CRISE CORAL

Veja os erros que levaram o Santa Cruz ao rebaixamento para a Série D do Campeonato Brasileiro

Erros de planejamento, exagero na contratação de atletas e na troca de treinadores levam Santa Cruz para a Quarta Divisão após 10 anos

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Túlio Feitosa, Túlio Feitosa

Publicado em 18/09/2021 às 17:12 | Atualizado em 18/09/2021 às 21:33
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Após diversas dificuldades para a montagem de elenco, trocas de treinadores e uma má fase que perdurou desde o início de 2021, o rebaixamento do Santa Cruz para a Série D do Campeonato Brasileiro acabou sendo inevitável nessa reta final da Terceirona. Lanterna do Grupo A, o tricolor teve diversas chances de mudar o seu cenário na competição, mas acabou sentindo o impacto do mau planejamento da gestão do presidente Joaquim Bezerra, eleito no início da temporada.

O ano começou atípico para o Santa Cruz e outros clubes do Brasil. Por causa da pandemia, a temporada de 2020 acabou “invadindo” 2021 e mostrando que este ano não seria, de forma alguma, um a ser lembrado na história da Cobra Coral.

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A equipe tricolor voava na Série C do Campeonato Brasileiro do ano passado. Garantiu a classificação para a segunda fase da competição antecipadamente e terminou tranquilo na liderança. O quadrangular do acesso acabou sendo disputado em 2021, com o Santa Cruz tropeçando duas vezes para o Vila Nova, que acabou tomando o lugar da Cobra Coral na vaga pelo acesso à Série B na última rodada, ao vencer o Ferroviário por 1x0. A temporada acabou com o Santa Cruz conseguindo garantir uma vaguinha na Copa do Nordeste ao bater o Itabaiana na fase de classificação.

ELEIÇÕES CONTURBADAS

O ano acabou sendo um espelho do que foi o período eleitoral do Santa Cruz. Ainda na gestão anterior, em outubro de 2020, o Conselho Deliberativo acabou publicando uma nota com a extensão do mandato do presidente Constantino Júnior para julho deste ano, quando seria realizado o pleito eleitoral. A Justiça acabou anulando a extensão e a gestão acabou marcando as eleições para o dia 14 de dezembro após ordem judicial. Mas foi a partir daí que começaram os adiamentos.

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FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
SOLUÇÃO Presidente Joaquim Bezerra afirmou que procurou dialogar com os clubes, mas dívidas não foram pagas - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

O Conselho Deliberativo voltou a agir e acabou empurrando as eleições para o dia 10 de fevereiro. Uma das justificativas, inclusive, era para que o Santa Cruz terminasse a temporada antes do período eleitoral. Membros da chapa ProSanta, então oposição, que atualmente comanda o clube, tentaram brigar na Justiça para que o adiamento não acontecesse, mas as condições sanitárias pesaram para que o pleito fosse realizado em 2021.

Às vésperas da eleição, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) precisou fazer uma vistoria na sede do Santa Cruz e adiando, mais uma vez, o pleito. Dessa vez para o dia 11 de fevereiro, um dia depois do que estava marcado. O clube fez os ajustes solicitados para receber os torcedores votantes.

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O pleito foi realizado e teve grande adesão dos sócios votantes. Joaquim Bezerra, que disputava a eleição contra Josenildo Dody - que declarou apoio ao ProSanta - e Roberto Freire, representante da situação, venceu com 660 votos (63,76%). A vitória da oposição gerou euforia nos torcedores que estavam nos arredores do Estádio do Arruda naquela noite.

INÍCIO PREOCUPANTE 

A espinha dorsal da equipe que havia feito uma boa Série C, mesmo sem o acesso, acabou sendo desfeita. O Santa Cruz acabou perdendo peças importantes do elenco como o goleiro prata-da-casa Maycon Cleiton, além de jogadores como o lateral Toty, o meia Tinga, o atacante Victor Rangel, além de outras dispensas durante o início da temporada, como aconteceu com os meias Paulinho e Didira. O zagueiro e capitão Danny Morais anunciou sua aposentadoria e também não seguiu no elenco.

