Que tal um luau no Catimbau? Difícil resistir a um convite tão especial. Se visitar o Vale do Catimbau, o segundo maior sítio arqueológico do Brasil, a cerca de 280 quilômetros do Recife, entre o Agreste e o Sertão de Pernambuco, já é uma experiência única, imagine acampar, ainda mais em noite de lua cheia? A Coluna Turismo de Valor não se contentou em apenas imaginar e viajou até lá para sentir essa energia indescritível de dormir e acordar em um dos locais mais místicos e surpreendentes do Estado.
Antes da aventura é importante contextualizar para quem não conhece a importância do Vale do Catimbau. Se trata da mais importante unidade de conservação do bioma Caatinga de Pernambuco com mais de 62 mil hectares de vales imensos, cânions gigantescos e intrigantes formações rochosas que se espalham pelos municípios de Buíque, Ibimirim e Tupanatinga.
No dia 13 de dezembro de 2002 foi criado o Parque Nacional do Catimbau com o objetivo de preservar o ecossistema e desenvolver o turismo ecológico.
Com formações geológicas de mais de 150 milhões de anos, o Vale do Catimbau tem muita história pra contar. São cerca de 100 sítios arqueológicos com pinturas rupestres de mais de 6 mil anos, ficando atrás apenas da Serra da Capivara, no Piauí.
Ele foi eleito em 2008, uma das Sete Maravilhas de Pernambuco, em concurso de votação popular promovido pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação.
A bióloga recifense Maria Eduarda Continentino, que mora em Vancouver, no Canadá, se impressionou com o Vale do Catimbau. “Eu já viajei para várias partes do mundo para ter experiências como esta e não imaginava que tão pertinho de casa pudesse encontrar um lugar assim. Muitas vezes nós damos valor ao que é de fora sem conhecer nosso próprio quintal. Todo pernambucano que gosta de natureza precisa vir aqui”, disse.
O Vale do Catimbau tem 13 trilhas catalogadas com os mais diversos e surpreendentes atrativos, dos quais alguns foram visitados no roteiro do camping organizado pela agência de ecoturismo Vem de Andada que explora o local há 7 anos.
Durante o fim de semana, o grupo de cerca de 30 pessoas fez um roteiro que passou por trechos de várias trilhas. No sábado, subiu pela Trilha da Serra das Torres, com visão privilegiada para icônico Morro do Cachorro, e depois seguiu na Trilha da Loca das Cinzas para admirar as intrigantes pinturas rupestres. No dia seguinte, o percurso escolhido foi a Trilha dos Cânions para admirar os imensos paredões rochosos.
As esculturas de pedra feitas pelo vento no Catimbau chamaram a atenção da estudante Débora Dantas. “A ‘arquitetura’ das pedras é algo fantástico que aguça a nossa imaginação. Você meio que volta a se criança vendo personagens e animais nos formatos das rochas. Estou conhecendo melhor o meu país e isso me dá muito orgulho”, destacou.
Mas, sem dúvida, o local mais aguardado e emblemático é mesmo o místico Santuário. Uma majestosa arena de pedra que era utilizada para rituais, com as curiosas formações geológicas de “cascos de tartarugas” e outras que lembram crânios humanos.
E foi perto dali o local escolhido para levantar o acampamento e entrar em sintonia com a natureza selvagem do Vale do Catimbau. As barracas foram montadas no fim da tarde e depois cada um pôde calmamente escolher o seu camarote de pedra para apreciar o espetáculo do crepúsculo na caatinga. Impressionantemente, antes do sol se deitar por completo, a lua do outro lado já havia começado a levantar, deixando todos indecisos sobre qual direção olhar.
Depois a lua cheia iluminou o acampamento, lembrando que não somos tão dependentes da tecnologia. A simplicidade do jantar no fogareiro contrastou com a riqueza do banquete de estrelas no céu, envolvido pelo frio gostoso da noite.
“Na agência nós explicamos que é acampando que você sente o Catimbau por completo com todas as variações de temperaturas e sensações que ele pode proporcionar. A experiência desperta nossa essência tribal, o andar em grupo, o compartilhar, o dar a mão para ajudar. Aqui entramos em contato com nossa ancestralidade e voltamos a nos harmonizar com a natureza”, resumiu o diretor do Vem de Andada Rosildo Júnior.
A coroação da “tribo” vem nas primeiras horas da manhã quando todos acordam cedo só para ver o sol, emoldurado pela abertura da barraca, surgir no meio da árida e deslumbrante paisagem sertaneja. O Vale do Catimbau é mágico. E só quem já foi e sentiu sabe o quão verdadeira é esta afirmação.