Professores da rede municipal do Recife paralisam as atividades quinta e sexta-feira. O ato é para cobrar melhorias na carreira e melhores condições de trabalho. Além do reajuste salarial de 18,97% – baseado em estudos feitos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – os docentes cobram aumento do tíquete-refeição (hoje é R$ 12, por dia, enquanto vereadores recebem R$ 100) e reestruturação das escolas. Nesta terça, profissionais de educação e servidores de diversos órgãos saíram às ruas em passeata até a prefeitura, no Cais do Apolo.
A poucos metros do prédio-sede, a Escola Nossa Senhora do Pilar comprova o descaso apontado pelos docentes. Funcionando há 15 anos em terreno doado pela empresa Mendes Júnior, a instituição conserva paredes de tábua do antigo galpão, fiação elétrica está exposta em diversas salas e goteiras aparecem ao menor sinal de chuva. Os problemas não param por aí. Como a unidade foi improvisada, os professores se esforçam para lecionar aos 134 alunos. Os desenhos coloridos nas paredes contrastam com o piso quebrado e o teto mofado.
Giovana Maltese, do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino do Recife (Simpere), já lecionou na instituição e conta que as madeiras do teto da sala estavam apodrecidas e os alunos precisaram ser realocados para a biblioteca para evitar acidentes. “Não tem solução para esse lugar. Só derrubando e construindo outra”, desabafa a professora. A escola não é caso isolado. Em cada Região Político-Administrativa (RPA) do Recife há pelo menos uma em condição precária.
INTERVENÇÃO
O secretário-executivo de Infraestrutura da Secretaria de Educação do Recife, Antonio Vasconcelos, que visitou a unidade no mês de janeiro, explica que não há reforma para transformar o lugar. A alternativa é reconstruí-la. “Não acreditei quando vi como um galpão de construção se transformou em escola infantil. Faremos intervenção na unidade utilizando o novo método construtivo, feito com concreto e PVC”, explica. O procedimento empregado reduz o tempo de construção do imóvel, de dois anos para quatro meses, em média.
Para construção da unidade será utilizado o regime diferenciado de compra (RDC), com verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). “O orçamento faz parte dos gastos do Executivo, já está contextualizado. Durante o período de construção, os alunos serão encaminhados para outros locais e terão transporte para levá-los de casa para escola”, garante Vasconcelos.
Semana passada, o secretário-executivo esteve em Santa Catarina, no Sul do Brasil, para acompanhar as obras realizadas pela Global Housing, empresa de construção civil que desenvolve sistemas construtivos em concreto e PVC. Ela ganhou a licitação do FNDE para construir obras utilizando a técnica no País.