No ano passado, o Brasil produziu uma montanha de lixo. Foram quase 63 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Para debater e aprofundar uma das temáticas mais importantes da vida nas grandes metrópoles, o JC inicia série de reportagens que segue até o dia 17. Segunda (11), as poucas, porém importantes, experiências de coleta seletiva no Recife
É mais do que absurdo e indignação. É desperdício e inoperância. A foto do menino de Saramandaia, quase engolido pela sujeira do canal, carrega um pouco de todos nós (ver galeria de imagens no final da matéria). É o nosso lixo de cada dia que está ali, espiando os pecados de uma cidade que não aprendeu a tratar seus restos com consciência e cidadania. A confissão de culpa flagrada em cada detalhe. Perpetuada nas milhares de garrafas PET, sacos plásticos, latinhas de refrigerante, na trivial embalagem de margarina. Quase tudo reaproveitável. Não deveria, nem precisava estar lá. De onde veio esse mar de entulhos que, dragado pela maré baixa do Canal do Arruda, sufoca e corrói a infância dos meninos de Saramandaia? Como ele foi parar ali na foto que correu o mundo?