Placas turísticas do Recife são alvo de vandalismo

Secretaria Municipal do Turismo diz que das 508 placas existentes na cidade, 140 estão avariadas
Margarida Azevedo
Publicado em 08/07/2015 às 7:00
Foto: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Quem visita o centro histórico do Recife, nos bairros da Boa Vista, São José, Santo Antônio e Recife Antigo, depara-se com placas turísticas avariadas, pichadas ou sem informação. Ao lados das esculturas de ícones da cultura pernambucana que integram o Circuito da Poesia, o mesmo problema. Um prejuízo para os cofres públicos, uma vergonha para os moradores e um desserviço para os mais de 900 mil turistas que visitam anualmente a cidade.

Segundo o secretário municipal de Turismo, Camilo Simões, o problema não se restringe ao Centro. Existem atualmente 140 placas turísticas alvos de vandalismo na capital. Em maio do ano passado, a prefeitura instalou 508 placas no Recife, num investimento de R$ 840 mil, bancado em parceria com o governo federal. “Não incluo nessa conta as seis vezes que já tivemos que repor o adesivo da placa que tem um mapa no Marco Zero. É um dano imenso não só para a prefeitura, mas também para o cidadão e para o turista”, observa Camilo.



A placa que informa sobre o Parque de Esculturas, criado pelo artista plástico Francisco Brennand nos arrecifes do Porto, está incompleta. Fincada no Marco Zero, ao lado do letreiro com o nome do município (igual ao de Boa Viagem), tem palavras faltando, o que compromete a informação.

Na Ponte Giratória, um das entradas do Recife Antigo, e na Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, o problema se repete, agravado porque não há nenhum texto disponível para leitura. Nas placas constam apenas pichações.

“É ruim para os turistas. Se não tiverem acompanhados de um guia ou de algum morador, voltam para suas cidades sem saber detalhes de monumentos históricos do Recife”, comenta o guia turístico Fábio Gouveia, 48 anos, acostumado a levar grupos de visitantes ao Bairro do Recife.

O vandalismo atingiu também o letreiro do Marco Zero, que até o final desta semana deve ser retirado pela prefeitura para conserto. Fotografado por praticamente todos os turistas que visitam o espaço, o nome Recife sairá de cena temporariamente justo no mês de férias, quando a cidade recebe mais gente de fora.

“O nível de vandalismo no letreiro não permite que deixemos lá do jeito que está pois não podemos colocar a população em risco. Há chapas de aço se soltando. Na letra I até fogo já colocaram, está toda chamuscada. Vamos tapumar, retirar o nome e consertá-lo. Iremos também repetir o que fizemos em Boa Viagem, quando quebraram equipamentos de ginástica. Haverá um aviso informando que o nome foi depredado e o custo disso”, explica Camilo. Ainda não foi fechado o valor do reparo, mas o secretário estima que serão gastos cerca de R$ 25 mil.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
No Marco Zero, placa sobre o Parque de Escultura de Francisco Brennand está incompleta - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
No Marco Zero, placa sobre o Parque de Escultura de Francisco Brennand está incompleta - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
No Marco Zero, placa sobre o Parque de Escultura de Francisco Brennand está incompleta - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Compositor Antônio Maria, na Rua do Bom Jesus, no Recife Antigo, é um ilustre desconhecido - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Compositor Antônio Maria, na Rua do Bom Jesus, no Recife Antigo, é um ilustre desconhecido - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
No Cais da Alfandêga, placa ao lado da estátua de Ascenso Ferreira está sem informação - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Frase pichada no chão, ao lado da estátua de Ascenso Ferreira, no Cais da Alfândega - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Placa na Ponte Giratória foi alvo de pichação - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Placa na Ponte Giratória foi alvo de pichação - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Na Praça Maciel Pinheiro, população não é informada que escultura é da escritora Clarice Lispector - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Na Praça Maciel Pinheiro, população não é informada que escultura é da escritora Clarice Lispector - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Na beira do Capibaribe, João Cabral de Melo Neto está sem identificação - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Das 140 placas avariadas, entre 80 e cem necessitarão de troca total. As demais poderão ser restauradas. Uma licitação está sendo elaborada para realizar as intervenções. A expectativa da prefeitura é que o serviço comece até o final deste ano. “Antes fazíamos o conserto placa por placa. Como aumentou muito a quantidade de depredação, decidimos fazer licitação para executar tudo de uma vez”, justifica o secretário de Turismo.

O Circuito da Poesia, projeto que homenageia com estátuas, em 12 lugares da capital, 12 expoentes da cultura pernambucana, está com avaria em pelo menos quatro exemplares: na Rua do Bom Jesus (Bairro do Recife), ao lado da imagem do compositor Antônio Maria, a placa não tem nenhuma informação. O mesmo acontece com as esculturas do poeta Ascenso Ferreira, no Cais da Alfândega, da escritora Clarice Lispector, na Praça Maciel Pinheiro (na Boa Vista), e de Capiba, na Rua do Sol (Santo Antônio).

A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informa que em fevereiro deste ano concluiu a restauração das 12 estátuas, num investimento de R$ 114 mil. “Mesmo em um curto intervalo de tempo após o reparo, as estátuas sofreram novos atos de vandalismo. São realizadas vistorias permanentes para analisar os danos”, destaca o órgão. A empresa está elaborando orçamento para refazer o trabalho, sem previsão de quando começará o serviço. “Contamos com a colaboração da população para informar à polícia no caso de presenciar alguma ação de depredação do patrimônio público”, pede a Emlurb.

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