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SANTA CRUZ
Jogador foi dispensado em março. - SANTA CRUZ

Buscando uma nova equipe, o Santa Cruz buscou reforçar todos os setores do elenco. Mas a busca durou até o meio da Série C. Foram 41 contratações na temporada. Desses, 21 acabaram sendo dispensados ou negociados para outros clubes.

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Confira a lista:

Goleiros - Geaze, Marcão, Felipe Silva e Martin Rodríguez;

Laterais - Alan Cardoso, Julinho, Fernando Pileggi, Digão, Weriton, Lucas Rodrigues e Gilmar;

Zagueiros - Hebert, Breno Calixto, Victor Oliveira e Rafael Castro;

Volantes - Augusto César, Karl, Elicarlos, Everton Dias, Vitinho, Derley e Maycon Lucas;

Meias - Marcos Vinícius, Péricles, Rondinelly, Tarcísio, Jailson e Lelê;

Atacantes - Madson, Maxwell, França, Bustamante, Lucas Batatinha, Adriano Michael Jackson, Wallace Pernambucano, Frank, Quiñonez, Levi, Rone, Elias Carioca e Bruno Moraes.

Ainda durante a temporada, a Cobra Coral sofreu a perda do meio-campista e camisa 10 Chiquinho, negociado para um clube dos Emirados Árabes. Com diversas tentativas de montar um elenco que, enfim, encaixasse, o acerto aconteceu apenas com a chegada de Jaílson. O meia protagonizou as boas atuações do Santa Cruz na reta final da Série C, mas a sequência negativa do primeiro turno pesou na campanha do rebaixamento.

QUATRO TREINADORES

Se 41 contratações é um número exorbitante para a montagem de um elenco, o Santa Cruz também chegou a um alto número de treinadores na temporada. Após a saída de Marcelo Martelotte, que concluiu a temporada de 2020 com a Cobra Coral, o técnico João Brigatti chegava como um bom nome ao clube. Mas o treinador acabou sendo o primeiro dos que viriam a fazer campanhas mal-sucedidas no Santa Cruz em 2021.

Brigatti comandou a Cobra em 12 partidas e venceu apenas quatro. Foi responsável pela pior campanha do clube na Copa do Nordeste com uma vitória e sete derrotas. Alexandre Gallo chegou em seguida e não chegou a durar nem 10 dias no comando da equipe. O técnico esteve à frente do Santa Cruz em duas derrotas e um empate, além de ter feito uma despedida criticando o planejamento e estrutura do clube.

Alexandre Gallo comandou o Tricolor em apenas três partidas. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Alexandre Gallo comandou o Tricolor em apenas três partidas. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem - Alexandre Gallo comandou o Tricolor em apenas três partidas. Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Bolívar chegou em seguida e disputou a reta final do Campeonato Pernambucano, se despedindo da competição com dois empates e a derrota na semifinal para o Náutico. O gaúcho teve quase um mês de intertemporada como preparação para a equipe começar bem a Série C, mas depois de ser derrotado na estreia e empatar na sequência, Bolívar acabou caindo com apenas cinco jogos como comandante.

Roberto Fernandes foi o último nome da temporada, no comando técnico. Começou mal na Série C e testou diversas mudanças no elenco até conseguir engatar uma sequência de duas vitórias e dois empates em quatro jogos, no segundo turno da competição. Mesmo com o time jogando melhor na reta final da competição, a má fase do primeiro turno pesou no resultado final da luta contra o rebaixamento.

COLEGIADO

A Cobra Coral já amargava a lanterna da Série C do Campeonato Brasileiro quando o presidente Joaquim Bezerra foi atrás de ajuda para sair do buraco em que se encontrava. Encabeçado por Alexandre Mirinda, o Santa Cruz formou um colegiado que reuniria ex-dirigentes e outros apoiadores para ajudar o clube na briga contra o rebaixamento.

Nomes como Romerito Jatobá, Jânyo Diniz, Eduardo Petribu e Mizael Wanderley estavam envolvidos nesse colegiado que trouxe várias peças para o elenco que disputou a reta final da Série C. Mas não foi suficiente para a permanência na Terceira Divisão.

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