Pandemia

Sem sedativo, pacientes intubados acordam e, amarrados ao leito, ‘pedem para não morrer’

Falta de medicamentos está causando mortes no Rio de Janeiro, que tem maior volume de pacientes intubados do país

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Do jornal Correio para a Rede Nordeste

Publicado em 14/04/2021 às 20:42 | Atualizado em 14/04/2021 às 20:43
PROCURA Em 2020 e 2021, procura por serviços médicos despencou, mas agora a busca por internação, por exemplo, subiu 63%, pressionando custos - MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

A falta de sedativos necessários para a intubação de pacientes no Rio de Janeiro vem causando mortes no estado, que tem o maior número de pacientes utilizando ventilação mecânica devido à covid-19, desde o início da pandemia.

Em entrevista ao jornal RJ1, da TV Globo, uma enfermeira do Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na zona oeste da capital fluminense, afirma que pacientes com a forma mais grave da doença estão intubados, acordados e amarrados aos leitos devido à ausência dos medicamentos. Há 78 pacientes internados com covid-19 na unidade, além de mais 40 na emergência.

"Na sala vermelha, os pacientes estão intubados e amarrados, estão vivenciando tudo acordado e sem sedativo, pois não tem nenhum sedativo, acabou tudo. Só para o CTI e mesmo assim estão sendo rediluídos e não dá para todos os pacientes. Eles ficam tudo acordado, sem sedativos, intubados, amarrados e pedindo para não morrer", diz a enfermeira.

Sem a medicação, as equipes médicas tem que procurar outras alternativas, como contenção mecânica, sedativos mais leves e remédios mais antigos, geralmente com mais efeitos colaterais.

Mortes por falta de medicamentos

Apesar desses paliativos, uma enfermeira do Hospital São José, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, confirmou mortes por falta de remédios.

"Não tinha medicações, não tinha sedativos para os pacientes do CTI e então, infelizmente, eles vieram a óbito. Nós vimos, assim, os profissionais desesperados, chorando, porque não tinha o que fazer pra ajudar, né? Tá com falta de seringa, tá com falta de agulha", afirmou.

Entrevistado pelo telejornal, o médico intensivista Áureo do Carmo Filho afirmou que a contenção mecânica usada sem sedativo trata-se de uma "forma de tortura". "O paciente está ali incomodado e está se vendo numa situação em que ele não pode nem mesmo chamar ajuda pela equipe multiprofissional", explicou.

Perguntado sobre o assunto, o secretário Municipal de Saúde, Daniel Soranz, confirmou que os estoques de suprimentos para o tratamento da covid-19 no município estão no limite.

"Tem sido um processo muito difícil para comprar esses sedativos. O Ministério da Saúde centralizou essa compra e tem distribuído semanalmente, para não deixar ter falta. Todos os hospitais públicos e privados estão com estoque no limite, para não se realizar estoques muito altos em algumas unidades e faltar em outras. (...) Mas até o momento garantindo aí esse cuidado, essa medicação para os pacientes que precisam", disse. As informações são da TV Globo e G1.

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