Desde a última segunda-feira (22) uma denúncia de assédio sexual tem repercutido no extra-campo do Clube Náutico Capibaribe. Inicialmente, o relato foi feito por Tatiana Roma, ex-diretora da Mulher e de Operações do clube. Na última terça-feira (23), quatro personagens envolvidos no caso deram entrevistas ao vivo à Rádio Jornal: a própria Tatiana, o presidente Executivo do Timbu, Edno Melo, o candidato à presidência do clube Bruno Becker e o presidente do conselho deliberativo, Alexandre Carneiro. Até então, nem o suposto assediador ou algum representante dele havia se manifestado. Até a noite desta quarta-feira (24), quando o advogado José Augusto Branco, que representa o funcionário, conversou ao vivo com Ednaldo Santos e João Victor Amorim, no programa Bola Rolando, da Rádio Jornal.
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Branco, assim como Edno Melo fez na terça-feira, endossou a tese de que o caso foi trazido à tona com a intenção de tumultuar o ambiente eleitoral do Náutico - o clube terá eleições presidenciais no próximo dia 5 de dezembro. Além disso, o advogado afirmou que o boletim de ocorrência registrado por Tatiana apresenta "relatos desconexos".
"Como advogado de Errisson (Melo) e não como defensor de Errison, até agora não existe nada contra ele, exceto um boletim de ocorrência que qualquer advogado que já tem mais de cinco anos na advocacia [sabe]. São relatos desconexos, sem nenhuma base de fala e no meu entendimento nada disso passa de uma briga política porque se aproxima uma eleição no Náutico. Essa pessoa que denuncia [Tatiana Roma] ela é, todo mundo sabe, isso é público, ligada a um dos candidatos, chamado Bruno Moura Becker. Para mim, isso é um factoide que foi gerado para interferir na eleição do Náutico. É um boletim [de ocorrência] completamente desconexo, em que ela diz que os fatos se deram de maio de 2020 a julho de 2021, mas ela só registra no dia 12 de novembro de 2021", comentou.
Ouça a entrevista de José Adgusto Branco:
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José Augusto Branco disse ainda que crimes de injúria, difamação e calúnia decaem com seis meses, ou seja, Tatiana precisaria fazer a denúncia dentro deste período. Em seu argumento, o advogado defende que a denúncia perde o valor por causa do prazo expirado. No entanto, crimes de natureza sexual, que também foram citados pela suposta vítima, têm prazos diferentes. Sobre isso, o representante de Errisson Melo voltou a dizer que o boletim de ocorrência apresenta relatos desconexos.
"O boletim que ela registra é um boletim desconexo. É um boletim que não traz nada com nada. Se for crime sexual, e no relato fala de importunação sexual, nesse caso seria o prazo tradicional, só que o relato dela não bate com o que diz a própria lei. Em nenhuma parte da redação tem ato libidinoso, tem palavras jogadas fora, mas ato libidinoso não tem", afirmou.
Depois que Tatiana se manifestou, outras mulheres afirmaram à reportagem do GE.COM terem sido vítimas do mesmo funcionário. Com medo de se identificarem e de sofrerem represálias já conhecidas por mulheres que denunciam crimes de natureza sexual, uma das vítimas preferiu não se identificar e ambas afirmaram não terem coragem de ir à Justiça. O advogado afirmou que ambas não tem direito ao anonimato, ainda que tenham sido preservadas pela reportagem.
"Isso não é solidariedade. Isso aí é factoide gerado por uma eleição. Ela diz que não vai prestar queixa, mas presta declarações em entrevista à imprensa.[...] Inclusive, é obrigação do delegado apurar isso, independente da denúncia. Os crimes sexuais são crimes de ação pública incondicionada, independente do querer da vítima. Tem que apurar. Inclusive eu vou requerer que a autoridade policial identifique essas pessoas e que elas sejam ouvidas porque essas pessoas têm que responder pelos seus atos. As pessoas não podem se esconder atrás do anonimato e sair brincando com a honra de outras pessoas", disse.