Vacina gera resposta imunológica contra coronavírus em teste em humanos nos EUA. Entenda

A vacina aparentemente produziu uma resposta imune em oito pacientes
AFP
Publicado em 18/05/2020 às 12:21
A vacina é mais uma das que estão sendo produzidas em parceria com o Brasil Foto: JAILTON JR./JC IMAGEM


A empresa de biotecnologia dos EUA Moderna anunciou nesta segunda-feira (18) que obteve resultados "positivos provisórios" na fase inicial dos ensaios clínicos de sua vacina contra o novo coronavírus por oito voluntários, a serem ampliados em larga escala em julho.

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O composto produziu uma resposta imune em oito pacientes que o receberam, aproximadamente da mesma magnitude daqueles que pegaram o vírus, informou a empresa.

"A fase provisória 1, embora em estágio inicial, demonstrou que a vacinação com o mRNA-1273 produz uma resposta imune da mesma magnitude que a provocada por infecção natural", afirmou Tal Zaks, diretor médico da Moderna, em comunicado.

A empresa afirmou que a vacina "tem potencial para prevenir a COVID-19".

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Essa primeira fase também procurou verificar se a vacina não é tóxica. A Moderna relatou apenas alguns efeitos colaterais menores, como vermelhidão no local da injeção.

A americana Moderna foi uma das primeiras empresas a fazer testes em humanos a partir de 16 de março.

Atualmente, existem apenas 12 ensaios clínicos em humanos no mundo, metade dos quais são projetos chineses, segundo a London School of Medicine and Hygiene.

O estudo clínico foi conduzido pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), onde o governo investiu US$ 483 milhões para essa potencial vacina.

O governo Donald Trump, em busca de 300 milhões de doses até janeiro para proteger sua população, investiu neste projeto e em mais dois: o da empresa farmacêutica americana Johnson & Johnson e o do laboratório francês Sanofi, que tem centros nos Estados Unidos.

O procedimento para fabricar esta vacina, uma tecnologia conhecida como RNA messager, até agora não produziu uma vacina viável.

A segunda fase, com 600 voluntários, começará em junho, informou o presidente da Moderna, Stephen Hoge, e a fase mais importante, a fase 3, está prevista para julho, enquanto a agência que regula medicamentos nos Estados Unidos, o FDA, finaliza o protocolo.

Fabricar milhões de doses

A vacinação contra o coronavírus é uma prioridade global para acabar com a pandemia que deixou mais de 315.000 mortes em todo o mundo e pelo menos 4,7 milhões de casos confirmados.

O processo de criação de uma vacina geralmente leva anos, mas na sexta-feira passada Trump disse que esperava ter uma vacina contra o coronavírus até o final do ano.

O primeiro a sintetizar uma vacina eficaz e como ela será distribuída virou uma questão fundamental nas relações internacionais, sobretudo após a decisão da empresa farmacêutica francesa Sanofi, na semana passada, de dar prioridade aos Estados Unidos.

O presidente chinês Xi Jinping prometeu que, se a China conseguir fazer uma vacina contra o coronavírus, o composto será um "bem público global".

Numa época em que o problema não é apenas a vacina, mas a capacidade de produzir milhões de doses, grandes laboratórios, incluindo o Moderna, anunciaram que começariam a produzir essas doses sem esperar pelos resultados de ensaios clínicos.

Essa aposta arriscada é sem precedentes e é possível graças ao financiamento de Estados e organizações não governamentais.

No ensaio da Moderna, na primeira fase, três grupos de voluntários receberam três doses diferentes e com reforço após 28 dias.

De acordo com os primeiros resultados, os cientistas decidiram eliminar as doses mais fortes após os testes, uma vez que os resultados são obtidos com menor quantidade.

A empresa anunciou recentemente uma parceria com a gigante Lonza para aumentar sua capacidade de produção e poder fabricar até 1 bilhão de doses em um ano, se a dose mais baixa for confirmada como eficaz.

Testes iniciais em ratos mostraram que a vacina impedia a replicação do vírus nos pulmões, informou a empresa na segunda-feira.

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