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Turismo em Minas Gerais: Descubra um roteiro repleto de história, cultura e gastronomia na Estrada Real

Percurso por cidades interioranas envolve Santa Bárbara, Catas Altas, Santana do Montes e Tiradentes; todas datam dos primórdios da descoberta do ouro

Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 08/07/2024 às 6:00 | Atualizado em 08/07/2024 às 11:15
Santuário do Caraça, na Serra do Caraça, em Catas Altas (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO

Pela posição geográfica e história particular, Minas Gerais tem muito a ensinar sobre o turismo em municípios interioranos. Um turista de outro Estado talvez pense automaticamente em Ouro Preto, por exemplo, ao cogitar um passeio. Mas a variedade de destinos é maior, com uma boa diversidade de pontos turísticos e gastronômicos.

Por isso, o Governo de Minas convidou 40 jornalistas e formadores de opinião de todas as regiões do Brasil para viverem experiências em cinco roteiros preparados para este período do ano. O JC foi convidado para o roteiro Território Estrada Real, com um percurso que passa por Santa Bárbara, Catas Altas, Santana do Montes e Tiradentes.

Neste texto, você poderá conferir destaques de uma sinergia entre história, cultura e gastronomia - um tipo união que resulta no grande potencial do turismo.

Santa Bárbara

Santa Bárbara, município de Minas Gerais - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Santa Bárbara, município de Minas Gerais - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Igreja Matriz de Santo Antônio, em Santa Bárbara (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO

"Quando o ouro acabou...". Essa certamente é a frase que o turista mais irá ouvir ao visitar essa região, composta por municípios habitados nos primórdios da descoberta do metal precioso no Estado - antes de Ouro Preto, por exemplo.

Santa Bárbara foi fundada em 1704, em uma região onde encontrou-se ouro de aluvião e veios de pedras preciosas. Posteriormente a cidade se tornou importante passagem na rota entre a Corte, no Rio de Janeiro, e as minas do Centro/Norte de Minas Gerais.

Casa das Tecelãs de Brumal, em Minas Gerais - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Casa das Tecelãs de Brumal, em Minas Gerais - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Casa das Tecelãs de Brumal, em Minas Gerais - NEREU JR/DIVULGAÇÃO

No distrito de Brumal, mulheres artesãs dão continuidade a uma tradição de séculos. "Por ser uma região distante, toda casa tinha um tear para confeccionar roupas, mantas e tapetes para famílias. Com a escassez do outro, mulheres começaram a apostar na tecelagem como uma alternativa", explicou o guia Luan Lima Ribeiro.

A Casa das Tecelãs de Brumal reúne diversas associadas que tiram renda da iniciativa, com peças produzidas em teares mineiros de pente, liços e pedais com fios urdidos e resíduos têxteis mixados com os bordados.

Lá é possível comprar peças que representam a paisagem natural da vila e ainda tomar um café quentinho servido com mesa com biscoito de polvilho. A anfitriã é Margarida Mendes, presidente da Associação das Tecelãs de Brumal.

Catas Altas

Igreja Matriz de Catas Altas, em Minas Gerais - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Município de Catas Altas, em Minas Gerais - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Município de Catas Altas, em Minas Gerais - NEREU JR/DIVULGAÇÃO

No município de Catas Altas, de casario típico do século 18, é possível observar o fenômeno econômico do ouro na Igreja Matriz, erguida a partir de 1729 com arquitetura inspirada nos plebiscitos franceses - o templo também funcionava como Câmara política.

A fuga dos colonos para outras regiões após escassez fica nítida nos detalhes: o teto sequer foi decorado e as pinturas da parede "somem" ao longo da construção.

A economia criativa impulsionada pela falta do metal também resultou na produção de vinho. "Quando aqui ainda era um arraial, a escavação acabou e a população começou a passar fome. Um padre foi transferido para cá e decidiu ensinar o povo a cultivar uvas e começaram a produzir vinho para as festividades da Igreja", conta Jesuína Pereira, responsável pelos vinhos "Aluar".

Apiário "Flor de Mel", em São Lourenço (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Apiário "Flor de Mel", em São Lourenço (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Jesuína Pereira, responsável pelos vinhos Aluar, de Catas Altas (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO

A bebida é produzida com jabuticaba, fruto abundante na região. "Desde 1949 existe vinho de jabuticaba por aqui. Estamos lutando para que a bebida seja registrada como vinho", conta a empreendedora. O "Aluar" tem vinhos de tipos suave, seco e branco, além de geleias.

A jabuticaba ainda está presente no molho de uma costela de porco do La Violla Restaurante e Cervejaria - a combinação é imperdível.

