O médico Drauzio Varella, que também é colunista da Folha de S.Paulo, acredita que o Carnaval e outros eventos populares no Brasil contribuíram para a disseminação do novo coronavírus no País. Para ele, a medida mais correta teria sido o cancelamento das festas.
Varella falou sobre o assunto durante a estreia do Ao Vivo de Casa, uma série de lives da Folha, nesta quinta-feira (16). O médico disse ainda que subestimou a gravidade do vírus por falta de informações vindas da China. Ele ainda criticou a demora das autoridades, além de brasileiras, mas da Espanha, para conter o avanço da covid-19.
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"Certamente o vírus se disseminou ali naqueles encontros de grande quantidade de gente", acredita.
Por temer o risco do sistema de saúde do Brasil entrar em colapso, Drauzio trata do assunto com preocupação, porque não engloba somente os que sofrem com a covid-19, mas com qualquer outra doença.
"Quem sofrer um infarto vai pra onde? Quem sofrer um AVC vai para onde? Quem quebrar a perna no degrau de casa ou quem sofreu uma queda no banheiro, para onde vão essas pessoas? Sistema em colapso significa nenhuma vaga para ninguém", destaca.
Drauzio defende a ideia de que muitas pessoas que estão morrendo por falta de ar poderiam ser salvas. O fato deixa o médico perplexo. "A morte por falta de ar é inaceitável em uma nação civilizada", diz. "E pessoas com outras doenças que poderiam ser tratadas com facilidade vão morrer também por falta de condição de tratamento", afirma.
Cauteloso no assunto, Drauzio falou sobre os tratamentos do coronavírus que estão sendo estudados. Ele aproveitou para falar da hidroxicloroquina. "Se eu pegar o vírus, não vou tomar [hidroxicloroquina]. Eu não sei se vai fazer bem ou se vai acelerar a minha morte. Pode ser que essa droga passe pelos testes e se mostre uma arma importante. Mas a gente tem que esperar", explica Varella, que foi o primeiro convidado do Ao Vivo de Casa.
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Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.
Drauzio Varella afirma que cancelar Carnaval teria contido o coronavírus no Brasil