Poucos jogadores que vestiram a camisa do Náutico e Sport viveram momentos tão felizes nos dois clubes quanto Adriano Gerlin. E o mais incrível, o ex-meia teve passagens pelos dois clubes num intervalo de tempo muito curto. Em 1999, ele foi contratado pelo Náutico e só não fez chover. No ano seguinte, Adriano desembarcou no Sport, fazendo parte daquele time comandado por Émerson Leão e que encantou o Brasil.
Não é fácil mudar de cores da camisa de um clube para o outro diante da rivalidade que cerca o futebol pernambucano. No Náutico, Adriano se tornou a referência do time. A equipe do técnico Artur Neto jogava um esquema em torno do seu estilo de jogo. E Adriano fez de tudo: armava as jogadas, cobrava as faltas, batia escanteio, chamava a responsabilidade e fazia gols. Em 2000, no Sport ele também ganhou destaque. Foi titular do técnico Leão. Só que tinha um esquema a cumprir. Era mais uma peça importante de um time que tinha Nildo, Leonardo, Leomar, Russo.
"Quando cheguei no Sport, o torcedor do Náutico não gostou muito. Mas tenho um carinho enorme pelo clube, por tudo o que aconteceu. E no Sport, foi um ano espetacular: campeão pernambucano, do Nordeste e uma campanha maravilhosa na Copa João Havelange. Sport e Náutico me marcaram e isso me engrandeceu bastante. Sou muito grato. Sempre que vou ao Recife, sou muito bem tratado", afirma Adriano, em entrevista exclusiva.
A chegada de Adriano no Náutico mexeu bastante no futebol pernambucano. Afinal, o bom futebol do meia já chamava atenção do Brasil, quando vestia a camisa do América-SP e, em seguida, no São Paulo. Até chegar ao tricolor paulista, vestiu a camisa do Guarani-SP (clube que começou sua carreira, aos 11 anos), Botafogo-RJ e o Neuchâteu Xamax, da Suíça. Além da seleção brasileira, juvenil e sub-20, sendo campeão e bola de ouro do Sul-Americano. "Joguei no futebol suíço para ajudar a família, comprei uma casa para minha mãe. Foi difícil, mas foi muito importante. Aprendi a falar outras línguas, como francês", destaca.
O São Paulo comprou seus direitos federativos junto ao futebol suíço. Ele estava bem no time até saber que o então técnico Paulo César Carpegiani não tinha interesse em contar com o seu futebol. Adriano soube do interesse do Náutico e ele não pensou duas vezes para aceitar jogar no futebol pernambucano. O que ele não esperava era que seria o ídolo que se tornou.
Entre tantos gols marcados pelo Timbu, um deles gerou polêmica e justamente contra o seu futuro clube. No dia 30 de maio de 1999, Adriano cobrou uma falta com perfeição, no ângulo do goleiro Bosco. O meia foi comemorar com a máscara do Mister M (personagem que entregava os truques dos mágicos na TV), quando foi surpreendido.
"Eu vinha sempre fazendo uma comemoração diferente. Nesse dia, deixei a máscara atrás das redes. Quando fiz o gol, peguei a máscara e tomei um susto: Wilson Gottardo (então zagueiro do Sport), deu tapa e tomou a máscara. Foi chato, mas deixei para lá, pois estava muito feliz e queria comemorar aquele momento com a torcida", conta Adriano, que por conta da máscara, ganhou o apelido de Mister N.
Em 2000, Adriano, depois de uma rápida passagem pelo Atlético-MG, desembarcou no Recife novamente. Só que para vestir a camisa do Sport. Sim, era estranho o ídolo alvirrubro estar no clube rival. O peso enorme da rivalidade poderia pesar sob suas costas. Mas não foi assim. Adriano se encaixou no esquema do técnico Leão. "Quando contrataram Leão, fiquei receoso, pois, a gente esteve juntos no Juventude e eu não joguei. Mas, no Sport, deu tudo certo", lembra.
Gols importantes pelo Sport ainda estão marcados na memória de Adriano e da torcida rubro-negra. Contra o São Paulo, na Copa dos Campeões, fez dois na vitória por 3x1 que levou o Leão à final. Pela Copa João Havelange, fez outro, cobrando falta, diante do Tricolor Paulista, e o empate diante do Grêmio, que não evitou a eliminação rubro-negra, em casa, após grande campanha. "Jogamos de igual para igual aquela partida. Fomos prejudicados pela arbitragem", lembra.
Em 2003, Adriano chegou a vestir a camisa do Náutico novamente. Encarou a rigidez do técnico Edson Gaúcho e o sucesso do time não foi o mesmo. Encerrou a sua carreira em 2012 no Oeste Paulista, de Presidente Prudente, onde foi jogador e presidente. Hoje, o eterno Mister N mora na sua cidade natal, Dracena, interior de São Paulo, onde atua como supervisor do time de futsal, Dracena Temper Sul.
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"Estou curtindo a família e com pensamento em voltar ao futebol. Quero ensinar a jogador de como bater na bola. Acho que não existe um professor de faltas no futebol e vou tentar mostrar esse trabalho. Até para base. Ensinar a criançada os detalhes para ser um bom cobrador de falta. E, no profissional, mostrar os pontos importantes, como força, a passada e o posicionamento do corpo na hora da batida na bola", diz.