Resto de camarão vira saco e remédio

Trabalho de alunos do 7º ano da Escola Arco-Íris é um dos 300 expostos na 18ª Ciência Jovem, uma das maiores feiras do Brasil
Anna Tiago
Publicado em 25/10/2012 às 7:01
Trabalho de alunos do 7º ano da Escola Arco-Íris é um dos 300 expostos na 18ª Ciência Jovem, uma das maiores feiras do Brasil Foto: Foto: Bernardo Soares/JC Imagem


Os restos de camarão que não são consumidos e descartados no lixo são capazes de trazer benefícios para a saúde e o meio ambiente. É o que revela a pesquisa O outro lado da cabeça de camarão, realizada pelos alunos do 7º ano da Escola Arco-Íris, localizada no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife. O trabalho dos jovens estudantes é apenas um entre os 300 que estão, desde quarta (24), expostos na 18ª Ciência Jovem, uma das maiores feiras do Brasil, organizada pelo Espaço Ciência.

Desde março, os jovens pesquisadores da Escola Arco-Íris realizaram levantamentos bibliográficos, consulta a especialistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), visitas a viveiros e práticas laboratoriais e apontaram algumas possibilidades de reutilização dos resíduos de camarão, como a produção de sacolas biodegradáveis, medicamentos e cosméticos.

No laboratório de Enzimologia do Departamento de Bioquímica da UFPE, os estudantes isolaram, bioquimicamente, proteínas, enzimas e carboidratos presentes nas estruturas celulares dos camarões. A partir daí, foram geradas biomoléculas que podem ser usadas na produção de farmacêuticos, como bandagens antissépticas, material cirúrgico, produção de sabão em pó e até cosméticos.

“São jogadas fora cerca de 39 mil toneladas de cabeça e casca de camarão por ano. Inclusive, algumas empresas de frutos do mar enterram esses dejetos, o que pode poluir os lençóis freáticos, contaminar e fazer mal à nossa saúde. Mas, com a reutilização desse material, o que era problema vira solução”, explica o estudante Igor Nogueira, 12 anos. 

Além de incentivar a preservação da natureza, o projeto pretende apresentar uma alternativa para quem negocia com o crustáceo. “A produção de plástico a partir dos restos do camarão pode ser uma saída para os pescadores, que trabalham muito e ganham menos que as indústrias de pesca”, ressalta Francisco Amorim, 13 anos, integrante do grupo.

Até esta sexta (26), quem visitar o Chevrolet Hall, em Olinda, poderá conferir produções científicas, desenvolvidas nas escolas públicas e privadas brasileiras, desde a educação infantil ao ensino médio. Este ano, o destaque do evento é a participação de escolas de todos os Estados do País. A Ciência Jovem é considerada um dos eventos mais significativos da educação científica e conquistou prêmios em outras feiras nacionais e internacionais pela qualidade de seus trabalhos. 

Cada escola só pode apresentar uma pesquisa, para incentivar a realização de suas próprias feiras de ciências. Os trabalhos são avaliados por comissões constituídas de professores, pesquisadores e profissionais de diversas instituições de ensino e pesquisa do País.

De acordo com o diretor do Espaço Ciência, Antônio Carlos Pavão, o evento é um estímulo para aumentar o interesse dos estudantes em fazer pesquisas científicas. “A feira de ciências é uma revolução pedagógica e o Espaço Ciência dá muita importância a esse tipo de atividade desde que foi fundado”, conta.

Sexta, a partir das 14h, os melhores trabalhos serão premiados com material didático, medalhas, troféus, passagens e diárias para participação em feiras nacionais e internacionais.

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