RELATÓRIO

Documento citado por Bolsonaro sobre mortes em decorrência da covid-19 foi alterado, diz auditor

Auditor do TCU investigado por produzir o material disse que foi 'irresponsabilidade' divulgar o texto

Cadastrado por

Larissa Lira

Publicado em 13/08/2021 às 23:00 | Atualizado em 13/08/2021 às 23:53
Bolsonaro recebeu a documentação do pai de Marques que é coronel da reserva - Isac Nóbrega/PR

O documento citado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para dizer que o Tribunal de Contas da União (TCU) havia inflado o número de mortes decorrentes da covid-19, no mês de junho, foi alterado, segundo o auditor do TCU Alexandre Marques. Ele afirmou que havia produzido o documento que foi repassado para o presidente. No entanto, o papel não continha a identidade visual do Tribunal como apoiadores do presidente divulgaram. 

Marques é investigado por ter sido o autor do material e deve ser convocado para depor na CPI da Covid, no Senado. Em depoimento, ele disse que a divulgação do documento foi uma 'irresponsabilidade'. Quando a divulgação aconteceu, o auditor foi afastado por 60 dias do Tribunal. 

"No dia 31 de maio, foi quando eu redigi esse arquivo de duas páginas em Word, como um rascunho, para provocar um debate junto à equipe de auditoria. Eu peguei informações públicas, da internet. A minha preocupação era com a qualidade dos dados da Saúde", disse Marques em depoimento.

No depoimento, Alexandre Marques presume que o documento foi alterado na Presidência da República e disse ainda que Bolsonaro foi irresponsável ao vender a ideia de que mais da metade das mortes por covid-19 eram registros supernotificados.

Divulgação 

O documento foi enviado para Bolsonaro pelo pai de Marques, o coronel da reserva Ricardo Silva Marques. No dia 7 de junho, o presidente divulgou para apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. No suposto estudo do TCE, 50% das mortes por Covid em 2020 não teriam sido causadas pela doença. Bolsonaristas chegaram a divulgar nas redes sociais um suposto documento do tribunal com esses dados.

O levantamento não continha a identidade visual do TCU - diferentemente do documento divulgado nas redes sociais por bolsonaristas - e nem as conclusões tiradas pelo presidente.

No mesmo dia, em nota, o TCU esclareceu que não há informações em relatórios do tribunal que sustentem a afirmação do presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, o tribunal reforçou que não é o autor do documento.

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