Muita polêmica começou a cercar o Ministério da Educação (MEC) desde que Carlos Alberto Decotelli foi escolhido para assumir a pasta pelo presidente Bolsonaro (sem partido), na última quinta-feira (25). Incongruências presentes em seu currículo fizeram que Decotelli deixasse o Ministério no dia em que tomaria posse dele, nesta terça (30). Mas o que chamou a atenção é que o agora ex-ministro da Educação já havia colocado em seu currículo Lattes que era, de fato, o "atual ministro da Educação do Brasil" mesmo sem ter tomado posse do cargo. O currículo teve sua última atualização na segunda-feira (29).
Decotelli iria suceder Abraham Weintraub, que deixou o Ministério da Educação no dia 18 de julho deste ano. À época, Weintraub não explicou os motivos que o levou a pedir demissão do cargo. O ex-ministro afirmou que recebeu o convite para ser diretor do Banco Mundial e, uma semana depois, deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos.
Carlos Alberto Decotelli foi anunciado pelo president#e Bolsonaro como "doutor pela Universidade do Rosário, na Argentina e pós-doutor na Universidade de Wuppertal, na Alemanha". No dia seguinte ao anúncio, o título de doutor foi contestado pelo reitor da Universidade Nacional de Rosário, Franco Bartolacci. Nesta segunda (29), foi a vez da Wuppertal informar que o ministro não obteve nenhum título durante o tempo que ficou na universidade alemã.
No sábado (26), o economista Thomas Conti apontou nas redes sociais possíveis indícios de cópias na dissertação de Decotelli, citando trechos do texto do ministro que são idênticos a um relatório do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) para a Comissão de Valores Mobiliários. A revelação levou a FGV a abrir uma apuração interna para verificar se houve plágio.
Na Argentina, o reitor da Universidade Nacional de Rosario, Franco Bartolacci, revelou que "o senhor Carlos Decotelli cursou o doutorado em administração da Faculdade de Ciências Econômicas e Estatísticas da Universidade Nacional de Rosário, mas não o concluiu. Não completou todos os requisitos que são exigidos pela nossa regulamentação de doutorado, que exige a aprovação de uma tese final para obter o título de doutor. Portanto, não é doutor pela Universidade Nacional de Rosário".
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) enviou uma representação à Corte pedindo investigações sobre 'possíveis prejuízos' aos cofres públicos na nomeação de Carlos Alberto Decotelli para o Ministério da Educação (MEC) e o período em que teria cursado, mas não concluído, o doutorado na Argentina.
Na Alemanha, a Universidade de Wuppertal, afirma que Decotelli teria passado apenas três meses na instituição, começando em 2 de janeiro de 2016, mas não obteve nenhum título durante a estadia. Após a manifestação, Decotelli excluiu referência a curso de pós-doutorado no seu currículo.