Telmo Santos registrou, em foto, um momento raro entre animais. A imagem foi feita em 2021, no município de Antônio Patrula, no Rio Grande do Sul. A foto mostra um 'cacho' de cobras verdes penduradas no galho de um pé de mexerica. Após postar a foto em um grupo do Facebook, o homem descobriu através da revista Herpetological Review que o fenômeno é conhecido como agregação reprodutiva.
Silara Batista e Karina Bancia, autoras da nota científica que explica esse fenômeno inédito, afirmam que o caso mais comum é com a cobra-liga-comum. A espécie pode ser encontrada no continente da América do Norte e costuma hibernar no inverno.
A bióloga ainda afirmou que esse fenômeno é o primeiro entre cobras-verde no país. “Apesar da riqueza de serpentes no País, há relatos de agregação reprodutiva em poucas espécies, como a sucuri, a coral-verdadeira e, agora, na cobra-verde – descrita nesse trabalho”, diz.
Agregação reprodutiva
Na nota divulgada pelas pesquisadores, elas explicam sobre o que se trata o fenômeno e qual a importância para a cadeia do animal.
“As fêmeas secretam pela pele hormônios sexuais chamados feromônios. Por meio do olfato, os machos são atraídos até a fêmea, conseguindo, inclusive, seguir as trilhas de feromônios que as fêmeas vão deixando por onde passam. Eventualmente muitos machos são atraídos ao mesmo tempo por uma fêmea só, o que faz com que eles se agreguem em volta dela, tentando copular”, detalha.
Segundo a especialista, apenas poucos machos conseguem chegar à copulação. “Isto acontece porque, ao terminar a cópula, o macho secreta uma substância gelatinosa, chamada ‘plug copulatório’, que acaba bloqueando a cloaca da fêmea por algumas horas ou poucos dias, tempo suficiente para os outros machos dispersarem. Dessa forma, garantem a paternidade - ainda que paternidade múltipla seja bem comum em serpentes”, completa.
Benefício para a espécie
O fenômeno também tem benefícios, já que a fêmea escolhe o macho mais saudável e consequentemente terá filhotes mais saudáveis também. “O benefício para a espécie é que as fêmeas produzirão filhotes de machos que têm maior probabilidade genética de gerar filhotes saudáveis e adultos com sucesso reprodutivo”, afirma Silara.
*Com informações do G1
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