Em meio à pandemia do novo coronavírus, uma fileira de pessoas com trajes de ginástica foi formada na rua Riachuelo, bairro da Lapa, Centro do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (02). A quantidade de pessoas chamava atenção. Eram 'marombeiros' que estavam bastante ansiosos para curar a abstinência da musculação.
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Além disso, também teve gente que estava querendo cancelar o plano da academia. Os estabelecimentos adotaram um esquema de agendamento dos clientes por faixas de horário para evitar aglomeração, tentando impedir o contágio pelo novo coronavírus, que já atingiu quase 1,5 milhão de pessoas no Brasil. No Rio de Janeiro, o segundo Estado brasileiro mais atingido por essa pandemia, 116.823 pessoas contraíram o novo coronavírus e 10.332 pessoas perderam a vida por causa da covid-19.
Além disso, bares e restaurantes que reabriram as portas nesta quinta tiveram pouca procura e mantiveram as entregas em alta.
"Eu estava fazendo musculação em casa, mesmo. Até comprei pesos novos e instalei uma barra fixa no corredor. Mas não é igual à academia. Agendei logo que abriram os horários", afirmou o contador Érico Luiz Valperto, de 38 anos, ao jornal O Globo. Ele malhou na quarta-feira (1º) em uma academia na Barra da Tijuca.
Para o estudante universitário Ricardo Giorgio, 20, o sentimento foi diferente. Depois de meses sem ir à academia, ele acordou cedo e se encaminhou até uma unidade da rede de academias com um outro objetivo: cancelar seu plano.
"Fiquei meia hora na fila para conseguir cancelar. Tinha umas 20 pessoas fazendo o mesmo. Tem muita gente insatisfeita com o relacionamento que eles têm com os clientes", argumentou.
As academias no Rio de Janeiro adotaram regras bastante rígidas de distanciamento social e medidas sanitárias. Por isso, as salas deverão estar muito menos lotadas durante as aulas coletivas e não se deverá ver cinco pessoas revezando um aparelho de musculação. Tudo isso, é para evitar que a retomada das atividades físicas resulte em um aumento no número de casos da covid-19 no Estado.
Na rede Bodytech, foi adotado o agendamento prévio dos clientes. Os equipamentos foram reposicionados para respeitar a distância mínima recomendada. A rede ainda criou um protocolo detalhado para nortear o retorno das atividades. O objetivo da rede é conseguir, agora nos primeiros dias, o Selo de Conformidade da Prefeitura, que é concedido aos estabelecimentos que respeitam as regras.
"O desafio do novo mercado é conquistar a sensação de segurança do cliente. Não adianta ter um produto bom com a sensação de segurança ruim. É a certeza de estar num ambiente seguro que vai fazer o cliente voltar e indicar amigos. Mesmo nas unidades que funcionam dentro do shopping, onde há aferição de temperatura na entrada, vamos aferir novamente a temperatura dos clientes ao entrarem na academia. Todos os equipamentos estão demarcados garantindo a distância de dois metros dos clientes. Há múltiplos polos de álcool em gel, e a equipe de limpeza está orientada a higienizar os equipamentos após cada uso", disse Marcelo Vianna, diretor de operações da Bodytech.
O distanciamento nas áreas de circulação deverá ser de, no mínimo, dois metros. A capacidade total da academia será reduzida de forma que haja seis metros quadrados por pessoas, levanto em consideração a área total do estabelecimento. A princípio, as aulas coletivas não vão retornar. Quando isso acontecer, será evitado o contato físico. Spas, saunas e espaço para crianças vão permanecer fechados. Lanchonete e lojas de roupas dentro de academias voltarão a funcionar no dia 14 de julho, desde que estejam quites com as regras da Prefeitura do Rio.
A presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro, Tânia Vergara, afirma que a volta das academias é precoce.
"Atividades que não são essenciais para a sociedade deveriam ser as últimas a serem retomadas. Embora eu compreenda que os donos das academias estejam numa situação difícil e que muitos possam até falir, acho que é arriscado nesse momento a reabertura das academias. Eu não sou contra reabrir (as atividades), mas sou contra abrir toda semana, sem dar o tempo necessário para a gente ver o que acontece. Temos pesquisadores muito bons trabalhando nisso e dando essa orientação para a prefeitura, então o melhor seria seguir conforme eles orientaram", alega.
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