Transexual é aprovada em 1º lugar no curso de Serviço Social na UFPE

O resultado foi descoberto na última segunda-feira (18), quando o listão foi liberado pelo Sisu
Larissa Alves
Publicado em 20/01/2016 às 21:10
O resultado foi descoberto na última segunda-feira (18), quando o listão foi liberado pelo Sisu Foto: Reprodução Facebook


Ingressar em uma universidade pública é um sonho para qualquer estudante. E quando a surpresa da aprovação vem com o 1° lugar do curso tão desejado, o presente é ainda maior. É o caso da transexual Amanda Palha, 28 anos, moradora de São Paulo, que passou no curso de Serviço Social oferecido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O listão do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) foi liberado na última segunda-feira (18) e, para a surpresa de Amanda, a nota de  769.39, conseguida através do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), lhe rendeu o primeiro lugar de 30 vagas na ampla concorrência.

 

Aprovada! Amanda Palha em Segunda, 18 de janeiro de 2016

 

Entre as metas programadas pela estudante para o começo de 2016, todos os primeiros objetivos foram alcançados. Listados por ela, entrar na universidade, comparar as passagens para o Recife, conseguir moradia e emprego já estavam acertados. Segundo Amanda, algumas questões, entre elas a documentação de matrícula, só podem ser resolvidos quando ela estiver alocada na capital. 

 

PROJETO PE-2016:Aprovação da UFPE: feitaMoradia: arrumadaTrabalho: certoPassagem: compradaMicro-férias magya em...Publicado por Amanda Palha em Segunda, 18 de janeiro de 2016

 

Para saber o que se passava na cabeça de Amanda, a reportagem do Jornal do Commercio fez um primeiro contato por telefone. Muito ocupada por conta da mudança para o Recife, a jovem pediu que a conversa fosse feita em outro momento, mas, feito isso, as chamadas não puderam ser completadas.

Só que em entrevista ao Exame.com, nesta terça-feira (19), a caloura relatou que a escolha do curso não foi feita de forma aleatória. Ela conseguiu um trabalho na área do serviço social e percebeu que ajudar as pessoas em situação de rua era o que gostava de fazer. No futuro, ela pretende seguir a carreira acadêmica, com mestrado e doutorado. 

Com a formação, ela buscará desenvolver os estudos de gêneros, já que eles carecem de uma perspectiva mais contemporânea. Ela acredita que desenvolver esses estudos trará um benefício enorme para se pensar nas questões políticas da população trans. Desta forma, a atuação de assistentes sociais preparados fará um diferencial, além de se tornar uma questão fundamental. 

Para a caloura, a 'mera' inclusão das pessoas trans na universidade não significa muito se for feita de forma isolada. Assim, ela acredita que sua aprovação não é uma vitória plena, e sim o começo de uma nova trajetória. Para Amanda, o que faz de fato a diferença é o que se faz dentro do espaço, na universidade e fora dela também. 

 

NOME SOCIAL - Embora o Enem permita utilizar o nome social na momento de inscrição, a estudante preferiu usar o nome que aparece em seu registro de nascimento, o que não impediu que fosse tratada com o seu nome social e gênero durante a realização das provas.

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