Pescadores lutam para conservar o mangue no Recife

No quarto dia da série em homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente, conheça a história de pescadores que lutam para proteger o mangue
Da editoria de Cidades
Publicado em 03/06/2015 às 9:30
No quarto dia da série em homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente, conheça a história de pescadores que lutam para proteger o mangue Foto: Foto: Divulgação/Amigos do Mangue


O mangue sempre foi o lar da marisqueira Sandra do Nascimento. Ao longo dos seus 39 anos, cresceu observando os pais pescadores tirando do bioma o necessário para sobreviver. Hoje, exerce o mesmo trabalho sob a Ponte do Pina, Zona Sul do Recife, e luta para preservar o espaço onde vive, reflorestando e realizando limpezas periódicas com a ajuda de outros moradores do local. O desejo da população de proteger a natureza é marcante, mas falta apoio.

“Eu pego as sementes do chão e planto, ou então arranjo mudas através de parceiros. É muito bom ver reflorestadas áreas onde antes não tinha nada. Aqui na comunidade debaixo da Ponte do Pina, procuramos limpar, tirar o plástico que se agarra nas raízes, mas é difícil sem parceiros. Tiramos o nosso sustento da maré e, se não proteger, a tendência é acabar o marisco, o sururu e o peixe”, afirma a catadora, que vende o produto nas ruas do Recife para sustentar seis filhos e dois netos. “Nós não temos renda fixa, trabalhamos muito, por isso não temos condições de ajudar o tempo todo. A situação atual é muito triste, porque a área está cheia de lixo. Isso impede outras plantas de crescerem, e os animais morrem.” 

O senso de proteção de Sandra e da comunidade começou com o projeto Amigos do Mangue, formado por pescadores de Brasília Teimosa e do Pina, que limpou a faixa de mangue ao longo do RioMar Shopping em 2011 e 2012, com apoio do Instituto JCPM. Na época, os participantes retiravam cerca de 50 quilos de lixo por dia. Também realizavam ações de educação ambiental e de reciclagem. 

O pescador Francisco Romeiro coordenou as ações e lamenta a falta de interesse da gestão pública em conservar o bioma. “Após a ação, até fizemos uma sementeira e plantamos cerca de 2.500 mudas. Muitos pescadores daqui tentam continuar o trabalho, mas falta apoio. O Recife é cortado por 90 canais, que trazem os resíduos. É preciso conservar, pois o ecossistema é importante para a cidade e para os pescadores. Uma planta de manguezal sequestra 250 toneladas de gás carbônico ”, explica. 

Atualmente, Francisco e Sandra planejam implantar projetos de proteção e conscientização, como a ecobarreira e turismo ambiental. “A barreira artificial pode ser feita até com garrafas PET e ajudaria a impedir que o lixo se agarre nas raízes. Precisamos da ajuda das autoridades para isso. No próximo verão, vamos fazer passeios de barco pelos manguezais do Recife. A viagem vai durar 2 horas e custará R$ 25. Quando as pessoas conhecerem melhor, vão proteger o ecossistema”, relata Francisco.

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