Ainda na área gastronômica, é possível visitar o apiário caseiro Flor de Mel, empreendimento de Ronaldo Júnior no município de São Lourenço. Os visitantes podem explorar o processo de produção, entender o funcionamento das colmeias e degustar diferentes variedades desse néctar - silvestre, aroeira, candeia, velame, copaíba, mel maturado e borá.

Serra do Caraça (em Catas Altas)

Santuário do Caraça, na Serra do Caraça, em Catas Altas (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Santuário do Caraça, na Serra do Caraça, em Catas Altas (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Santuário do Caraça, na Serra do Caraça, em Catas Altas (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO

Localizado ainda em Catas Altas, o Santuário do Caraça (na Serra do Caraça) constitui uma localização "obrigatória" para quem vai ao circuito da Estrada Real. A história do local é surpreendente, começando como uma igreja neogótica fundada em 1774 por um nobre português que fugiu da condenação de morte na Europa e manteve a sua identidade em segredo em Minas.

Em 1820, o espaço passou a abrigar um tradicional colégio que chegou funcionou até o século 20, quando sofreu um incêndio nos anos 1960. Por lá estudaram figuras como o presidente Juscelino Kubitschek.

Hoje, é possível se hospedar nas acomodações e desfrutar de uma rota de trilhas com diversas cachoeiras, incluindo o "Banho do Imperador", que D. Pedro II desfrutou. Pela noite, uma família de lobos costuma aparecer defronte ao Santuário. Eles já se tornaram símbolo local.

Santana dos Montes

Santana dos Montes, em Minas Gerais - NEREU JR/DIVULGAÇÃO

Localizada a 3 horas de Catas Altas, Santana dos Montes é um simpático município interiorano com fazendas e pousadas para quem busca momentos de conforto rural em meio a uma atmosfera arquitetônica colonial.

Lá existe a Pousada dos Montes, em um belo solar que preserva traços do século 18; o Hotel Fazenda Paciência, erguido em 1742 no intrigante Pico da Paciência, com altitude de 1120 metros; ou Hotel Vila do Tanque, fazenda fundada em 1863.

Escola de Violeiros Chico Lobo, em Santana dos Montes (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Buffet do Hotel Fazenda Paciência, em Santana dos Montes (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO

Também é possível conhecer uma iniciativa que preserva uma tradição musical de séculos em Minas: a viola. A Escola de Violeiros Chico Lobo foi fundada em 2005 após visita o musicista na cidade e hoje conta com apoio municipal.

"Houve um tempo em que a viola caiu no esquecimento, sendo preservada apenas por conta da Folia de Reis. A escola foi tomada como patrimônio imaterial do Estado, pois perceberam como muitas crianças estavam tendo contato e continuando a tradição", diz Rogério Rodrigues de Castro, coordenador do espaço.

"Já recebemos muitas visitas durante as aulas. Lá também temos um memorial que conta a história da viola. Também fazemos iniciações todas as quintas-feiras, das 14h às 18h."

Tiradentes

Tiradentes, em Minas Gerais - NEREU JR/DIVULGAÇÃO

Deste roteiro, Tiradentes talvez seja o destino mais conhecido. Com arquitetura barroca, ruas pedra, casarões coloniais e igrejas bem preservadas, a cidade tem vários pontos turísticos, como Igreja Nossa Senhora do Rosário e o Museu de Sant’Ana.

Contudo, um pedida cada vez mais consolidada por lá é a vinícola Luiz Porto, um dos destaques no cenário de vinícolas de Minas Gerais, conhecida pela produção de vinhos de alta qualidade.

Localizada em um galpão arrojado, a vinícola utiliza técnicas modernas e cuidados artesanais. Os visitantes podem conhecer todo o processo de produção e provar degustações que destacam o sabor característico de cada vinho.

Vinícola Luiz Porto, em Tiradentes (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Vinícola Luiz Porto, em Tiradentes (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO
Luiz Porto, da vinícola Luiz Porto, em Tiradentes (MG) - NEREU JR/DIVULGAÇÃO

"No clima tropical de altitude do sul de Minas Gerais, a gente nunca conseguiu produzir uva fina de qualidade por conta do clima extremamente chuvoso e a umidade relativa do ar. Porém, invertemos o ciclo através de uma técnica de dupla poda, produzindo a uva no inverno", explica Luiz Porto Junior, responsável pela vinícola e natural de Cordislândia.

Ao longo de todo ano, Tiradentes é palco de diversos eventos e festivais temáticos, como os de cinema, gastronomia, fotografia, teatro, jazz e design.

Outros roteiros

O Governo de Minas Gerais também traçou outros quatro roteiros na campanha "Inverno em Minas". São eles:

Até 22 de setembro, encerramento oficial do inverno, estão previstas mais de 500 ações em todo território, destacando seus atrativos naturais e culturais, e em especial, a comida mineira e seus pratos típicos dessa época.

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