A operação do estacionamento rotativo do Recife, mais conhecido como Zona Azul, enfrenta um momento de contradição. Enquanto a prefeitura obriga os veículos de carga a utilizar o bilhete, na tentativa de efetivar o caráter rotativo que deveria ser premissa do serviço, nas ruas o que se vê é o loteamento por comerciantes informais de boa parte das quase três mil vagas disponíveis na área central. Os flagrantes estão por toda a parte. Quem anda pelo Centro encontra sem dificuldade vagas ocupadas por camelôs que vendem todo tipo de mercadoria, sem qualquer restrição.
Provocado por uma denúncia feita pela Voz do Leitor, o Jornal do Commercio percorreu algumas ruas e fez vários flagrantes. Identificou ruas importantes para o comércio do Centro, como as Ruas das Calçadas, no bairro de São José, e da Palma, em Santo Antônio, com boa parte das vagas de Zona Azul ocupada durante todo o dia pelos informais. Na Rua das Calçadas, por exemplo, das 61 vagas rotativas disponíveis, pelo menos 18 passam o dia com ambulantes motorizados estacionados. A contagem foi feita pela reportagem e confirmada pelos comerciantes formais, indignados com o loteamento de um espaço que deveria ser dividido com os clientes.
Na Rua da Palma, pelo menos oito ambulantes podiam ser vistos comercializando em veículos estacionados nas vagas de Zona Azul. A ocupação acontece tão à vontade que a reportagem encontrou até um carro que, de tão habituado à atividade, o dono já não se dá mais ao trabalho de retirá-lo da vaga. O veículo tinha dois pneus esvaziados, num claro sinal de que não sai do local há muito tempo.
Os comerciantes compram os bilhetes de Zona Azul para permanecer nas vagas e, por isso, se sentem no direito de usufruir do espaço como qualquer outro veículo particular. “Eu tenho o mesmo direito que qualquer outro motorista. Muitos carros particulares também passam o dia estacionados, renovando os bilhetes a cada duas horas. Não vejo problema algum. Nunca fui questionada pelos agentes de trânsito, porque sempre atualizo o bilhete”, argumentou a vendedora de cachorro-quente Andreza Matos, há dez anos na Rua da Palma.
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