Comemorado nesta segunda-feira (26), o Dia dos Avós terá um gostinho especial em 2021. Se no ano passado a data foi marcada pelo isolamento imposto pela covid-19, este ano o cenário é um pouco melhor. Com o avanço da vacinação, as visitas aos avós, que tanto sentiram o peso da distância dos netos e demais familiares nesses meses, começam a ser retomadas. Mas tudo deve ser feito com bastante cuidado e mantendo um comportamento seguro, com o uso correto de máscaras, o distanciamento social e a higiene reforçada. Afinal, a pandemia ainda não acabou.
Avó de quatro, a professora aposentada Elaine Braga, de 77 anos, encontrou na imunização a oportunidade de se reaproximar da família e comemorar este Dia dos Avós ao lado dos netos mais novos, Maria Rita Braga, de 7 anos, e Samuel Braga, de 4. "Eu sempre ia para casa do meu filho na data. Ano passado, como só falei com eles por telefone, senti como se o dia não tivesse sido completo. Este ano, apesar de ainda não ter abraço, beijo, nem o aconchego que a gente tanto ama, nós, pelo menos, estaremos no mesmo ambiente, utilizando máscaras e tomando todas as medidas de segurança", conta a avó, que já recebeu as duas doses da vacina contra a covid-19.
Ao JC, a mãe das crianças e nora de Elaine, a economiária Dalcimery Braga, 44, destacou que enxerga a data como oportunidade de demonstrar aos filhos o valor que os avós possuem para a família. "Quero mostrar para eles que esses dias comemorativos têm um significado. Como eles são muito apegados aos avós paternos, quero que eles façam do Dia Avós um momento especial", diz.
A filha mais velha, Maria Rita, tem trilhado os caminhos guiados pela mãe com alegria. "Eu adoro comemorar o Dia das Mães, dos Pais, dos Avós, dos Irmãos. No Dia dos Avós, a gente sempre dá uma cartinha e uma flor para os meus avós", explica a menina, ressaltando que, após esse tempo distante, a comemoração vai ser ainda mais especial.
Distância como sinônimo de tristeza
O isolamento imposto pela pandemia foi uma prova de fogo para muitos avós, como a aposentada Lúcia Pereira, 73. Moradora do município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, ela, que já estava doente quando a pandemia se instaurou, viu seu quadro de saúde piorar com necessidade de ficar distante dos netos. "Eles sempre frequentavam a minha casa, mas com a covid-19, pararam de nos visitar e eu me senti muito triste. Para mim, ter tomado as duas doses da vacina significa 'vida'. Com a pandemia, as pessoas ficaram separadas de suas vidas", declara a idosa, que é avó de dez e bisavó de quatro.
Mas não foi só dona Lúcia que se sentiu sozinha no contexto da pandemia. Um levantamento realizado pelo Instituto Ipsos, entre 23 de dezembro 2020 e 8 de janeiro deste ano, apontou que os brasileiros são o povo que mais se sentiu solitário durante o período do que a população de outros 28 países. De acordo com a pesquisa, 50% das mil pessoas entrevistadas no Brasil disseram sentir solidão "muitas vezes", "frequentemente" ou "sempre". O segundo lugar do ranking, por sua vez, pertence aos turcos (46%), seguidos pelos indianos (43%) e sauditas (43%).
Aos poucos, o cenário da pandemia vai mudando e, na casa da dona Lúcia e do marido, o também aposentado Ailton Pereira, de 79 anos, os netos voltaram para encontros presenciais. "É um momento de reafirmar a importância deles nas nossas vidas, de fazê-los se sentirem especiais, de retribuir todo o amor que recebemos desde que nascemos. Estar ao lado deles, tomando os devidos cuidados, é essencial. Com os avós vacinados, podemos ficar mais tranquilos quanto à saúde deles", diz o biólogo e estudante de odontologia Paulo Pereira, 30, um dos netos do casal, ressaltando que as medidas de higiene para o combate ao coronavírus seguem sendo cumpridas à risca.
Após o avanço da vacinação contra covid-19, pode-se começar a pensar em retomar as visitas aos avós, ainda com muito cuidado e mantendo comportamento seguro, como o uso correto de máscaras, o distanciamento social e a higiene das mãos. "É preciso promover um reencontro seguro, mantendo o cuidado com a saúde", explica o médico geriatra do Hospital Esperança Recife, Marcelo Cabral.
Também com cautela, deve-se estimular os idosos a retomar as atividades rotineiras, como consultas e exames médicos, e exercícios físicos que eram praticados antes da pandemia. "Nos consultórios, percebemos que houve um afastamento dos pacientes, gerando agravamento de doenças, como as cardíacas. Além disso, a interrupção das atividades físicas agravou questões como equilíbrio, marcha e comportamento", acrescenta Marcelo Cabral.