As denúncias de médicos e outros profissionais de saúde sobre a superlotação e falta de vagas nas maternidades públicas de Pernambuco levaram a Secretaria Estadual de Saúde a conovocar para as 9h desta terça-feira (19) uma reunião de emergência com secretários municipais de Saúde do Grande Recife.
Cálculo do Estado aponta uma redução de pelo menos 50 leitos com fechamento de duas maternidades municipais. Isso estaria aumentando assustadoramente a lotação de grandes serviços destinados à gravidez de alto risco.
No Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), Maternidade da Encruzilhada, no Recife, a demanda cresceu em mais de 100% e a lotação excessiva toma enfermarias, berçários e até a sala de parto, onde mulheres que acabam de parir são acomodadas em poltronas, com seus bebês, diante de outras em período expulsivo.
No Cisam, ainda por cima, há um déficit de mais de 200 profissionais, entre médicos e pessoal de enfermagem. O estado de calamidade é defindo como a "superlotação da superlotação”, pelo diretor médico Sérgio Cabral.
No pré-parto do Cisam, onde a capacidade é para 12 gestantes, havia nesta segunda-feira (18) 27 pacientes, muitas delas em cadeiras, que pariram e não conseguem ter alta do local por falta de vaga nas enfermarias. Também não há como transferi-las a outras maternidades, que estão sem vaga.
A rotina que gera sofrimento físico e mental aos profissionais causa dor dupla nas pacientes, as primeiras vítimas. “Eu fico até no chão, só me desesperei quando disseram que não havia UTI para meu filho”, disse Luana Silva, 19 anos, mãe pela primeira vez. Moradora do Recife, teve parto prematuro.
No Grande Recife estão fechadas as maternidades municipais de Olinda e de São Lourenço. Mas a do Hospital Jaboatão-Prazeres, estadual em processo de municipalização, também fechou leitos para reforma.
Bernadete Peres, diretora da Secretaria de Saúde do Recife, diz que as três maternidades municipais, que ofertam 115 leitos, vivem lotadas, com 40% de pacientes de outras cidades. Enquanto isso, 20% das gestantes do Recife vão parir em outros municípios por falta de vaga.