Porém, seu estado de saúde piorou e precisou ser internada no Hospital Português da Bahia, depois foi transferida para a UTI do Hospital Aliança e, por fim, para o Hospital Santo Antônio. No dia 20 de outubro de 1991, recebeu a visita do Papa João Paulo II para dar a sua bênção e extrema-unção. 13 de março de 1922 foi o dia da sua partida, em Salvador. Seu corpo está enterrado na capela do Hospital Santo Antônio.
Milagres, beatificação e canonização
A beatificação, ou seja, o reconhecimento da Igreja de que Irmã Dulce se encontra no Paraíso, em estado de beatitude, aconteceu no dia 22 de maio de 2011. Isso porque em outubro de 2010, o primeiro milagre foi atribuído à santa: recuperação de uma mulher desenganada depois do parto.
Já em 14 de maio de 2019, o Vaticano reconheceu o segundo milagre: um músico, cego por 14 anos, pediu ajuda à Irmã Dulce e voltou a enxergar. No dia 13 de outubro do mesmo ano, a cerimônia de canonização foi feita pelo Papa Francisco, no Vaticano. Desde então, ela entrou para a história como a primeira santa brasileira. Agora, ela pode ganhar um Dia Nacional em seu nome.
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