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Olimpíadas de Inverno: Pequim-2022 começa em clima diplomático pesado

Após semanas de dúvidas sobre a covid-19 e as tensões políticas que surgiram após a iniciativa de boicote diplomático de alguns países, com os Estados Unidos na liderança, o presidente chinês Xi Jinping declarou nesta sexta-feira (4) abertas as Olimpíadas de Inverno

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AFP

Publicado em 04/02/2022 às 20:46 | Atualizado em 04/02/2022 às 21:19
Abertura das Olimpíadas de Inverno 2022, em Pequim - LI XIN / POOL / AFP

Após semanas de dúvidas sobre a covid-19 e as tensões políticas que surgiram após a iniciativa de boicote diplomático de alguns países, com os Estados Unidos na liderança, o presidente chinês Xi Jinping declarou nesta sexta-feira (4) abertas as Olimpíadas de Inverno, após uma colorida cerimônia de abertura, idealizada pelo cineasta Zhang Yimou.



"Declaro abertos os 24º Jogos Olímpicos de Inverno", disse Xi Jinping, seguindo o protocolo.

A inclusão de Yimou novamente na cerimônia de abertura foi um aceno da China para lembrar que Pequim entra para a história como a primeira cidade a sediar os Jogos de Verão e de Inverno.

Como nos Jogos de Verão de 2008, o gigantesco Estádio Nacional de Pequim, mais conhecido pelo apelido "Ninho do Pássaro", recebeu o brilho da cerimônia de abertura.

Abertura das Olimpíadas de Inverno 2022, em Pequim. Tocha olímpica - CHENG TINGTING / POOL / AFP
Abertura das Olimpíadas de Inverno 2022, em Pequim - BEN STANSALL / AFP
Abertura das Olimpíadas de Inverno 2022, em Pequim Chama Olímpica - BEN STANSALL / AFP
Abertura das Olimpíadas de Inverno 2022, em Pequim. Jaqueline Mourão (esqui cross-country) e Edson Bindillati (trenó de bobsled) carregaram a bandeira do Brasil - JEWEL SAMAD / AFP
Abertura das Olimpíadas de Inverno 2022, em Pequim - WANG ZHAO / AFP
Abertura das Olimpíadas de Inverno 2022. Caldeirão olímpico no lado externo do Estádio Nacional, em Pequim - CHENG TINGTING / POOL / AFP
Acendimento do caldeirão olímpico na abertura das Olimpíadas de Inverno 2022, em Pequim - CHENG TINGTING / POOL / AFP
Abertura das Olimpíadas de Inverno 2022, em Pequim - LI RAN / POOL / AFP
Abertura das Olimpíadas de Inverno 2022, em Pequim - LI XIN / POOL / AFP

Assim como há 14 anos, o espetáculo foi concebido pelo diretor chinês Zhang Yimou, autor em 2008 de uma esplêndida e colorida celebração patriótica, pondo em cena 14.000 figurantes, bailarinos e acrobatas, sob uma profusão de fogos de artifício e efeitos especiais.

Desta vez, em razão da situação sanitária, a cerimônia reuniu 3.000 artistas, todos com máscara.

Zhang Yimou apresentou os 56 grupos étnicos e a sociedade chinesa na chegada marcial da bandeira chinesa, carregada por oito soldados.

Depois, as 92 nações participantes do evento desfilaram, incluindo nove países da América Latina e um total de 33 atletas da região. A América Latina nunca conquistou uma medalha em Jogos de Inverno e fazê-lo em Pequim-2022 parece improvável.

Após o desfile de quase 3.000 atletas, o presidente do Comitê Olímpico Internacional, o alemão Thomas Bach, enviou uma mensagem de harmonia no tenso ambiente diplomático que existe no momento.

"No nosso mundo frágil, onde as divisões, os conflitos e as desconfianças aumentam, mostramos ao mundo que sim, é possível ser rivais orgulhosos e ao mesmo tempo viver pacificamente e respeitosamente juntos", disse o dirigente esportivo.

Segunda Olimpíada da era covid

Por causa da pandemia, estas Olimpíadas, as segundas da era da covid, depois dos Jogos de Tóquio no ano passado, dificilmente serão uma festa.

Os atletas estão confinados em uma bolha sanitária e são submetidos a exames PCR diariamente. Como Pequim adota uma estratégia de covid zero, nenhum contato com a população é autorizado. As arquibancadas dos locais de competição serão ocupadas parcialmente, mas apenas por convidados, que terão que respeitar o distanciamento social.

Entre os espectadores da cerimônia de abertura, boicotada por vários países ocidentais, a começar pelos Estados Unidos, para denunciar as violações dos direitos humanos na China, estiveram presentes quase 20 líderes mundiais, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente russo, Vladimir Putin, assim como o argentino Alberto Fernández e o equatoriano Guillermo Lasso.

Em uma reunião bilateral com Xi antes da cerimônia de abertura, Putin celebrou as relações "sem precedentes" que seu país tem com a China e criticou o Ocidente.

Putin e a Rússia estão no centro das atenções internacionais. O Kremlin é acusado pelo Ocidente de querer invadir a Ucrânia, após ter enviado há semanas cerca de 100.000 militares russos para a fronteira com o vizinho pró-ocidental.

No momento de tensão, o governo ucraniano pediu a seus representantes em Pequim que não confraternizem com os russos, em uma edição dos Jogos que devem ser marcadas por polêmicas.

Manifestações

A milhares de quilômetros de Pequim, em Lausanne, a Suíça, 500 tibetanos se manifestaram nesta quinta-feira em frente à sede do Comitê Olímpico Internacional (COI) para denunciar os "Jogos da Vergonha", as ações de Pequim na região do Himalaia e sua repressão religiosa e cultural.

Em Hong Kong, um ativista pró-democracia foi detido pela acusação de "incitar a subversão", pouco antes de um protesto contra os Jogos Olímpicos de Pequim.

Em Los Angeles, quase 50 manifestantes se reuniram em frente ao consulado chinês. Em todo o mundo, convocações para manifestações foram feitas para denunciar também as violações aos direitos humanos em Xinjiang (noroeste) contra os uigures, mas até o momento os protestos foram pequenos.

Outra polêmica é a do impacto ambiental destes Jogos, disputados em um clima glacial, mas semiárido, em pistas com neve artificial e estações de esqui acondicionadas para a ocasião.

"Hoje podemos dizer que a China é um país de esportes de inverno", afirmou na quinta-feira o presidente do COI, Thomas Bach.

Enquanto isso, os quase 2.900 atletas que vão disputar as competições, representando 92 países, em busca de 109 medalhas de ouro, tentam se manter à margem das polêmicas, concentrando-se em que os Jogos são um momento único em suas carreiras.

A maioria se concentra no esporte, mas há alguns que criticam o fato de competir na China, como o britânico Gus Kenworthy, vice-campeão olímpico em 2014 no esqui slopestyle.

"Na minha opinião, não acho que nenhum país deveria ser autorizado a receber os Jogos se tem posições terríveis de direitos humanos", declarou à BBC.

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