Em entrevista à Globo News, Monica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco, afirmou ser contra a federalização da investigação do assassinato da vereadora e do seu motorista, Anderson Gomes. O julgamento da federalização do Caso Marielle será nesta quarta-feira (27), no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), oito meses após a ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge entrar com o pedido.
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Dodge entrou com o pedido em seu último dia como PGR, alegando que havia"inércia" na investigação dos homicídios de Marielle e Anderson por parte da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio (MPRJ), segundo o jornal O Globo. O crime aconteceu no dia 14 de março de 2018.
"Hoje, a gente não identifica esse deslocamento de competência como razoável, inclusive porque a gente está falando de dois anos e dois meses de um caso muito complexo, infelizmente um assassinato que foi muitíssimo bem executado. Então a PF teria acesso a todos os volumes do inquérito, um material absurdo, isso sem dúvida iria gerar prejuízo para as investigações", avaliou Monica.
Duas entidades de direitos humanos pediram a suspensão do julgamento. O Instituto Marielle Franco e o Coalizão Negra por Direito pediram a suspensão do julgamento. Além disso, solicitaram também entrar no processo como "amigo da corte" (amicus curiae, no jargão jurídico). Quando uma entidade estranha à causa pede para auxiliar o tribunal com informações que possam ajudar no processo. A relatora indeferiu a suspensão, mas permitiu que as duas entidades tivessem acesso ao caso.
A ministra do STJ Laurita Vaz, relatora do Incidente de Deslocamento de Competência (IDC), nome técnico da federalização, porém, decidiu que não há motivo para adiar o pleito.
Monica afirmou que tanto a família de Marielle quanto a de Anderson são contra a federalização do caso. "Nós não queremos que a polícia que Jair Bolsonaro declarou que quer fazer intervenção cuidando de um caso que ele nunca se importou e quando se manifestou foi com desrespeito", declarou Monica. Ela disse ainda que não há "razões técnicas" que justifiquem a federalização.
O jornal O Globo ouviu outros ministros e, segundo eles, a tendência é que a federalização não aconteça e as investigações fiquem nas mãos da Polícia Civil, promotoria e Justiça do Rio de Janeiro.
Com a investigação no Rio de Janeiro, Monica Benício afirma que a família tem acesso a parte da movimentação do caso e que com a federalização isso não seria possível. "A gente mantém diálogo constante com o MP-RJ, que apresenta o andamento do caso. As investigações correm, existe uma satisfação sendo dada", disse.