Após críticas de Biden, Bolsonaro diz que Brasil tem que ter 'pólvora'

"Depois que acabar a saliva tem que ter pólvora. Não precisa nem usar a pólvora, mas tem que saber que tem", afirmou o presidente
Estadão Conteúdo
Publicado em 10/11/2020 às 23:02
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil Foto: EVARISTO SA/AFP


Diante da ameaça do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, de que o Brasil sofrerá consequências econômicas caso não haja uma atuação mais firme para combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro reagiu e disse que uma solução "apenas pela diplomacia não dá" nessa situação. "Depois que acabar a saliva tem que ter pólvora. Não precisa nem usar a pólvora, mas tem que saber que tem", afirmou Bolsonaro, nesta terça-feira, 10.
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Biden citou a possibilidade de consequências econômicas ao Brasil por causa da política ambiental na Amazônia ainda durante a campanha, em debate com o presidente Donald Trump. No último sábado, 7, Biden foi declarado vencedor das eleições, derrotando o atual presidente americano, de quem Bolsonaro é aliado. O presidente eleito dos EUA tem recebido cumprimentos de diversos chefes de Estado, mas ainda não teve a vitória reconhecida pelo brasileiro.
"Assistimos há pouco um grande candidato a chefia de Estado dizendo que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele vai levantar barreiras comerciais contra o Brasil", afirmou Bolsonaro durante evento para lançar a retomada do turismo no País. "Apenas pela diplomacia não dá", emendou ele, lançando a "pólvora" na relação entre os dois países.
Como mostrou o Estadão ontem, o presidente não dá sinais de que mudará de opinião sobre reconhecer a vitória de Biden e continuará aguardando o fim das ações judiciais movidas pelo presidente Trump, que se recusa a admitir a derrota.
A pressão para o presidente se manifestar aumentou principalmente após autoridades mundiais, incluindo de extrema direita, cumprimentarem Biden pela vitória. Ministros evitam responder sobre a questão e alegam que esta decisão caberá somente ao chefe do Executivo.
A preservação ambiental não é o único ponto de discórdia entre Bolsonaro e o presidente eleito dos EUA. Biden adotou, como primeira medida, a criação de um comitê para o combate da covid-19, cujos índices de contaminação voltaram a subir no país. O democrata também fez um apelo para que a população use máscara, proteção recomendada por especialistas para evitar a transmissão da doença.
Bolsonaro, por sua vez, voltou a dizer que a pandemia está sendo "superdimensionada". "Aqui começam a amedrontar o povo brasileiro com segunda onda. Tem que enfrentar (segunda onda), é a vida", afirmou ele.
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