Durante o encerramento do seminário Todos por Pernambuco, organizado pelo Governo do Estado para ouvir a demanda da população, na manhã desta quarta-feira (29), os professores em greve da rede estadual de ensino e integrantes de um grupo que exigia moradia organizaram um protesto dentro do Centro de Convenções. A categoria exibiu cartazes e faixas com as reivindicações e interrompeu o discurso do secretário de Planejamento e Gestão, Danilo Cabral, dentro do Teatro dos Guararapes. O ato foi todo presenciado pelo governador Paulo Câmara (PSB), que estava no evento. O socialista disse o protesto fazia parte da democracia e em seguida reforçou que não há margem para negociações com os docentes.
"A gente não tem condições de atender antes do fechamento do quadrimestre e dar nenhum horizonte para os professores e isso serve para todas as áreas. Estamos muito serenos nos gastos, buscando economizar em tudo o que a gente pode economizar. Queria muito a compreensão de todos para o diálogo, para voltar às aulas. Isso (o protesto e a greve) não vai melhorar a educação de Pernambuco ou a situação financeira de Pernambuco. Isso está prejudicando os alunos e os pais, que precisam trabalhar e têm que deixar alguém cuidando dos filhos. Isso gera um custo adicional em um momento de crise", falou o governador.
Paulo reforçou que cumprirá as promessas de campanha. "Vou cumprir o meu compromisso salarial. A educação vai melhorar, não aumentando salários, mas com metas e indicadores e o salário vai vir com isso. A cada melhoria dos indicadores de educação o salário vai melhorar também. Vou fazer uma revolução na educação de Pernambuco, vou melhorar a vida dos professores, melhorar o salário e o ensino", destacou.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Fernando Melo, informou que o grupo está acompanhando a agenda do governador para pressionar uma reação quanto às reivindicações dos docentes. "Nós estamos aguardando que o governo se posicione em termos da retomada da negociação", explicou. Em seu discurso, Paulo Câmara respondeu aos manifestantes que o governo vai cumprir com os compromissos assumidos durante a campanha e pediu que os professores voltem às salas de aula.
Antes do início do seminário, a Polícia Militar entrou em conflito com os professores durante um protesto em frente ao Cecon. Cerca de 80 docentes se concentravam na Estrada de Belém, na parte de trás do centro, com cartazes e carro de som, quando um professor passou mal e ficou deitado na via. O trânsito ficou bloqueado e a polícia entrou em ação. Após o término do evento, o grupo voltou para a Estrada de Belém.
O governador disse que ira apurar se houve força excessiva por parte da Polícia Militar. "Esse cuidado já há (de ter cuidado no trato com os manifestantes). Tem que se ver os excessos de ambos os lados. Se houve excesso por parte da Defesa Social, vamos cuidar disso. Há os excessos do outro lado... Vi pessoas deitadas no asfalto e isso não ajuda, não vai beneficiar o diálogo, nós não vamos melhorar em nada nessa situação. Não é forçando a barra. As pessoas têm que respeitar as instituições, esse é o estado democrático de direito", ressaltou.
MORADIA - Os manifestantes que protestavam por moradia também mereceram a atenção do governador. Ele destacou o secretário de Habitação, Marcos Batista, para receber o grupo e ver o que poderia ser possível fazer.
"O secretário Danilo Cabral (Planejamento e Gestão) já desmembrou uma sala temática para Habitação, para ter uma sala temática, ouvir o pessoal. Habitação é um problema nacional, temos muitos programas em andamento e precisamos destravar muita coisas. Os manifestantes têm razão. Muitas obras estão com ritmo aquém do desejado por nós e a gente vai ver. Mas é um planejamento que precisa ser feito. Nós não vamos em quatro anos corrigir o déficit habitacional. Vamos trabalhar para diminui-lo", falou.
GREVE - Na segunda-feira (28), a categoria decidiu por manter a greve, iniciada há duas semanas. Os docentes pedem o pagamento do reajuste de 13,01% do piso salarial do magistério para todos os docentes. Em março, a Assembleia Legislativa de Pernambuco aprovou o reajuste de 13,01% do piso salarial apenas para aqueles que tem magistério, contrariando a determinação nacional. O aumento só contempla 10% dos professores. Segundo o Sintepe, ficam sem reajuste 45.750 profissionais.